sábado, outubro 29, 2005

Eles não sabem que o sonho..

São Paulo, Brasil, 28 Out (Lusa) - O escritor português José Saramago a presentou quinta-feira em São Paulo, em estreia mundial, o seu novo livro, "As I ntermitências da Morte", que narra os conflitos provocados pela decisão da Morte de abandonar a sua actividade.

Os actores Dan Stulbach e Leona Cavalli fizeram uma leitura dramática d e um trecho do novo romance e o violoncelista Johannes Gramsch apresentou composições de Johann Sebastian Bach.

A obra do compositor alemão (1685-1750), nomeadamente a "Suite Número 6 ", é citada no novo romance de José Saramago.

"Todos os meus livros partem de uma situação improvável ou impossível, sem excepções. Descobri isso há bem pouco tempo, há uns dois anos", afirmou o escritor.

"Se algum talento tenho, é transformar o improvável e o impossível em algo provável e possível. Quero que gostem desse livro por duas razões: porque el e merece e porque eu mereço", disse Saramago.

O romance mostra como a agitação e alegria provocadas num país imaginário pela reforma da Morte se convertem logo a seguir num motivo de preocupação, p elo impacto político, económico, social e até religioso da nova situação.

O escritor português avançou que seu novo romance é "extremamente divertido" e que fala sobre a morte "e, portanto, um livro sobre a vida".

"No dia seguinte ninguém morreu", assim começa a nova obra do Nobel português da Literatura.

O acontecimento, a ausência de mortes de um dia para o outro, sonho milenar da Humanidade, como explicou José Saramago, converte-se repentinamente numa dor de cabeça para governantes e cidadãos.

"Como o tempo não pararia, as pessoas envelheceriam e ficariam numa situação de velhice eterna", afirmou o escritor no lançamento da sua obra.

Com uma população envelhecida, o governo desse país imaginário não sabe como resolver o problema da Segurança Social, as pessoas deixam de saber o que fazer com uma existência imortal e até a fé cristã fica em xeque, pois sem morte não há ressurreição nem vida eterna, comentou José Saramago.

O escritor revelou que teve a ideia de escrever esta obra ao ler um livro que relatava a morte de um pessoa e começou a pensar no que aconteceria se os homens não morressem.

"O ser humano alimentou sempre a esperança de conseguir a imortalidade, mas sem a Morte a Vida seria um caos", comentou.

Com quase 83 anos, José Saramago disse que ele próprio se sente um pouco na eternidade, mas "felizmente em boas condições".

"Quando nasci, a esperança de vida na minha aldeia era de 35 anos e dentro de três semanas faço 83 anos, por isso já me sinto um bocado a entrar na eternidade", gracejou.

"As intermitências da Morte" estão a partir de hoje nas livrarias brasileiras mas só na próxima semana chegam a Portugal, Espanha e América Latina.

O novo romance segue-se ao "Ensaio sobre a Lucidez", lançado em 2004, e que causou amplo debate por defender o voto em branco como forma de criticar os governos.

José Saramago já publicou neste ano "Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido", peça de teatro que inspirou o libreto de uma ópera do compositor italiano Azio Corghi.

A edição brasileira de "As Intermitências da Morte" foi o primeiro livro lançado no Brasil que obedece às normas de preservação ambiental, divulgou o grupo Greenpeace.

"Apesar do grande estímulo cultural que nos presta, a indústria editorial consome avidamente papel cuja produção estimula a destruição das florestas ", disse Rebeca Lerer, porta-voz do Greenpeace no Brasil.

"Iniciativas como a de José Saramago são provas de respeito, não apenas ao meio ambiente, como a todos nós", disse a porta-voz, num comunicado distribuído à imprensa.

O livro tem o reconhecimento das autoridades ambientais brasileiras de que foi feito a partir de madeira legalizada, o que não gera a destruição de florestas primárias como a Amazónia.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Será?

Conferência assina também o encerramento das comemorações do 50º aniversário da Convenção Cultural Europeia

Ministros da Cultura e membros de Governo de mais de meia centena de países do Conselho da Europa e Norte de África participam quinta e sexta-feira, em Vale de Lobo, Algarve, numa conferência para discutir o futuro do diálogo intercultural.

Sob o título «Diálogo intercultural: os Caminhos do Futuro», a conferência assinala também o encerramento das comemorações do 50º aniversário da Convenção Cultural Europeia, que começaram na Polónia em Dezembro de 2004.

Entre os cerca de 200 participantes contam-se também representantes de várias organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), União Europeia, Fundação Anne Lindh, Centro Norte-Sul, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Fonte do Ministério da Cultura disse à agência Lusa que são esperados os ministros da Cultura da Albânia, Arménia, Bulgária, Croácia, Chipre, Hungria, Irlanda, Lituânia, Mauritânia, Moldávia, Roménia, San Marino, Sérvia, Eslovénia e Ucrânia.

Algumas dezenas de Estados far-se-ão representar por vice- ministros e secretários de Estado.

A reunião realiza-se no âmbito da presidência portuguesa do Comité de Ministros daquele organismo que agrega 48 países europeus, aderentes à convenção.

A organização convidou também países do Magreb, África e Ásia, a título de observadores, como a Argélia, Mauritânia e Azerbaijão.

Na reunião serão assinados vários documentos estratégicos, entre eles a «Declaração de Faro», que incidirão sobre o reforço da cooperação entre os países e as organizações representadas, nas áreas da Educação, Juventude, Cultura, Património e Comunicação.

Segundo o Ministério da Cultura, a escolha do Algarve para esta cimeira visa «imprimir maior visibilidade à região», onde até ao fim do ano está em curso a iniciativa «Faro, Capital Nacional da Cultura 2005».

Aliás, os participantes na cimeira assistirão quinta-feira, no Teatro Municipal de Faro, à exibição da peça «Pedro e Inês», pela Companhia Nacional de Bailado, coreografada por Olga Roriz.

A Convenção Cultural Europeia, assinada em Paris em Dezembro de 1954, define o quadro das actividades do Conselho da Europa em matéria de educação, de cultura, de património, de desporto e de juventude.

Estaremos a necrosar?

