domingo, novembro 29, 2009

O prelúdio para o fim do jogo

A economia dos EUA irá entrar numa espiral vertiginosa nos próximos meses e atingirá o seu ponto crítico no fim do primeiro trimestre de 2010 e explodirá no segundo trimestre.

Os maciços milhões de milhões de dólares de estímulo não conseguiram dar a volta à economia. A gigantesca transfusão de sangue pode ter mantido o paciente vivo, mas há numerosos sinais de falência de muitos órgãos.

Vai haver outra vaga de penhoras de propriedades residenciais e, mais importante ainda, de propriedades comerciais no final de Dezembro e inícios de 2010. E as propriedades penhoradas em 2009 vão levar a preços rebaixados quando chegarem ao mercado. Os valores das habitações e estabelecimentos comerciais vão cair a pique. Os balanços dos bancos vão ficar feios e quaisquer que sejam os "lucros registados" nos últimos dois trimestres de 2009 não serão suficientes para cobrir a tinta vermelha adicional.

Perante esta situação, será que o Fed vai continuar a comprar garantias apoiadas em hipotecas para estimular os mercados? O Fed já gastou milhões de milhões a comprar as hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac sem qualquer possível comprador substituto à vista. Por isso, o balanço do Fed é tão tóxico como o dos bancos "demasiado grandes para falir" que socorreu.

Nestas circunstâncias, não faz sentido que haja quem afirme que o pior já passou e que a economia global está a caminho da recuperação.

E o sinal mais seguro de que nada está bem com os grandes bancos, é o recente discurso do presidente do Federal Reserve Bank of New York, William Dudley, em Princeton, New Jersey, quando disse que o Fed vai reduzir o risco duma futura crise de liquidez concedendo um "escudo" a firmas solventes com colaterais suficientes.

Este aviso e garantia merece uma análise mais aprofundada. Primeiro, é uma contradição afirmar que uma firma solvente com colaterais suficientes poderá de facto deparar-se com uma crise de liquidez para justificar a necessidade de um pedido de ajuda ao Fed. Na verdade é o reconhecimento de que os bancos não estão suficientemente capitalizados e que, quando forem atingidos de novo pela segunda vaga do tsunami, não haverá confiança nenhuma.

Dudley disse mesmo que, "o banco central pode funcionar como o prestamista de último recurso… [e isso reduzirá] o risco do pânico estimulado pela incerteza entre os prestamistas quanto ao que outros credores possam pensar".

Para pôr as coisas cruamente, o que ele está a dizer é que o Fed se vai esforçar por evitar a repetição do colapso do Bear Stearns, da Lehman Bros e da AIG. É também uma indicação de que os restantes grandes bancos estão em dificuldades.

É interessante notar que um relatório da Bloomberg no início de Novembro revelou que o Citigroup Inc e o JP Morgan Chase têm vindo a acumular dinheiro líquido. O primeiro quase duplicou o seu stock de dinheiro para 244,2 mil milhões de dólares. No caso do segundo, o amontoar de dinheiro atingiu os 453,6 mil milhões de dólares. Contudo, perante esta acumulação nos principais bancos, o New York Federal Reserve Bank teve que tranquilizar a comunidade financeira de que está pronto a injectar uma liquidez maciça para escorar o sistema.

Não deve surpreender ninguém que o valor do dólar esteja a apontar para o Sul.

Quando as divisas se degradam, aumenta a volatilidade no mercado de acções. Mas os ganhos não compensam os riscos e se ainda existir alguém no mercado, serão varridos no 1º trimestre de 2010. O S&P [2] pode ter aumentado desde o início do ano em mais de 25 por cento mas foi ultrapassado pelo ouro. Os ganhos também ficaram atrás da taxa de inflação oficial dos EUA. Na verdade constituíram um retorno total após inflação de aproximadamente menos de 25 por cento. Quando Meredith Whitney observou que "Não sei o que é que se passa no mercado neste momento, porque para mim não faz sentido", é altura de sair do mercado rapidamente.

Num relatório para os seus clientes a Société Générale [3] avisou que a dívida pública seria enorme nos dois anos seguintes – 105 por cento do PIB no Reino Unido, 125 por cento nos EUA e na Europa e 270 por cento no Japão. A dívida global deveria atingir os 45 milhões de milhões de dólares.

Estas dívidas vão ter que ser pagas um dia. Como é que vão ser pagas?

