Ainda a caminho do vitória, fui saudando e cumprimentando camaradas que de antemão confiava encontrar completando o impressionante quadro que de pé também quis pintar. A muitos efusivamente e a outros com um “embalo” que não compreendia contemplar certos formalismos que o meu eu, mínimo, despreza, minuto a minuto, cheguei tarde. No centro de trabalho poucos eram aqueles que permaneciam, mesmo assim, tomando o caminho de engrossar as fileiras do combate às injustiças.
De cabeça jovem(inter), o corpo daquela massa de trabalhadores que conquistava a cada passo as avenidas, o silencio, a luz de um radiante e caro sol que pela frente nos estendia um tapete que cada um pintava de sombra, era a liberdade contoneando-se como tensando e relaxando os músculos, que firmes, como milhares de vontades unidas, erguidas, mais adiante reclamariam justiça.
É certo que, para a generalidade dos Homens, tudo o que não entre nos 1400cm cúbicos do seu mundo se considera zona hostíl. Pois bem, ontem reforcei a certeza que os tais 1400cm são só parte do organismo que é a espécie, essa sim, enorme continente de felicidade. E afinal, que mais queremos? Esta é uma questão complexa.
Assim, na estrada de volta a Madrid, fazendo-me acompanhar de uma cadeia de rádio que penetra quase 300 km. Em território magnético Espanhol, fui ouvindo o sabujo que nos rouba e um dos seus acólitos, que o imitava nessa forma de, algo como regurjalar, discursar que nos agonia. Vinham dizer à população que manifestações como as de hoje eram meras excentricidades, folclore; que agora é que seriamos maiores que Espanha, começando com um IVA 6% mais alto; um corte de 5% em salários que não lembram nem ao, deles, menino jesus, e que, somos o suficientemente valentes e solidários para fiscalmente contribuir com mais uma parte dos nossos salários para o governo (que não estado), sem necessidade de progredir na carreira; que não necessitamos de ajudas de ninguém, nem de luxos, e que por tal se congelam todos os investimentos públicos; que a educação ou a saúde podem muito bem sofrer uns cortezitos devido à já de si esbanjadora garantia que auferimos nesses âmbitos, mas, curiosamente, sem ter escutado qualquer menção à esperada política de reposição dessas mesmas garantias. (Para quê?) Não obstante, fiquei ainda mais preocupado com a velada solução para cumprir as previsões do défice para 2010, tomando conhecimento que, o encaixe 2.400 milhões do fundo de pensões da PT não é mais que outra forma de hipotecar o nosso futuro e o daqueles que virão.
Continuando, depois de duas ou três voltas ao dial, aceitei que era essa, sem conteúdo, a música que devia ouvir até chegar a casa; era a música Espanhola que se impunha em todas as estações, essas que silenciavam a greve que segundo o governo foi apenas secundada por 7% dos trabalhadores. Pensando já em castelhano, vieram-me à memória algumas perguntas que me fazia, como parte que sou do organismo, quando era ainda um jovem, como esses que encabeçavam e acompanhavam a manifestação de Lisboa, como pode a sociedade levar um indivíduo a hipotecar o futuro dos seus filhos (também o seu e o dos seus iguais, mas fundamentalmente, dos seus filhos); como pode alguém ficar em casa numa greve, numa manifestação; como pode alguém tapar os olhos e aceitar, como um borrego, que os sabujos que ocupam o poder os utilizem, oprimam, roubem, gozem, ceifem os direitos e determinem, a anos de distancia, a vida que trazemos ao mundo?
Será tão dificil assumir que os nossos filhos, amanhã, quando adultos, vão sofrer mais cortes sobre os cortes que os muitos papás amedrontados aceitaram por uma moeda que recolheram do chão dos “senhores” que a atiraram?
Sem a luta de todos, também desses que pensam que outros de tal penumbra os livrarão; com a política educativa que se implementou e permitimos, sem exigencia académica; com o demonstrado desprezo pela vida que se traduz no paradigma sanitário que sofremos; sem emprego, não estaremos a contribuir para que os nossos descendentes se tornem dóceis “faxineiros” com 12º ano, num país-praia destes estados unidos da europa, que, como a califórnia, só existirá porque (àparte da irrelevante participação política) será uma forma de que a banca e outros estados, tenham uma colónia onde despejar um ano de frustrações.
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"Num jornal de 30/09
"A receita por quarto disponível para o conjunto dos hotéis da cidade de Lisboa subiu 24,4% em agosto face a igual mês de 2009, para os €53,3. Uma evolução positiva que se ficou a dever, segundo Vítor Costa, diretor-geral do Turismo de Lisboa, a um incremento do turismo de lazer. "As taxas de ocupação subiram, tal como os preços".
Por classes, o crescimento mais significativo ocorreu nos hotéis de cinco estrelas, onde este indicador trepou 53,4%, para €67,8. "Ainda se verificou uma pequena descida dos preços neste segmento, cerca de 2%, mas a ocupação subiu 56%, o que explica esta evolução", afirma Vítor Costa. Um sinal positivo, já que é a taxa de ocupação que explica a diferença entre este indicador e os preços praticados pelos hotéis.
A receita por quarto disponível é uma das principais medidas para avaliar o desempenho das empresas no sector do turismo, traduzindo as receitas por unidade de capacidade disponível, neste caso, por quarto disponível (seja ou não ocupado). Este rácio depende, assim, de duas variáveis: o nível de ocupação dos hotéis e os preços praticados."