"Jovem, parece ser que ainda misturas alhos com bugalhos, é tolerável. Contudo, escreves mostrando-te educado p'la cultura imposta pelos traumatizados do 25 de Abril.
Antes de 60 já Portugal entrava em rota de colisao com os interesses de países como o reino-unido, estados unidos e/ou uniao soviética -entretanto, nao seria má ideia que te debruçasses sobre a convençao de Ialta-, deixando patente o despotismo da ditadura e a pouca consideraçao pelos designios do Portugal futuro, aquele no qual tu vives hoje, perdemos as colónias por culpa dessa carencia de sentidos e os acordos aos quais chegamos foram os menos maus, considerando a debilidade real dum País com a dimensao e importancia que detinha.
Quem fez o 25 de Abril nao foi o partido comunista, este, apenas congregou ou polarizou, sobretudo pela sua génese filosófica, sempre com o povo, os jovens, os trabalhadores ou os intelectuais progressistas, grande parte da populaçao descontente e reprimida, uma populaçao que era tratada como gado ao qual nem sequer se lhe permitia mugir. O partido comunista durante a ditadura ou na etapa do prec, sobretudo o PCP, aquilo que tratou de conseguir foi outorgar aos Portugueses todos os direitos que gozavam os povos mais "civilizados" e livres do globo e eliminar o feudalismo instalado, ainda que sem assassinar ou eliminar seres humanos, algo que fazia a viúva negra de comba-dao.
Hoje, se olharmos para o nosso país desde uma forma retrospectiva, podemos concluir que, antes do 25 de Abril os Portugueses nao tinham direitos, depois do prec, todos, a partir de ai, só, se retiraram direitos aos Portugueses, também a ti, ainda que alguns nem saibas que existiram.
Concluindo, o Português está traumatizado pelo protagonismo do partido comunista no centro da década de 70, traumatizado por que este combateu e ganhou, em conjunto com os Portugueses, a batalha contra o PAI TIRANO (parece que nao sabemos viver sem um pastor, algo lógico nos 30 ou 45 anos seguintes a meio século de rédea curta e chicote proactivo). O desconcerto da populaçao, quando se viu na necessidade de voltar a ser responsável pelo seu futuro, ainda nao acabou, Portugal nao se emancipou individualmente e culpa o PCP por tornar massas em seres humanos livres.
O grande problema foi a falta de preparaçao de grande parte dos Portugueses para assimilar, entender e utilizar essa benesse, e a contaminaçao pelos capitalistas que continuam a governar, resultando numa transferência inadequada ou deturpada da memória aos herdeiros deste decano país.
Os corruptos sao os mais amados, quem nao aceita entrar na corrente, deste rio de detritos éticos, é considerado inadaptado, comunista ou, pasme-se, saudosista."
P.S.- "O fracasso de um “modelo” que se afastou do ideal comunista Esta forma de o PCP compreender a teoria e a prática revolucionária vem de há muitos anos. Tornou-se particularmente imperativa com a derrocada da URSS e do regime existente noutros países do leste da Europa. Estes acontecimentos foram festivamente anunciados pelos propagandistas como prova de que a revolução socialista tinha sido um logro histórico, o fracasso histórico do ideal comunista. Anunciaram em consequência, “a morte do comunismo” e daí logo concluíram e anunciaram alguns a inevitabilidade e próxima morte dos partidos comunistas. Tais ideias, profusamente espalhadas, suscitam algumas considerações fundamentais. Em primeiro lugar, tanto a Revolução de 1917 na Rússia, a formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e a construção da sociedade nova, como outras revoluções de carácter socialista que se verificaram no leste da Europa, na Ásia, na América e com objectivos mais limitados em África, foram assinaladas por extraordinárias realizações, transformações e conquistas progressistas de carácter económico, social, cultural e político que, como atrás foi referido, transformaram no século XX a face do mundo. Em segundo lugar, o que fracassou não foi o ideal comunista, mas um “modelo” de sociedade que em aspectos fundamentais se afastou de tal ideal. Não foram apenas “erros humanos”, embora também o tenha havido, mas uma concepção, uma prática política e um exercício do poder que de facto se afastaram do ideal comunista. Afastaram-se no que respeita à questão central do poder e do seu exercício, substituindo-se o poder dos trabalhadores, o poder popular, por um poder fortemente centralizado cada vez mais distante das aspirações, participação, intervenção e vontade do povo. Afastaram-se no que respeita à democracia sempre justamente proclamada como elemento e valor integrante da sociedade socialista, mas que depois de uma fase revolucionária sofreu na sua vertente política graves limitações de carácter repressivo e infracções à legalidade. Afastaram-se no que respeita às estruturas socioeconómicas e ao desenvolvimento económico com a centralização e estatização excessivas, a eliminação de outras formas de propriedade e de gestão, o desprezo pelo papel do mercado e a desincentivação do empenhamento e produtividade dos trabalhadores. Afastaram-se no que respeita à natureza e ao papel do partido comunista, em que se verificou igualmente uma direcção altamente centralizada e burocratizada, o distanciamento progressivo dos trabalhadores e das massas populares, a fusão e confusão das funções do partido e do Estado e a imposição