1) A superpopulação da Terra que, pela oferta excessiva em contactos sociais, nos impele a todos, de modo fundamentalmente “desumano”, a proteger-nos contra eles e que, alem disso, por meio do amontoamento gregário de muitos individuos em espaços limitados, desencadeia imediatamente reacções de agressão.
2) A devastação do espaço vital natural, que não só destrói o ambiente externo onde vivemos, mas elimina ainda, no próprio homem, toda a reverência perante a beleza e a grandeza de uma criação que o ultrapassa.
3) A competição do homem consigo mesmo, que acelera continuamente o desenvolvimento da tecnologia para a nossa ruina, cegando os homens para todos os verdadeiros valores, e não lhes deixando tempo para se aplicarem à ocupação genuinamente humana da reflexão.
4) O esmorecimento, mediante a efeminação, de todos os sentimentos e afectos viris. Os avanços da tecnologia e da farmacologia estimulam a intolerância crescente contra tudo o que causa o mínimo mal-estar. Deminui assim a capacidade do homem para viver aquelas alegrias que só se obtêm através de árduo esforço na superação dos obstáculos. O movimento de alternância, inspirado na natureza, do contraste entre dor e alegria, baixa de nível nas oscilações imperceptiveis do tédio anónimo.
5) A decadência genética. No interior da civilização moderna – alem do “natural sentimento de justiça” e de muitos principios juridicos veiculados pela tradição – não existem factores que exerçam qualquer exigência de selecção sobre a evolução e a manutenção das normas do comportamento social, embora estas se tornem cada vez mais necessárias com o crescimento da sociedade. Não deve excluir-se a hipótese de que muitos dos infantilismos, que transformam em parasitas sociais grande parte da actual juventude “rebelde”, sao talvez geneticamente condicionados.
6) A rotura da Tradição. Conseguiu assim atingir-se um ponto crítico em que a geração mais jovem deixou de culturalmente se fazer compreender, para não dizermos antes, que deixou de se identificar com a geração mais antiga. Aquela considera-a, portanto, como grupo étnico inimigo e combate-a com um ódio nacional. As razões para semelhante quebra de identificação residem, antes do mais, no deficiente contacto ente pais e filhos – facto que já, no tempo da primeira infância, provoca o amadurecimento de consequências patológicas.
7) O crescimento da entroudinação da humanidade. A multiplicação de homens unificados dentro de um grupo cultural único, de mão dada com o aperfeiçoamento dos meios técnicos para a manipulação da opinião pública, leva a uma uniformização das ideias e concepções, tal como jamais existiu em qualquer outro periodo da história humana. Acontece assim que o efeito sugestivo de uma doutrina firmemente professada aumenta, talvez em progressão geométrica, com o numero dos seus adeptos. Em muitos lugares, já hoje se considera como patológico um individuo que, conscientemente, se subrai aos efeitos dos mass-media, por exemplo, da televisão. As consequências despersonalizantes são saudadas com entusiasmo por todos aqueles que pretendem manipular as grandes massas humanas. A investigação da opinião, a técnica propagandística e as modas hábilmente orientadas coadjuvam igualmente os grandes produtores e burocratas, no poder sobre as massas.
8) O rearmamento da humanidade com armas nucleares arrasta consigo perigos para o homem, mais fáceis de evitar do que os que são originados pelos sete processos acima aduzidos.

Em apoio dos processos de desumanização, que se expuseram desde o 1º ao 7º capitulo, vem a doutrina pseudo-democrática, segundo a qual o comportamento social e moral do homem não é só determinado pela organização do sistema nervoso e orgãos sensoriais, desenvolvidos filogeneticamente, mas exclusivamente influenciado pelo “condicionamento” a que se encontra sujeito no decurso da ontogénese, através do respectivo ambiente cultural.
Simile "In xatoo@blogspot.com"

sexta-feira, outubro 21, 2005

Ora aí está..

Porto - O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu, quinta-feira, no Porto, a ajuda de Portugal na conclusão de um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE).

O chefe de Estado brasileiro estava acompanhado do primeiro-ministro português, José Sócrates. «Portugal é importante motor para as negociações entre nossos blocos regionais e pode ter um papel para a conclusão de nosso acordo», afirmou Lula da Silva na abertura do seminário sobre novos negócios entre empresários brasileiros e portugueses.

Os países integrantes do Mercosul e da UE devem se reunir no início de 2006 para uma tentativa de retomar o processo de negociação do acordo de livre comércio, suspenso há quase um ano. Na última reunião, realizada em Setembro deste ano, em Bruxelas, os blocos apenas reafirmaram a necessidade de uma relação estratégica.

A primeira tentativa de acordo entre os dois blocos foi em Maio de 2004. Na época, Mercosul e UE apresentaram ofertas consideradas insatisfatórias pelos dois grupos e comprometeram-se a aprofundar concessões recíprocas. No discurso na cidade do Porto, o Presidente brasileiro lembrou que o acordo precisa ser «equilibrado» para os dois lados.

Ai Portugal Portugal!

Porto - O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu, quinta-feira, no Porto, a ajuda de Portugal na conclusão de um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE).

O chefe de Estado brasileiro estava acompanhado do primeiro-ministro português, José Sócrates. «Portugal é importante motor para as negociações entre nossos blocos regionais e pode ter um papel para a conclusão de nosso acordo», afirmou Lula da Silva na abertura do seminário sobre novos negócios entre empresários brasileiros e portugueses.

Os países integrantes do Mercosul e da UE devem se reunir no início de 2006 para uma tentativa de retomar o processo de negociação do acordo de livre comércio, suspenso há quase um ano. Na última reunião, realizada em Setembro deste ano, em Bruxelas, os blocos apenas reafirmaram a necessidade de uma relação estratégica.

A primeira tentativa de acordo entre os dois blocos foi em Maio de 2004. Na época, Mercosul e UE apresentaram ofertas consideradas insatisfatórias pelos dois grupos e comprometeram-se a aprofundar concessões recíprocas. No discurso na cidade do Porto, o Presidente brasileiro lembrou que o acordo precisa ser «equilibrado» para os dois lados.


domingo, setembro 18, 2005

Hidrogénio «made in» Portugal

O nome pode enganar, mas trata-se de um produto inteiramente português. Pilhas de combustível a hidrogénio H Way de 150 w - que utilizam uma tecnologia revolucionária desenvolvida e produzida pela empresa Soluções Racionais de Energia (SRE) - vão ser colocadas no mercado no final deste mês.