Se formos atrás do que Bernanke tem andado a pregar e a praticar, significa que será criada mais divisa de papel higiénico para pagar as dívidas.

Em consequência disso, a desvalorização das divisas vai continuar o que agravará ainda mais as tensões existentes entre as economias em competição. E quando os credores se fartarem desta vigarice do papel higiénico, podem esperar reacções violentas!


22/Novembro/2009

sábado, novembro 28, 2009

Poeta castrado não!

Serei tudo o que disserem

por inveja ou negação:

cabeçudo dromedário

fogueira de exibição


teorema corolário

poema de mão em mão

lãzudo publicitário

malabarista cabrão.


Serei tudo o que disserem:

Poeta castrado não!


Os que entendem como eu

as linhas com que me escrevo

reconhecem o que é meu

em tudo quanto lhes devo:


ternura como já disse

sempre que faço um poema;

saudade que se partisse

me alagaria de pena;


e também uma alegria

uma coragem serena

em renegada poesia

quando ela nos envenena.


Os que entendem como eu

a força que tem um verso

reconhecem o que é seu

quando lhes mostro o reverso:


De fome já não se fala

- é tão vulgar que nos cansa -

mas que dizer de uma bala

num esqueleto de criança?


Do frio não reza a história

- a morte é branda e letal -

mas que dizer da memória

de uma bomba de napalm?


E o resto que pode ser

o poema dia a dia?

- um bisturi a crescer

nas coxas de uma judia;


um filho que vai nascer

parido por asfixia?!

- Ah não me venham dizer

que é fonética a poesia!


Serei tudo o que disserem

por temor ou negação:

Demagogo mau profeta

falso médico ladrão


prostituta proxeneta

espoleta televisão.

Serei tudo o que disserem:


Poeta castrado, não!


Ary dos Santos - 1973

sexta-feira, novembro 27, 2009

Sobre os Compromissos

Chama-se compromisso em política ao abandono de certas exigências, à renúncia a uma parte das reivindicações próprias, em virtude de um acordo com outro partido.

A ideia habitual das pessoas comuns sobre os bolcheviques, sustentada pela imprensa que calunia os bolcheviques, consiste em que os bolcheviques nunca aceitam quaisquer compromissos com ninguém.

Tal ideia é lisonjeira para nós, como partido do proletariado revolucionário, pois prova que até os próprios inimigos são obrigados a reconhecer a nossa fidelidade aos princípios fundamentais do socialismo e da revolução. Mas, no entanto, é preciso dizer a verdade: tal ideia não corresponde à realidade.

Engels tinha razão quando, na sua crítica ao manifesto dos blanquistas-comunistas (1873), ridicularizava a sua declaração: «Nenhuns compromissos!». Isto é uma frase, dizia ele, pois é frequente que as circunstâncias imponham inevitavelmente compromissos a um partido em luta, e é absurdo renunciar de uma vez para sempre a «receber o pagamento da dívida por partes». A tarefa de um partido verdadeiramente revolucionário não consiste em proclamar impossível a renúncia a quaisquer compromissos, mas em saber permanecer fiel, através de todos os compromissos, na medida em que eles são inevitáveis, aos seus princípios, à sua classe, à sua missão revolucionária, à sua tarefa de preparação da revolução e de educação das massas do povo para a vitória da revolução.

Um exemplo. Participar na III e IV Dumas foi um compromisso, uma renúncia temporária às reivindicações revolucionárias. Mas isto foi um compromisso absolutamente forçoso, pois a correlação de forcas excluía para nós, por um certo tempo, a luta revolucionária de massas, e para a sua prolongada preparação era necessário saber trabalhar também de dentro de semelhante «pocilga». A história demonstrou que os bolcheviques tinham inteiramente razão, como partido, em tal colocação da questão.

V. I. Lénine
16 de Setembro de 1917

5 segundos

Nem alvorada
Na que me ergo
nem madrugada
na que me perco

nem espuma
de rompante
nem azul
berço de amante

Razão do sol
Da lua cheia do seu amor

Primavera
Verão
Outono
Inverno

Todas as lutas
Vitórias, fracassos
O perseverar
no adeus dos teus passos

quinta-feira, novembro 26, 2009

Entregue à "Guardia Civil" pela Pide

Elegía

(En Orihuela, su pueblo y el mío, se
me ha muerto como del rayo Ramón Sijé,
con quien tanto quería).