administrativa de decisões tanto no partido como no Estado. Afastaram-se no que respeita à teoria, por um lado pela cristalização e dogmatização do marxismo-leninismo, por outro lado pela revisão e abandono de princípios essenciais – num caso e noutro pela sua imposição como ideologia de Estado. Estas considerações são de particular importância não apenas para a análise histórica dos acontecimentos, mas como experiência que se impõe assimilar para a definição mais rigorosa dos objectivos futuros dos comunistas para a construção do socialismo. Em terceiro lugar, uma tão grave situação exigia não apenas a correcção de erros pontuais, mas mudança radical nas orientações e uma real reestruturação da sociedade no plano económico, social e político. Consolidando as grandes conquistas revolucionárias, restabelecendo o poder político do povo, instaurando efectivamente a democracia no Estado, no partido e na sociedade, superando a estagnação, aproveitando as potencialidades do sistema sócio-económico muito longe de estarem esgotadas, – impunha-se promover a renovação criativa e o reforço da sociedade socialista. Ao anunciar-se a “perestroika” na União Soviética esses objectivos foram apontados como objectivos fundamentais e isso explica a posição favorável e a atitude solidária que o PCP então adoptou para com o PCUS. Explica também as reservas que desde a primeira hora adiantámos em relação à atitude negativista relativamente ao passado, a novas formulações ideológicas e principalmente às concepções, objectivos, forças e processos contra-revolucionários, visando a destruição do socialismo e a restauração do capitalismo que logo começaram a desenvolver-se à sombra da “perestroika” e que adquiriram extrema gravidade por partirem das mais altas instâncias do poder do Estado e do partido, de dirigentes que traíram os seus compromissos e deveres. A evolução da situação na URSS e países do leste da Europa comprovaram infelizmente as reservas e atitudes do PCP relativamente ao processo em curso da “perestroika”. A derrocada e liquidação da URSS e a catastrófica situação que foi criada nesses países, a mudança da correlação de forças a nível mundial, e o aproveitamento da nova situação pelo imperialismo para tentar de novo impor a sua hegemonia mundial, contra a luta libertadora dos trabalhadores e dos povos, utilizando todas as armas (económicas, financeiras, políticas, diplomáticas, militares), as ingerências, intervenções, agressões e guerras a que diariamente assistimos indicam que não só subsiste como se reforça a necessidade da luta dos comunistas por aqueles objectivos que foram através do século a razão de ser da sua existência e da sua luta. Em quarto lugar, nós, os comunistas portugueses, não tínhamos realizado em todos os seus elementos, e muito menos explicado antes da derrocada da URSS e noutros países do leste da Europa análises e críticas que actualmente fazemos. Tivemos esperança (que os acontecimentos mostraram ser demasiado optimista) numa correcção dos apontados aspectos negativos da evolução e da política nesses países." Excerto da conferência proferida por Álvaro Cunhal a 21 de Maio de 1993, em Ponte da Barca, inserido no ciclo de conferências e debates promovido pela Câmara Municipal local intitulado «Conversas com endereço». Tema proposto a Álvaro Cunhal: «O comunismo hoje e amanhã»."
Hoje, a liberdade, ainda promovendo a opiniao e como tal o usufruto do direito de ser livre, parece um "bicho de sete cabeças" do qual foge grande parte da populaçao, deixando assim o terreno adubado para quem , utilizado-a como escrava, cultive arvores de notas de 500, essas que só consomem, na sua quase totalidade, os corruptos do nosso País.
Abaixo, um excerto do discurso do Camarada Jerónimo de Sousa, um exemplo do totalitarismo do qual acusam o PCP:
"Daqui faço um especial apelo ao empenhamento de todos os camaradas para que participem no debate que se quer franco e aberto sobre os problemas do Partido e do seu reforço, da situação nacional e internacional, sobre os problemas da alternativa, sobre as questões essenciais para garantir um Portugal mais justo e mais democrático.
É com o contributo e o empenhamento de todos que conseguiremos um PCP mais forte, por Abril e pelo socialismo, para responder aos problemas e aspirações dos trabalhadores e do povo. Somos uma grande força que com a energia que resulta das nossas convicções e projecto, transporta a bandeira da esperança e que mostra que Portugal não está condenado às injustiças e ao declínio. Somos uma força que combate a resignação e o fatalismo.
Somos uma força que por todo o país se desenvolve uma actividade intensa, com muitos milhares de militantes a darem o melhor de si num exemplo de participação militante notável e única no panorama partidário português.Não há Partido como o PCP, este partido da classe operária e de todos os trabalhadores. O Partido que conhece e sente os problemas e intervêm para os resolver. O Partido que actua para dar resposta á aspiração a uma vida melhor.
Este Partido portador do ideal e projecto de uma sociedade nova liberta da exploração e da opressão e que com uma determinação sem limites e uma inabalável confiança no futuro se entrega à concretização um país mais justo, mais democrático e mais desenvolvido."
CRN
"Prefiero morir de pie que vivir de rodillas"