No imediato, estas pilhas a hidrogénio têm como grande potencial servirem de «back up» para outras fontes de energia como a fotovoltaica ou a eólica. É o que vai acontecer no sistema de vigilância das Auto-estradas do Atlântico situado no Alto de Montachique, uma zona isolada onde fazer chegar a rede eléctrica teria um custo demasiado elevado. Unidades de protecção civil, bombeiros, forças de segurança poderão igualmente utilizá-las para situações de falta de fornecimento da EDP. A náutica de recreio é o outro «público-alvo» deste produto, indica o engenheiro Campos Rodrigues, um dos sócios fundadores da SRE, sediada em Torres Vedras.

Uma das grandes vantagens do hidrogénio é a elevada facilidade de armazenamento, que lhe confere alguma portabilidade. Um quilo de hidrogénio - quantidade que se consegue produzir por electrólice a partir de 10 litros de água - contém o equivalente de energia existente em 40 baterias de automóvel, esclarece Campos Rodrigues. As pilhas funcionam com «garrafas» de hidrogénio acopladas que podem ser substituídas sempre que necessário, o que lhes permite funcionar em continuo.

A nível internacional, com o cenário da escassez dos combustíveis fósseis e do seu pesado impacte ambiental, o hidrogénio apresenta-se como uma das alternativas energéticas a curto/médio prazo. Os Estados Unidos, assim como diversos outros países, têm estado a investir fortemente na investigação nesta área. O sector automóvel será um dos seus óbvios utilizadores e os fabricantes estão a desenvolver os seus protótipos, mas ainda falta ultrapassar algumas limitações técnicas (em especial, quanto ao aumento da capacidade de armazenamento de hidrogénio) e não é expectável que os veículos a hidrogénio comecem a surgir no mercado antes de 2010.

Futuramente o hidrogénio poderá também vir a ser utilizado como complemento de outras fontes de energia renováveis em locais como habitações e condomínios.

Campos Rodrigues defende que esta deveria ser uma área prioritária para Portugal apostar, nomeadamente, criando programas de apoio à investigação, uma vez que o hidrogénio poderá contribuir para nos libertar da nossa dependência energética. «Há cerca de um mês, o nosso primeiro-ministro afirmou: 'Vamos construir o cluster do eólico'. Isso fazia sentido ter sido dito há vinte anos quando o custo de oportunidade ainda era relativamente barato. Hoje, aquilo que a indústria portuguesa consegue meter num gerador eólico é a torre onde o gerador é colocado», afirma o engenheiro da SRE. «Tenho muito medo de daqui a 20 anos ouvir o nosso primeiro-ministro dizer o mesmo em relação ao hidrogénio», acrescenta.

Quanto às pilhas a hidrogénio H-Way 150 w, serão lançadas durante o seminário da Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias, a 29 de Setembro no INETI, e no início de Outubro a SRE apresenta-as no 9º Simpósio de de Células de Combustível de Grove, em Londres. A meta, explica Campos Rodrigues, é implementar o produto em dois ou três países europeus(onde esta tecnologia ainda se encontra mais atrasada) nos próximos anos e, de seguida, chegar aos Estados Unidos. Só assim a SRE se tornará um «player» na indústria do hidrogénio, de outro modo não conseguirá, sequer, sobreviver.

quarta-feira, agosto 31, 2005

O tal virus do planeta está na sua fase metamórfica!

Você é um ser humano ou um rato?



Jeremy Rifkin *

Guardian



O que acontece quando se cruza um humano e um rato? Parece o começo de uma piada de mau gosto mas, de facto, trata-se de uma experiência séria recentemente empreendida por uma equipa encabeçada por um reconhecido biólogo molecular, Irving Weissman, na Universidade de Stanford.



Cientistas injectaram células de cérebro humano em fetos de ratos, criando uma espécie de ratos que são aproximadamente 1% humanos. Weissman está a considerar dar continuidade ao projecto, o que produziria ratos cujos cérebros seriam 100% humanos.



O que aconteceria se os ratos fugissem do laboratório e começassem a proliferar? Quais seriam as consequências ecológicas de existirem ratos que pensam como seres humanos, correndo soltos pela natureza? Weissman diz que manteria os ratos sob rédea curta, e que se mostrassem qualquer sinal de “humanidade”, ele os mataria. Muito encorajador…



Experiências como essa que produziu um rato parcialmente humanizado esticam os limites de os humanos mexerem na natureza atabalhoadamente, a um patamar patológico.



O novo campo de pesquisa, na vanguarda da revolução biotecnológica, é chamado de experimentação quimérica. Investigadores em todo o mundo estão a combinar células humanas e animais e a dar origem a criaturas quiméricas que são parte humanas, parte animais.



A primeira experiência quimérica ocorreu há muitos anos, quando cientistas em Edimburgo fundiram um embrião de carneiro com um de cabra — duas espécies animais não relacionadas que são incapazes de serem cruzadas naturalmente e de produzir uma cria híbrida. A criatura resultante, chamada de geep (N. do T.: contracção do inglês “goat” — cabra – e “sheep” — carneiro), nasceu com a cabeça de uma cabra e o corpo de um carneiro.



Agora, cientistas estão a treinar os seus olhares para quebrar o último tabu do mundo natural — cruzar humanos e animais para criar novos híbridos humano-animais. Além do rato humanizado, cientistas já criaram porcos com sangue humano e carneiros com fígados e corações que são, em grande parte, humanos.



As experiências são concebidas para fazer avançar a investigação médica. Com efeito, um número crescente de engenheiros genéticos argumentam que os híbridos humano-animais conduzirão à idade de ouro da medicina. Investigadores afirmam que quanto mais humanizados puderem tornar esses animais de pesquisa, tanto mais serão capazes de modelar a progressão de doenças humanas, testar novos medicamentos, e colher tecidos e órgãos para transplante. O que esquecem de mencionar é que existem alternativas igualmente promissoras e menos invasoras a essas experiências bizarras, incluindo os modelos de computador, a cultura de tecidos in vitro, a nanotecnologia e as próteses para substituir o tecido e os órgãos humanos.