Yo quiero ser llorando el hortelano
de la tierra que ocupas y estercolas,
compañero del alma, tan temprano.

Alimentando lluvias, caracolas
y órganos mi dolor sin instrumento.
a las desalentadas amapolas

daré tu corazón por alimento.
Tanto dolor se agrupa en mi costado,
que por doler me duele hasta el aliento.

Un manotazo duro, un golpe helado,
un hachazo invisible y homicida,
un empujón brutal te ha derribado.

No hay extensión más grande que mi herida,
lloro mi desventura y sus conjuntos
y siento más tu muerte que mi vida.

Ando sobre rastrojos de difuntos,
y sin calor de nadie y sin consuelo
voy de mi corazón a mis asuntos.

Temprano levantó la muerte el vuelo,
temprano madrugó la madrugada,
temprano estás rodando por el suelo.

No perdono a la muerte enamorada,
no perdono a la vida desatenta,
no perdono a la tierra ni a la nada.

En mis manos levanto una tormenta
de piedras, rayos y hachas estridentes
sedienta de catástrofes y hambrienta.

Quiero escarbar la tierra con los dientes,
quiero apartar la tierra parte a parte
a dentelladas secas y calientes.

Quiero minar la tierra hasta encontrarte
y besarte la noble calavera
y desamordazarte y regresarte.

Volverás a mi huerto y a mi higuera:
por los altos andamios de las flores
pajareará tu alma colmenera

de angelicales ceras y labores.
Volverás al arrullo de las rejas
de los enamorados labradores.

Alegrarás la sombra de mis cejas,
y tu sangre se irán a cada lado
disputando tu novia y las abejas.

Tu corazón, ya terciopelo ajado,
llama a un campo de almendras espumosas
mi avariciosa voz de enamorado.

A las aladas almas de las rosas
del almendro de nata te requiero,
que tenemos que hablar de muchas cosas,
compañero del alma, compañero.

10 de enero de 1936

Miguel Hernandez

domingo, novembro 22, 2009

sábado, novembro 21, 2009

Desemprego já atinge 696,9 mil portugueses e apenas 350,8 mil recebem subsídio

O INE acabou de publicar os dados do desemprego relativos ao 3º Trimestre de 2009. E esses dados mostram que a situação é pior do que aquela que o governo e os seus defensores pretendem fazer crer, e que as medidas tomadas pelo governo são claramente insuficientes.

No 3º Trimestre de 2009, o desemprego oficial atingia 547,7 mil portugueses. Mas o desemprego oficial não inclui a totalidade dos desempregados. No número oficial de desemprego, não estão incluídos aqueles, que embora na situação de desemprego, não procuraram emprego no mês em que foi feito o inquérito, por estarem, por ex., desencorajados. E também não estão considerados no número oficial de desempregados, todos os desempregados que, para sobreviverem, fizeram um pequeno "biscate", por exemplo de uma hora.

Se somarmos ao desemprego oficial os desempregado que não são considerados no cálculo do número oficial de desempregados, obtemos para o 3º Trimestre de 2009, 696,9 mil desempregados e uma taxa efectiva de desemprego de 12,3% (a taxa oficial é apenas 9,8%, embora na região Norte a taxa oficial seja 11,6%, em Lisboa e Algarve 10,3%, no Alentejo 10,2%), portanto os valores do desemprego efectivo são bastante superiores aos números oficiais de desemprego que são divulgados pelos media.

No fim do 3º Trimestre de 2009, o número de desempregados a receber o subsídio de desemprego era apenas de 350,8 mil, o que correspondia somente a 64,1% do numero oficial de desempregados, e somente a 50,3% do numero efectivo de desempregados.

Isto significa que entre 196,9 mil e 346,1 mil desempregados não recebiam subsídio de desemprego. E daqueles 350,8 mil que estavam a receber o subsídio de desemprego, 112 mil recebiam o subsídio social de desemprego, cujo valor é inferior ao limiar de pobreza (354€ por mês – 14 meses). A medida anunciada pelo 1º ministro na Assembleia da República de redução do prazo de garantia vai apenas permitir a mais 10.000 desempregados receberem subsídio de desemprego. É uma medida claramente insuficiente face à gravidade e à dimensão da situação. É urgente adaptar a lei do subsídio de desemprego à actual situação, o que o governo se tem recusado a fazer.

