Lojas chinesas duplicaram no último ano na praia da Barra
Jesus Zing
praia da barra Proliferação de bazares do oriente está a motivar protestos do comércio tradicional
Hugo Duarte, comerciante na Praia da Barra, está à frente de um mini-mercado que possui também uma secção de bazar. O português não tem papas na língua "No ano passado havia duas lojas de chineses e este ano montaram mais duas". Quatro são muitas num lugar onde os comerciantes se contam pelos dedos. "Já não chegava a concorrência das grandes superfícies", desabafa, enquanto demonstra os resultados da concorrência "chinesa".
"Os chapéus e bonés que temos aqui são todos do ano passado. Não conseguimos vender nada e este ano temos que pedir menos", lamenta-se.
A proliferação das lojas chinesas está a preocupar o comércio tradicional, tanto mais que a Praia da Barra, em termos comerciais, só vive praticamente dos meses de Verão.
"Senti uma quebra muito grande das vendas, qualquer coisa como 50%", diz, ao JN, Maria de Fátima Cardoso. "Acho que uma loja ainda vá, mas tantas numa área tão pequena...", lamenta. "Eu sei que todos precisamos de viver, mas acho isto um exagero. Confesso que já não sei o que fazer", disse.
A sua colega Jaqueline Silva não tem dúvidas. "É mau. Depois que vieram para aqui não vendi nada e nota-se que os outros portugueses também vendem menos", afirma.
Glória Murteira, vive na Barra e já entrou numa loja chinesa. "Gosto mais de ver, nunca comprei grande coisa, apenas uma vez uma roupita. A gente sabe muito bem que eles não têm grande qualidade", referiu.
Blandina de Jesus, da Gafanha da Nazaré, lamenta a invasão chinesa. "Acho muito mal porque estão a tirar clientela aos portugueses. O povo vai lá mas sai enganado".
"Nessas lojas apenas uma vez comprei um travessão para o cabelo porque não o encontrei nos outros sítios", referiu.
Para a doméstica Maria da Graça, as lojas chinesas são o refúgio "de quem não tem poder de compra". "A qualidade não é boa, mas os ordenados que ganhamos não nos deixam ir às boutiques", sentenciou.
"Nada a fazer, se estão legais"
O presidente da Associação Comercial de Aveiro, que engloba o município de Ílhavo, não tem dúvidas. "Não se pode fazer nada. As lojas chinesas estão a funcionar legalmente". Jorge Silva disse que "só haverá um problema de concorrência desleal se esses estabelecimentos estiverem a actuar na ilegalidade". As pessoas "são livres de se instalarem", frisou, salientando que a associação já ofereceu os seus préstimos às Câmaras no sentido de auditar esses estabelecimentos.
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