Alguns investigadores estão especulando sobre quimeras de humanos e chimpanzés — para criar o humanzé. Esse seria o animal ideal para pesquisas de laboratório, já que os chimpanzés estão tão próximos de nós, humanos. Os chimpanzés compartilham 98% dos genomas humanos, e um chimpanzé maduro apresenta as habilidades mentais equivalentes às de um ser humano de quatro anos de idade.



A fusão de um embrião humano e de chimpanzé — segundo os investigadores, algo perfeitamente factível — poderia produzir uma criatura tão humana que as questões relativas à sua condição moral e legal lançariam 4.000 anos de ética no caos. Tal criatura mereceria ter os seus direitos humanos reconhecidos? Será que teria que passar algum teste de “humanidade” para conquistar a sua liberdade? Seria forçada a executar trabalhos servis ou usada para desempenhar actividades perigosas?



As possibilidades são estarrecedoras. Por exemplo, e se as células-tronco humanas — as células primordiais que se transformam nos cerca de 200 tipos de células do corpo — fossem injectadas no embrião de um animal e se espalhassem, através do corpo do animal, para cada um dos seus órgãos? Algumas células humanas poderiam migrar para os testículos e ovários, onde poderiam gerar espermas e óvulos humanos. Se dois dos ratos quiméricos cruzassem, poderiam, potencialmente, conceber um embrião humano. Se o embrião humano fosse removido e implantado no útero de uma mulher, os pais biológicos do bebé humano teriam sido ratos.



Por favor, queiram compreender que nada disso é ficção científica. Espera-se para o próximo mês a divulgação oficial de uma directriz sobre investigação quimérica pela National Academy of Sciences, o corpo científico mais respeitado dos EUA, antecipando um alvoroço de novas experiências no florescente campo da experimentação quimérica humano­‑animal.



Os biotécnicos já estão a desobstruir o caminho moral para as experiências quiméricos humano­‑animais, argumentando que uma vez que uma sociedade supera o factor repulsa, a perspectiva de novas criaturas parcialmente humanas tem muito a oferecer à raça humana. E, naturalmente, isso é exactamente o tipo de raciocínio que foi apresentado para se justificar o que está a tornar­‑se uma jornada no admirável mundo novo, no qual toda a natureza pode ser impiedosamente manipulada. Mas agora, com as experiências humano­‑animais, colocamos em risco até a destruição da integridade da nossa própria espécie biológica, em nome do progresso humano.



Com a tecnologia quimérica, os cientistas têm o poder de rescrever a saga evolucionária — para salpicar partes da nossa espécie no resto do reino animal, assim como fundir partes de outras espécies com o nosso próprio genoma e até mesmo criar novas sub-espécies e super-espécies humanas. Será que estamos na cúspide de um renascimento biológico ou plantando as sementes da nossa destruição?



_________

* Jeremy Rifkin é o autor de The Biotech Century (O Século Biotecnológico).

domingo, junho 26, 2005

Lisboa..

PS e PSD entendem-se bem:
Um dia depois de ter vindo à baila (“Público”,pág.58 de 24/Junho) mais uma bronca com os ordenados dos gestores públicos, onde por exemplo a vereadora do Urbanismo da Câmara de Lisboa Eduarda Napoleão que acumula cargos com a empresa municipal Ambélis (imcumbida da obscura tarefa de “promover o desenvolvimento económico de Lisboa”) , em conjunto ganha (ordenados no total de 116 mil euros= + de 2000 contos mês, a que se acrescenta um lugar na administração da EPUL com mais 5750 €/mês) muito mais do que o próprio Presidente da Republica, o que é proibido por lei (Lei 29/87) alem de impedir Sampaio,coitado, de não poder acumular tachos pela natureza da função que exerce!,,,(ufa! haja fôlego),,,,,,a CML fechou os olhos ao inicio da demolição da casa onde viveu Almeida Garrett,,, contra o parecer do IPPAR e de diversas associações cívicas de lisboetas,ordenada pelo seu actual proprietário, Manuel Pinho, actual ministro da Economia do governo PS, apesar de ainda não haver licenciamento para o inicio das obras,,,(coisa de profissionais pois o início da demolição verifa-se a um sábado, dia em que a fiscalização é praticamente inactiva). A vereadora do Urbanismo Maria Helena Casadinho Napoleão é formada em Artes Plásticas, portanto uma "artista", cujas aptidões pesaram decerto na decisão de trazer para Lisboa a ex-vereadora da Câmara Municipal da Figueira da Foz pelo doutor Santana do Lopes.A ironia está em a doutora Napoleão ter sido anteriormente vice-presidente do Instituto Português do Património Arquitectónico. Efectivamente,,,,,,lá estava ali em Campo de Ourique na Rua Saraiva de Carvalho nº 78, a tabuleta – “"No dia 9 de Dezembro de 1854 falleceo n'esta casa o poeta portuguez Visconde D'Almeida Garrett"Com a demolição deste património deviam-se tambem “demolir” as intenções de voto em Carmona Rodrigues e/ou no auto-suspenso Carrilho,,, um deles o senhor que se segue aos que já estão.

terça-feira, junho 21, 2005

Shishmaref

A ilha onde está a povoação de Shishmaref está a perder entre a quatro a sete metros de terra por ano para o mar. O gelo derrete-se, as tempestades são cada vez mais frequentes e o subsolo antes permanentemente congelado a começar a transformar-se em água, a aldeia esquimó de Shishmaref, no Alaska, está a preparar-se para mudar de sítio nos próximos quatro anos.
Em cima de uma barreira muito estreita no mar de Chukchi, a povoação tem apenas 600 habitantes que todos os dias veêm as ondas cada vez mais próximas da porta de casa. O terreno onde está já encolheu tanto que se tornou num caso de estudo sobre os efeitos das alterações climáticas. Esta será a primeira comunidade a mudar-se devido ao aquecimento global. As temperaturas no Alaska subiram uma média de 4,4 graus nos últimos anos, o que contribui para o degelo e, consequentemente, para a subida do nível do mar.
A erosão nesta ilha é tão dramática que os planos de mudança implicam uma deslocalização para o interior do continente a cerca de 22 kilómetros do sítio onde estavam. Se virem tempestades mais fortes, a acção terá de ser antecipada.
No total 184 aldeias de Inuits, o povo esquimó do Alaska, correm os mesmos graves riscos.