Outros aspectos graves também ligados ao mercado de trabalho, são a crescente destruição líquida de emprego e a precariedade em que se encontra uma parte numerosa da população empregada. Entre o 3º Trimestre de 2008 e o 3º trimestre de 2009, o emprego total passou de 5.191,8 mil para 5.017,5 mil, o que significa que neste período se verificou uma destruição liquida de emprego calculada em 178,3 mil postos de trabalho, sendo 58,5 mil só no 3º Trimestre de 2009. Por outro lado, a precariedade está a aumentar pois, entre 2005 e 2009, passou de 26,5% para 29% da população empregada, encontrando-se com emprego precário, no 3º Trimestre de 2009, pelo menos 1.452.600 portugueses.

A destruição liquida de emprego tem atingido mais fortemente determinadas profissões. De acordo com os dados divulgados pelo INE, entre o 3º Trimestre de 2008 e o 3º Trimestre de 2009, a destruição liquida de emprego atingiu 178,3 mil postos de trabalho, mas 104,5 mil foram postos de trabalho de "operários, artífices e trabalhos similares", e 79,1 mil de "trabalhadores não qualificados". São fundamentalmente estes dois grupos profissionais que estão a ser mais atingidos pela destruição de emprego. No entanto, interessa já referir, que no 3º Trimestre de 2009 começou a verificar-se destruição líquida de emprego em profissões de escolaridade e qualificação mais elevada. Entre o 2º Trimestre e o 3º Trimestre de 2009, o número de postos de trabalho de "quadros superiores do sector privado e da administração pública" diminuiu em 31,8 mil; o de "especialistas de profissões intelectuais e científicas" reduziu-se em 23,2 mil; e o de "Técnicos profissionais de nível intermédio" a redução atingiu 27,8 mil. Só nestas três profissões, que são de qualificação mais elevada, a destruição líquida de emprego no 3º Trimestre de 2009 atingiu 82,8 mil postos de trabalho. O emprego mais qualificado começou também a ser destruído, pondo-se assim em causa o desenvolvimento do País.

por Eugénio Rosa

(A forma de reduzir os 121% de encargos do estado sobre o PIB, é agora (depois da venda das empresas que tinham vindo a evitar este descalabro), a venda das participações que restam e daquelas que o país ainda detém. Mais uma medida de mote neoliberal, sobretudo se pensarmos que os impostos destas, uma vez na mão do privado, se reduzem de forma quase inversamente relacionada com o preço dos bens que produzem - por exemplo a água. Tudo isto para gerar contrapartidas num valor pouco superior a 10% dos actuais encargos e por isso incapaz de criar figuras positivas no curto prazo. Sendo que, no longo prazo, vai debilitar ainda mais toda a economia, aumentando o número de desempregados sem subsídio, reduzindo as prestações sociais, tais como a saúde ou a educação. Em suma, acentuando a tónica de empobrecimento do Povo.
Fundamental será nacionalizar, sem meiguice, nacionalizar a banca, as grandes empresas, a saúde e a educação, para além de outras variadissimas áreas vitais para o desenvolvimento de Portugal e dos Portugueses, como seguradoras, latifúndios, indústria pesada ou transportes. Para já, começamos com uma diminuição no período de cobertura por desemprego)

A revolução é hoje!

sexta-feira, novembro 20, 2009

Exterminio - Acto I

A mutação

Cientistas Noruegueses detectam mutação no vírus H1N1

Scientists in Norway announced Friday they had detected a mutated form of the swine flu virus in two patients who died of the flu and a third who was severely ill, the most recent report of mutations in the virus that are being watched closely for any change that could make it more dangerous.

This Story
Norwegian scientists detect mutated form of swine flu
Full coverage on the swine flu outbreak
In a statement, the Norwegian Institute of Public Health said the mutation "could possibly make the virus more prone to infect deeper in the airways and thus cause more severe disease," such as pneumonia.

The institute said there was no indication that the mutation would hinder the ability of the vaccine to protect people from becoming infected or impair the effectiveness of antiviral drugs in treating people who became infected.

Scientists have analyzed about 70 viruses from confirmed Norwegian swine flu cases and found the mutation in only those three patients, Geir Stene-Larsen, the institute's director general, said in the statement.

"Based on what we know so far, it seems that the mutated virus does not circulate in the population, but might be a result of spontaneous changes which have occurred in these three patients," the statement said.

A top U.S. health official said the mutation was no reason for alarm.


"I don't think that it yet has the public health implications that we worry about," said Anne Schuchat, director of the federal Centers for Disease Control and Prevention's Center for Immunization and Respiratory Diseases. Schuchat noted that some patients have gotten severely ill, including developing pneumonia, after being infected with strains of the virus without the mutation.

The World Health Organization said viruses with a similar mutation had been detected in several other countries, including Brazil, China, Japan, Mexico, Ukraine and the United States. "No links between the small number of patients infected with the mutated virus have been found and the mutation does not appear to spread," the WHO said in a statement.

The Norwegian institute has been analyzing H1N1 virus from "a number of patients as part of the surveillance of the pandemic flu virus," and has detected several mutations, the statement said. While the existence of mutations is normal, and most "will probably have little or no importance . . . one mutation has caught special interest."

The two patients who had the mutation and died were the first swine flu fatalities in Norway. The third patient found to have the mutated form of the virus also became severely ill.

Several flu experts said that the mutation should not cause widespread alarm. "Influenza is a mutable virus, and changes are to be expected," said Arnold S. Monto of the University of Michigan in an e-mail. "This is typical early in the spread of a pandemic virus."

Scientists around the world have been tracking the virus carefully for any signs that it had mutated into a more dangerous form. While a variety of mutations have been detected, most have not appeared to have affected the virus in any significant way. There have been some mutations that make the virus more resistant to antiviral drugs, experts said, but -- like the mutation that may cause more severe illness -- those, too, seem self-contained.

"It is, at the moment, reassuring that this appears not to be spreading," said William Schaffner, of Vanderbilt University. He said mutations that make episodes of swine flu more severe are most dangerous only if they are "easily transmissible." "That's a different characteristic," Schaffner said. "And apparently that does not appear to have happened to this virus. It does not seem to be spreading in the general population."

Detection of the mutation should be reassuring, Schaffner said, because it illustrates the intensity of the global effort to monitor the virus. "The virologists are keeping an eye on H1N1 and this is evidence of that," Schaffner said. "We should be pleased the virologists are doing such a good job of tracking this flu virus."

The CDC, meanwhile, is investigating a cluster of four cases of patients at the Duke University Medical Center in Durham, N.C., who were found to be infected with H1N1 virus that was resistant to the antiviral drug Tamiflu. All four patients were treated with another antiviral drug, known as Relenza.

The news of virus mutations came as the level of flu activity in the United States appeared to be declining. The number of states reporting widespread flu activity dropped from 46 to 43 in the past week, and had dropped in all 10 regions across the country, the CDC said.

But Schuchat said flu cases were still rising in some states and it was too soon to know whether activity would surge again. Officials were especially worried about the upcoming Thanksgiving holiday, when many people would be traveling and families will be gathering, increasing the chances of the virus spreading.

Nada que não estivesse anunciado, aqui.

Sensibilidade



Sensibilidade

Que sensibilidade me sobe
da passada adolescência?
Que agudeza dos sentidos
me perturba a consciência?

Surge do desencanto
um mundo a que me abandono.
Tranqüilo e caricioso
como um sol de Outono.

A cor, a luz, as formas,
sinto-as de coração novo!
Em tudo desconheço
uma experiência que renovo.

Como quem sai
duma longa doença,
deslumbrado e comovido
pela convalescença.

João José Cochofel

segunda-feira, novembro 16, 2009

sábado, novembro 14, 2009

Semi-Deus?


Flutuando a custo, depois do naufrágio da embarcação na qual trabalhava, o católico maquinista desesperado mas convicto, responde aos marinheiros de um cargueiro que se aproximou para o resgatar: -Agradeço a amabilidade mas não será necessário que me salveis, Deus o fará!

Algumas horas depois, entumecido pelo frio que provoca a asfixia de permanecer submergido durante largos períodos, aproxima-se um veleiro, o qual, lançando-lhe - antes mesmo de se poder aproximar a uma distancia que permitisse o diálogo - uma bóia de salvamento, manobra para recolher o aflito pelo costado de barlavento. Desperto pela agitação que o impacto da cortiça provocara, num giro do olhar, depara-se com uma mão a ponto de o agarrar, exclama este: -Não, não, Deus me salvará. Não!

Havendo demonstrado uma fé cega naquele que escolheu como senhor do seu destino, eis que o ruído de um fora-de-borda reanima um ser já quase sem vida, entregue aos desígnios do seu medo, aquele que o impediu aceitar que, uma vez mais, os pescadores de um arrastão de largo o recolhessem para a lancha de apoio, o que significaria provavelmente romper com a sua incutida crença espiritual.