domingo, junho 19, 2005

"Einstein era considerado peligroso porque se mostraba solidario con la clase de causas que apoyaban los comunistas", explicó la doctora. Ellen Schrec

Tambêm pensava Einstein que...“A anarquia econômica da sociedade capitalista tal qual existe hoje é, em minha opinião, a real fonte do mal....“Chamarei de ’trabalhadores` todos aqueles que não compartilhem da posse dos meios de produção... Na medida em que o contrato de trabalho é ’livre`, o que o trabalhador recebe é determinado não pelo real valor dos bens que produz, mas pelo mínimo de que necessita e pela busca dos capitalistas da força de trabalho em relação ao número de operários competindo por empregos.“.. sob as condições existentes, capitalistas privados inevitavelmente controlam, direta ou indiretamente, as principais fontes de informação (imprensa, rádio, educação). É assim extremamente difícil e, na verdade na maior parte dos casos, realmente impossível para o cidadão chegar a conclusões objetivas e fazer uso inteligente de seus direitos políticos.“A produção obedece à lei do lucro, e não se destina ao uso. Não tem a preocupação de que todos aqueles capazes e dispostos a trabalhar sempre tenham condições de encontrar emprego; um exército de desempregados quase sempre existe...“A invalidação do individuo, eu a considero o pior dos males do capitalismo... Inculca-se no estudante uma atitude competitiva exagerada, instruindo-o a adorar o êxito aquisitivo...“Estou convencido de que há apenas um (itálico no original) meio de eliminar estes graves males, ou seja, através do estabelecimento de uma economia socialista, acompanhada de um sistema educacional voltado para metas sociais. Em tal economia, os meios de produção são possuídos pela própria sociedade e utilizados de forma planificada. Uma economia planificada, que ajusta a produção às necessidades comunitárias, distribuiria o trabalho a realizar entre todos aqueles capazes de trabalhar e garantiria a subsistência a todo ser humano. A educação do indivíduo, além de promover suas próprias habilidades inatas, empenhar-se-ia em nele desenvolver senso de responsabilidade por seus semelhantes em lugar da glorificação do poder e do sucesso de nossa presente sociedade.”

quinta-feira, junho 16, 2005

O Egas Moniz foi Nobél!

Political lobotomy is so dangerous an operation that it creates only freaks with primary democratic characters



Perhaps all great powers, shooting ahead in the race of history (of course in their own opinion), strove to make happy the rest of the world by sharing the secret of their success.



Some peoples followed a prophet nation voluntarily, imitating studiously even its gait. The rest experienced a forcible political lobotomy, straightening their brain convolutions in the right direction to their own good. Ancient Rome experimented on all known to the Romans barbarians until the patients got finally tired of it. Freedom-loving France imposed stubbornly the Code Napoleon on all Europe until the Russian Cossacks made a visit to Paris. Mercantile London on the top of its might wanted to turn everyone around into tradesmen, grocers and money-changers - even a celestial, dreamer and philosopher Gandhi. Lenin and Trotsky would have liked to see the whole humanity singing enthusiastically the Internationale. Nazi Germany in search of the superman measured skulls and straightened the brain convolutions of the neighbors with tanks.



Alas, but the same sin, the impatient desire to make over every one after their own fashion, inheres in "the Empire of Good", the USA. It was patent in Vietnam, it is overt in Iraq. The undertaking is hopeless as a matter of fact: the convolutions tend to resume their own form even after the hottest ironing.



The explanation of the phenomenon is so obvious that it had already occurred to Herodotus, who noted in his History: "If one should propose to all men a choice, bidding them select the best customs from all the customs that there are, each race of men, after examining them all, would select those of his own people." Maybe it explains why the Turkmen, for example, having rid themselves of the Soviet supervision, didn't go forward but returned to their past, to the customs - which are exploited (not without some talent) by cunning Turkmen-bashi.



In short, the export of democracy is as hopeless as the export of the World Revolution. What is more, this lobotomy is so dangerous an operation that it creates only freaks with primary democratic characters.



It's quite impressing that USA doesn't get it so far. American politicians try hard to compete with Evolution. Color revolutions, supposed to promote democracy, every time entail quite naturally something different from what has been expected by the organizers. Now EU finds that Georgian president has manners of a petty banana dictator, then Kyrgyzstan' revolutionary democrats, after having barely gone to the streets, turn into vulgar pillagers.


As the ancient Romans before them, Americans believe sincerely that they are the people which example should be followed by the rest of humanity. This belief is childlike, but the naivety of the superpower is not that safe. It's good that there are Americans who understand it well and have honesty and humor to poke fun at the narcissism of their compatriots.



It's not easy to grow a viable democracy in the contemporary world. It's not without reason that among hundreds of formally democratic countries less than a dozen can boast of political, social and economic stability. I won't expatiate upon moral health of these well-nourished lucky ones.



So the seeds of democracy should be handled at least prudently. For a start it makes sense to foreknow the soil and the climate of a country where the democracy tree is supposed to sprout up. Americans at first boldly throw a seed over an ocean - as far as to Caucasus - and then, having encountered problems, they try to reanimate it, when a seed has already withered long since and has become natives' totem to which a formally democratic president and a formally democratic parliament solemnly lay flowers on camera. In other words the result is not a democracy but a kind of the plastic turkey with which G.W. Bush once regaled his soldiers in Iraq.



If only to recall how many lives and resources were wasted only in Iraq, it becomes clear that Evolution is more economical, intelligent and, chiefly, humane.



"The Empire of Good" regards its own sins in cold blood, though. And it will in the future. Until it collapses under the weight of the own arrogance; as it happened to other empires in the past.



As long-livers noticed: "Today Caesar, tomorrow nothing".



Pyotr Romanov

RIAN

Somos hoje o País de Abril?