Acabando por falecer no meio do vasto Oceano, que neste caso nem sequer revelou a sua imensidão se atendermos ao número de oportunidades que este usufruiu por estar numa rota muito navegada, num posterior e surrealista encontro com o seu Deus, ao dar-se conta que havia abandonado o mundo dos vivos (quase todos), interpela o "Criador" com a seguinte questão: -Então Senhor, com a fé que em si depositei, achou por bem deixar-me morrer, não me atendeu quando era necessário, pequei tanto como para merecer este fim?
Num timbre atronador e reductor quanto baste da capacidade de se questionar daquele indivíduo, responde dita divindade: -Três oportunidades, achas pouco?

quinta-feira, novembro 12, 2009

Pórtico

(Diego Rivera)

Outros serão
os poetas da força e da ousadia.
Para mim
— ficará a delicadeza dos instantes que fogem
a inutilidade das lágrimas que rolam
a alegria sem motivo duma manhã de sol
o encantamento das tardes mornas
a calma dos beijos longos.
(Um ócio grande. Morre tudo
dum morrer suave e brando...

Que os outros fiquem com o seu fel
as suas imprecações
o seu sarcasmo.
Para mim
será esta melancolia mansa
que me é dada pela certeza de saber
que a culpa é sempre minha
se as lágrimas correm ...

João José Cochofel

domingo, novembro 08, 2009

Outubro

Rebanho??

Sobre a questão dos chip que o governo pretende obrigar os Portugueses a instalar nos seus automóveis.
Depois das diversas considerações publicitadas pelos distintos partidos, é sem dúvida a do PCP aquela que mais se aproxima à realidade. Contudo, atribuir o motivo da promulgação de mais esta medida de repressão governativa ao objectivo único de cobrar portagens com mais facilidade resulta algo superficial, lembrando quase um bitoque sem ovo.
Além da efectiva possibilidade de tornar mais efectiva e menos dispendiosa, a cobrança dessa dupla tributação que deriva da passagem pelas diversas portagens que cada dia mais proliferam pela nossa paisagem, como que substituindo as oliveiras que a “querida” Europa nos obrigou a arrancar impondo assim mais uma medida no sentido da destruição da nossa agricultura, a incorporação de um artefacto desse tipo naquilo que muitos consideram uma prolongação da sua casa pode interpretar-se de muitas outras formas, sem que que por tal tropecemos em qualquer espécie de teoria conspirativa.
Como questões alarmantes, àparte da mesma lei, poderiamos encontrar mais uma violação da constituição de Abril, enquanto o Povo se estima inocente até prova contrária. Ampliando a perspectiva sobre as múltiples possibilidades de control que um chip pode proporcionar, poderiamos imaginar como seria um país com leitores electrónicos em cada esquina – quando não por satélite -, permitindo perseguir os movimentos de todos aqueles cidadãos que por qualquer motivo se mostrassem contrários à ideologia imperante, daqueles que se negam a negar a sua existencia ou que preterem situar-se dentro do redil imposto pelo imperialismo cada vez mais opressor, e, sem descurar que com essa possibilidade de control, também a efectivação da aplicação de acções repressivas estaria demagógicamente legitimada. Basta supôr que, depois de identificados como subversivos, o seguimento dos Portugueses e a sua interpelação para, através das mais diversas razões, exercer uma coacção legal que poderia até acabar na privação efectiva da liberdade, seria extremamente simples, bastando implementar um sistema de informação similar ao norte-americano.
Por outra parte, temos aspecto económico, o investimento público brutal que mais não serve, e isto segundo a versão oficial do governo, que para permitir aos consórcios que exploram as nossas estradas aumentar a capacidade de espólio dos trabalhadores, mostra como o PS, mais uma vez, assume uma política de “maria vai com as outras”, apostando pelo anti-ambientalista uso do transporte privado em lugar de aplicar estes recursos ao melhoramento da rede de transportes públicos e melhorando a qualidade de vida no nosso país. Em suma, aproveitando mais uma vez os nossos impostos para beneficiar o privado, mesmo em detrimento da população, como “business-as-usual” do nacional corporativismo.
Poderiamos, ainda assim, contrapôr a esta crítica a “magnifica” construção do “RAVE”, que, não sendo “party”, resulta divertida se observarmos com algum cuidado a globalidade do projecto, aceite parcialmente como necessário, dificilmente se justifica em determinados trajectos internos e menos quando o modelo pendular permite poupar vários milhões de euros tão necessários ao desenvolvimento real do nosso caduco, mermado e agonizante tecido productivo, à manutenção da rede sanitária ou à solvência do sistema de cobertura social.
A juntar à vergonhosa aplicação da receita fiscal em prol do privado que efectivamente conduz a política no nosso Portugal, o actual governo, mesmo fomentando o despedimento colectivo assim como destruindo qualquer direito conquistado depois de 48 anos de escravatura, obriga-nos agora a pagar também, dos míseros salários/esmola que trocamos pela vida, o negócio imposto pelos seus patrões.
Contra esta ignominia, é vital potenciar o esclarecimento através da células de trabalhadores nas empresas, incrementar a acção sindical, reafirmando que é possivel mudar, e que hoje, como desde há quase 90 anos, existe a força capaz de o fazer, a nossa força, o Partido Comunista Português.