Portuguese Communist Party loses the man but not the dream
06/14/2005 18:11
Today's world is a vindication and justification of the ideals of everything which Alvaro Cunhal represents.
Alvaro Cunhal died at dawn on 13th June at 91 years of age, having spent three quarters of a century fighting for human rights, for freedom, for democracy and against Fascist and reactionary forces. His legacy is visible today because his dreams continue to be alive amongst us, his ideals are more and more relevant and his word more the truth today than ever before.Today's world is a vindication and justification of the ideals of everything which Alvaro Cunhal represents and the guidelines of his Project continue to be relevant and pertinent. At a time when public services enter in collapse in the capitalist-monetarist world, at a time when the forces which detain power launch murderous attacks across the globe as they try to grab its resources by the throat, at a time when western society stands at a crossroads not knowing which way to turn, searching for values, the path which Alvaro Cunhal showed us makes more sense.Alvaro Cunhal represents an ideal in which the State provides free and high quality services in the areas of education and health, free and guaranteed housing, a society with all the capacities to provide social mobility, decent wages, decent pensions, decent values, safe streets and a constant upgrading of the cultural and professional level of the people - the Communist ideal for which he fought so hard.He was born in Coimbra in 1913 but it was in Lisbon, at the Faculty of Law, that Alvaro Cunhal began his revolutionary activity. Member of the Portuguese Communist Party since 1931, he was elected Member of the Student Senate in 1934 and one year later, General Secretary of the Federation of Young Communists, participating in the Fourth World Congress of Communist Youth in Moscow.In 1937 and in 1940, he was arrested, the second time being brutally tortured by the Fascist authorities of Dr. Antonio de Oliveira Salazar, going underground to reorganize the party in 1940/41 and becoming Member of the Secretariat of the Portuguese Communist Party between 1942 and 1949, when he was jailed again, spending 11 years in prison and again suffering horrendous acts of torture. However they never broke his will or determination and he remained faithful to his comrades and to his ideals to the end.In 1960, he escaped from Peniche prison and went abroad, liaising with political figures from other countries, keeping the PCP alive in Portugal, being elected General Secretary in 1961.Back in Portugal for the Revolution of 25th April 1974, he was Minister without Portfolio in the first four governments, being elected to the Constituent Assembly in 1975. He was elected Member of Parliament (Republican Assembly) in 1976, 1979, 1980, 1983, 1985 e 1987 and he was also a member of the Council of State.In 1992, in a process of renovation of the party's structures, Alvaro Cunhal passed the post of General Secretary to Carlos Carvalhas (the post is now held by Jeronimo de Sousa) and was nominated President of the National Council of the PCP.Alvaro Cunhal leaves a vast range of publications, both in the political and literary areas.Alvaro Cunhal was, and will always continue to be, an example of dedication, political coherence, courage, wisdom, honesty, respect for mankind and for human values and love for his people. If only the political class of today were to take a leaf from his book, we would be living in paradise.
Timothy Bancroft-HincheyPravda.Ru

As conquistas da Revolução - por Jorge Leitão Ramos "in Expresso"

Na semana em que morreram Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal voltou a ouvir-se gritar pelas ruas «25 de Abril Sempre!» e muito se falou das «conquistas da Revolução». Mas será que essas conquistas existem?

A pergunta poderá parecer insensata para quem conheceu Portugal antes de 1974, mas há muita gente viva e adulta para quem as várias facetas da palavra liberdade são simples experiências naturais do quotidiano - tão naturais que, tal como o ar que respiramos, parecem decorrer do facto de estarmos vivos. E não é assim...

Na pequena caixinha que diz respeito ao cinema, nunca é demais lembrar que o 25 de Abril de 1974 trouxe o fim da Censura. A Censura significava, claro, filmes que não podíamos ver, outros que só podíamos ver com cenas cortadas - mas, no fundo, significava mais que isso: significava que todos éramos seres tutelados, sem discernimento capaz para escolher do que devíamos ou não ver, crianças eternas. Um estatuto de menoridade sem remissão. Mas a Revolução de Abril não trouxe simplesmente o fim da Censura. Não foi um castelo que desabou e pronto. A Revolução de Abril trouxe a proibição da Censura - ou seja, não é permitido pela lei portuguesa que alguém mutile um filme e o dê a ver assim, seja por que motivo for. Nós não temos apenas o direito de ver filmes inteiros, a letra da lei não consente que seja de outro modo.

Lembrei-me disto, agora que o Presidente Bush acaba de assinar um projecto de lei que autoriza editores de DVD a formatarem os filmes de modo a torná-los aptos para toda a família, ou seja eliminando tudo o que possa causar embaraço aos puritanos - e isto, evidentemente, sem dar contas aos realizadores. O argumento utilizado para a aprovação de tal medida foi - pasme-se! - que os lucros dos produtores não seriam postos em causa e que, portanto, não haveria prejuízo para ninguém. Nos Estados Unidos é, assim, possível adquirir DVD's com filmes de onde foi abolida toda a linguagem rude, toda a nudez, toda a violência explícita, todo o conteúdo verbal ou icónico que tenha relação com sexo. Veja-se em (www.cleanflicks.com) uma parte do que já está disponível.

Em Portugal isto não era possível - a lei não tolera malfeitorias destas. Quem pensa que o 25 de Abril nos trouxe apenas uma democracia burguesa de tipo ocidental está muito enganado. Foi muito mais - é muito mais - que isso.




Jorge Leitão Ramos

segunda-feira, junho 13, 2005

Obrigado e até já!

Álvaro Barreirinhas Cunhal, nascido em Coimbra em 10 de Novembro de 1913, faleceu hoje aos 91 anos comunista como resolveu sê-lo aos 17 anos.

O funeral do líder histórico do PCP, Álvaro Cunhal, realiza-se quarta-feira às 15h00 em Lisboa. O corpo estará em câmara ardente a partir de terça-feira ao final da tarde, em local a anunciar pelo PCP.

A vida de Álvaro Cunhal confunde-se com a do Partido Comunista Português, para o qual foi sempre uma referência, mesmo depois de ter cedido a sua cadeira de secretário-geral, em Dezembro de 1992.

O pai de Álvaro, Avelino Cunhal, era advogado de província tendo chegado a governador civil da Guarda. Fez a primária em casa, mas aos 11 anos a família mudou- se para Lisboa, tendo estudado nos liceus Pedro Nunes e Camões. Em 1931, com 17 anos, ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa e, eleito representante dos estudantes de Lisboa no Senado Universitário, a sua primeira proposta foi acabar com a Mocidade Portuguesa.

No mesmo ano filiou-se no PCP, entrou para a Liga dos Amigos da URSS e do Socorro Vermelho Internacional e depressa subiu os degraus da organização do partido. Em 1935 já era secretário-geral das Juventudes Comunistas e, no ano seguinte, entrava para o Comité Central, que o enviou a Espanha, onde viveu os primeiros meses da Guerra Vivil, uma

experiência que inspirou o seu romance «A Casa de Eulália». Aos 24 anos, em 1937, sofre a primeira prisão, no Aljube e Peniche. Por questões políticas foi obrigado ao serviço militar (início de Dezembro de 1939) na Companhia Disciplinar de Penamacor, mas por motivos de saúde a junta militar dispensou-o pouco depois. Em Maio de 1940 foi novamente preso.

Estudou na cela e foi à Faculdade, sob escolta policial, defender a sua tese (100 páginas, confiscadas depois pela PIDE) sobre a realidade social do aborto e a sua despenalização. Os examinadores Paulo Pita e Cunha, Cavaleiro Ferreira e Marcelo Caetano (que vieram a integrar o consulado de Salazar) deram-lhe 19 valores.

Em 1941, trabalhou como regente de estudos no Colégio Moderno, a convite de João Soares (pai), e chegou a dar explicações a Mário Soares, mas no final desse ano passa à clandestinidade. Até 1947 conseguiu pôr de pé o partido, restabelecer as relações com a Internacional Comunista (interrompidas em 1938) e ganhou todos os «desvios internos», sendo mesmo o responsável pelo relatório político apresentado no II e IV Congressos.

Preso de novo pela PIDE em 1949, é levado a julgamento e condenado a quatro anos de prisão maior celular, seguida de oito anos de degredo. Na prisão escreve e desenha. Esteve mais de oito anos isolado numa cela. «Quando se tem um ideal o mundo é grande em qualquer parte», lembraria mais tarde.

A 3 de Janeiro de 1960 foge com outros camaradas do Forte de Peniche, uma fuga espectacular e segue-se novo período de clandestinidade. No ano seguinte é eleito secretário-geral (cargo vago desde 1942) do Partido Comunista Português. Mesmo vivendo no exílio, Cunhal entrou e saiu várias vezes do país e consegue publicar, em 1964, o «Rumo à Vitória», cujas teses ainda perduram no núcleo duro do PCP.

Cinco dias após o 25 de Abril de 1974, Cunhal regressou a Lisboa, vindo de Paris, para a 15 de Maio tomar posse como ministro sem pasta no governo provisório. Entre 1975 e 1992 foi deputado à Assembleia da República, mas só por curtos períodos ocupou o lugar na sua bancada.

Em 1982, torna-se membro do Conselho de Estado, cargo que abandonou em 1992, quando também cedeu a liderança do PCP a Carlos Carvalhas para passar a presidente nacional do Conselho Nacional do partido, um cargo criado à sua medida e extinto anos depois.

Passou incólume aos desaires internos: o «grupo dos seis» e a «terceira via» em 1986; em 1988 o caso Zita Seabra, que acaba por ser expulsa dois anos depois. Foi operado a um aneurisma da aorta, em 1989, em Moscovo. Quando regressa a Portugal, o partido sofre sucessivos contratempos: o grupo do INES e a «quarta via», a queda do muro de Berlim e a «perestroika».

Livre das luzes da ribalta partidária nem por isso deixou de influenciar os destinos dos comunistas portugueses, embora tenha assumido claramente apenas a sua condição de romancista e esteta. Os seus contactos com jovens multiplicaram-se, mas tiveram de passar 28 anos sobre o 25 de Abril para Cunhal ser convidado a falar na Universidade Católica (1997), onde surpreendeu todos ao dizer que Jesus Cristo se sentiria mais próximo dos comunistas.

Com obras publicadas como ideólogo do marxismo-leninismo (entre as quais «Rumo à Vitória» e «Partido com Paredes de Vidro»), só em 1995 reconheceu publicamente ser ele Manuel Tiago - o autor da ficção literária «Até amanhã Camaradas», «Cinco Dias e Cinco Noites», «Estrela de Seis Pontas» e «A Casa de Eulália» - e António Vale, que assinava temas plásticos e fazia desenhos como as suas célebres ceifeiras.

Após a aprovação no Comité Central do «Novo Impulso», um documento que em 1998 imprimia um sentido renovador às linhas de orientação do partido para os anos seguintes, Álvaro Cunhal fez uma ronda de sessões de esclarecimento pelo país, alertando contra as «tendências de social-democratização» no PCP.

Dois anos depois, e por motivos de saúde, Cunhal faltou pela primeira vez à Festa do Avante e pela mesma razão ao XVI Congresso do PCP. Mesmo ausente, marcou os trabalhos, ao enviar um documento em que reafirmava a actualidade do marxismo-leninismo.

Nos últimos anos esteve sempre afastado da cena política devido à sua avançada idade e ao seu estado de saúde.

Em Novembro último, voltou a enviar uma nova mensagem ao XVII Congresso, também saudada de pé pelos militantes. Álvaro Cunhal teve uma filha única, Ana - filha da sua companheira de exílio Isaura Dias -, embora a mulher dos seus últimos anos fosse Fernanda Barroso.

domingo, junho 12, 2005

Ai Portugal Portugal!

A gang of 500 black youth signaled the entry of Europe in the phase of Mass beach muggings, June 10, 2005.More than five thousand robbed. The beach was under total control of the gang for more than two hours.
Only "sensationalist" news allowed to report.
The only english language newspaper in Europe to print some lines on this unprecedented event was the Sunday Mirror.Notice no word about who were those 500 people.BTW, in 1960 black were less than 0.5 pct of the population of Great Lisbon.Now they are more than 20 pct. Increasing exponentially.
====MUGGERS IN BEACH RAMPAGEJun 12 2005
HUNDREDS of teenage muggers stormed a packed beach stealing from sunseekers in a mass "steaming" attack.Five police officers were injured and a bar owner was taken to hospital with head wounds when around 500 youngsters invaded the beach near Lisbon, Portugal.Several tourists, including British holidaymakers, were treated for shock.Armed riot police had to be called in to beat back the attackers after they fought pitched battles with local officers.The attack at Carcavelos Beach - near England soccer boss Sven Goran Eriksson's holiday home - left authorities stunned.Mass beach muggings by "steaming" gangs have taken place in Brazil but are unprecedented on this scale in Portugal.Police chief Goncalves Pereira said: "Officers had to use batons and fire shots into the air to bring the situation under control."