Vitória após seis anos de duro combate

Resistir compensa!

Ao fim de seis anos de luta e resistência, os trabalhadores da CP receberam finalmente o dinheiro que lhes era devido desde 2003 – nesse ano, o Conselho de Gerência da empresa marcou faltas injustificadas aos trabalhadores que aderiram a uma greve. Esta devolução resulta do protocolo assinado, no início deste ano, entre o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, da CGTP-IN e o Conselho de Gerência da CP.
Num comunicado da célula do PCP no Sector Ferroviário de Lisboa, os comunistas retiram desta vitória algumas lições. Uma primeira, a convicção de que «vale a pena lutar». Perante o «comportamento ilegal» da empresa, os ferroviários empreenderam várias formas de luta. Entre as quais se destaca a continuação da adesão massiva às greves que desde então se realizaram, «enfrentando as ilegais sanções que desde 2003 lhes caíam em cima». Casos houve, recorda-se no documento, em que trabalhadores perderam entre três e quatro dias de remuneração por um dia de greve – pela via de «encostar» a falta «injustificada» às folgas.
Mas esta luta foi mais longe, transpondo os portões da empresa até junto do Ministério dos Transportes, do Provedor de Justiça, dos tribunais.
Uma outra «lição» prende-se com o estado da democracia em Portugal. Concluindo que esta «está doente», a célula comunista acrescenta que os «direitos constitucionais – como o direito à greve – são cada vez menos respeitados nas empresas e locais de trabalho». O facto de esta situação se ter passado numa empresa pública e de terem sido necessários seis anos de luta para que finalmente se resolvesse de forma justa é bastante revelador, considera o PCP.
Avante! - 1875

sábado, novembro 07, 2009

Trepanação

Doente, o médico.
Diferente, a sociedade.
Infantil, os cordeiros.
Feliz, a verdade.

Molde, uma moeda.
Criminoso, o metal.
Perversa, a solidão.
Vital, a identidade.

Mentira, a opulência.
Rebelde, a vontade.
Terapia, o abandono.
Essência, a liberdade.

Inconsciência, a cura.
Amor, o futuro.
Covardia, a luta.
25 anos, a necessaria realidade.

(Anónimo)

Pintas?

(Pipas - Cândido Portinari)

As Solicitações e Emboscadas
Pode-se pintar com óleo
com petróleo
ou aguarrás

Mas pode-se também pintar com lágrimas
silenciosas

No desprezo das horas odiosas
tanto faz


Mário Dionísio

segunda-feira, novembro 02, 2009

Parcial?

"O Homem é sempre parcial e tem muita razão. A própria imparcialidade é parcial, pertence ao partido dos imparciais."

Lichtenberg



Citação de José Manuel Jara, in "O render dos ideais - Políticas do discurso"

domingo, novembro 01, 2009

Pão para a boca

Quando levada a um grau extremo, a pauperização, diminuindo a capacidade de trabalho e pondo em perigo a reprodução da força de trabalho, compromete a continuidade da produção. Daí preocupações e investigações da burguesia e dos seus estadistas, economistas, higienistas e técnicos. Daí estudarem a situação alimentar, fixarem as despesas mínimas que podem permitir às famílias de trabalhadores "manterem as suas condições de saúde e de capacidade de trabalho", organizarem "dietas satisfatórias" — ou seja, em resumo, estabelecerem as rações adequadas à conservação e reprodução de uma mercadoria indispensável no processo de produção.