E depois do adeus?

O General Vasco Gonçalves, antigo capitão de Abril e antigo primeiro-ministro dos II, III, IV e V Governos Provisórios ( II, III, IV e V) morreu, este sábado, aos 83 anos de idade.

Vasco Gonçalves, que fez parte do MFA (movimento das Forças Armadas, morreu esta tarde no Algarve.

Pai das nacionalizações, da reforma agrária, de novas condições laborais que passaram pelo salário mínimo, dos subsídios de Natal e de férias, Vasco Gonçalves defendeu o socialismo como o pai do homem novo, o socialismo pronto a revolucionar o mundo.

Foi com este ideal em mente que o antigo primeiro-ministro dos governos provisórios deu uma entrevista no 25 de Abril de 2005, onde defendeu que são os operários e os trabalhadores dos EUA que têm de fazer a revolução para que ela alastre a todo mundo.

Na sua estante guarda a memória de viagens onde se deixou fotografar ao lado de Fidel Castro.

O General Vasco Gonçalves encontrava-se na reserva desde que, em 15 de Dezembro de 1975, o Conselho da Revolução o demitiu por razões políticas. Acusado pelos opositores de ser próximo do Partido Comunista Português, acabaria por ser afastado sob a acusação genérica de incumprimento do ideário do MFA.

Depois do 25 de Novembro de 1975, raras vezes apareceu em público. Uma dessas vezes foi há um ano para justificar a revolução de Abril.

sábado, junho 11, 2005

Essa autoridade!

Os incidentes de hoje, na Praia de Carcavelos, Concelho de Cascais, causaram ferimentos em três civis e dois polícias, tendo sido detidas quatro pessoas, disse à Agência Lusa o comandante metropolitano da PSP de Lisboa, super-intendente Oliveira Pereira. Três dos detidos foram-no por agressão às autoridades, acrescentou. A PSP acompanhou a saída dos banhistas da praia, não só no local mas também na estação de caminho-de-ferro e mesmo dentro das carruagens, durante a viagem, onde não se verificou qualquer problema, revelou o comandante. O super-intendente Oliveira Pereira disse que a PSP iniciou quinta-feira um novo sistema de patrulhamento, com motociclistas, nas praias da Costa do Estoril e foram esses agentes, que se encontravam no paredão, que deram conta do que se estava a passar e pediram reforços. Foram deslocados para o local 60 homens, disse a mesma fonte. A PSP calcula que os incidentes foram causados por cerca de 400 indivíduos de vários bairros periféricos de Lisboa. Os feridos civis não estão em estado grave e foram tratados no Hospital de Cascais. Quanto aos polícias feridos, um sofreu apenas escoriações, mas suspeita-se que o outro tenha um braço partido. Um comunicado do Comando da PSP precisa que os incidentes começaram cerca das 15:00 e que, uma hora depois, a normalidade fora restabelecida. O documento revela ainda que alguns indivíduos ofereceram resistência ao serem detidos. A invasão da Praia de Carcavelos levou a Polícia Marítima (PM) a reforçar o número de homens no local, de quatro para 22, disse à Agência Lusa o porta-voz da Armada, comandante Gouveia e Melo. «Foram chamados reforços da área de Lisboa», disse a mesma fonte, precisando que, para patrulhar toda a costa portuguesa, a Polícia Marítima tem apenas quinhentos homens. Quando começaram os incidentes, a PM tinha na praia de Carcavelos apenas quatro homens. A PM tem também a seu cargo a segurança dos cidadãos nas praias, em colaboração com as outras forças de segurança, revelou a mesma fonte.

sexta-feira, junho 10, 2005

Façâmos contas em Outubro.

Seis aeronaves para apoio a combate a incêndios deverão estar disponíveis a partir de hoje em território nacional, de acordo com o anúncio feito quarta-feira pelo director da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais.

O general Ferreira do Amaral explicou que três aeronaves irão apoiar o combate ao fogo em Castelo Branco, Lousã e Fafe, juntando-se aos restantes três helicópteros (os dois da Protecção Civil, uma vez que o aparelho que avariou terça-feira volta hoje a funcionar, e um contratado no âmbito de um protocolo com a Portucel).

As aeronaves poderão assim ajudar a controlar os seis incêndios que ao início da madrugada de hoje ainda estavam por circunscrever.

O incêndio que mobilizava maiores meios era o de São Luís, em Odemira, Beja, onde as chamas estavam a ser combatidas por 124 bombeiros, apoiados por 35 viaturas.

Segundo o director da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais, as autoridades contam a 01 de Julho ter em funcionamento um dispositivo total de 49 aeronaves.

No início da época de incêndios, este ano antecipada para 15 de Maio, as autoridades anunciaram que o dispositivo de combate aos fogos seria composto por duas fases: a primeira (Alfa), até 30 de Julho, com 1.285 bombeiros, 309 veículos e 13 aeronaves, e a segunda (Bravo), de 01 de Julho a 30 de Setembro, com 4.150 bombeiros, 973 veículos e 47 meios aéreos.

Na segunda fase estarão ainda envolvidos no combate aos incêndios 1.679 sapadores florestais, apoiados com 343 veículos.

Durante a época de incêndios, meios do Exército, Marinha e Força Aérea farão missões de patrulha, detecção e apoio às populações.

De acordo com o relatório da Direcção-Geral de Recursos Florestais, nos primeiros cinco meses deste ano registaram-se 8.000 fogos, que consumiram cerca de dez mil hectares de floresta.

O documento, que se reporta ao período entre 01 de Janeiro e 29 de Maio e aponta um "acréscimo muito significativo" da área ardida face à média dos últimos cinco anos, contabiliza 8.162 ocorrências (2.095 incêndios florestais e 6.067 fogachos).

Em 2004 a área total ardida atingiu cerca de 120 mil hectares, segundo a Direcção-Geral dos Recursos Florestais. Em 2003 o fogo queimou 425 mil hectares, a maior área total destruída pelos incêndios nos últimos 20 anos.

quinta-feira, junho 09, 2005

Mudar o mundo?

Jorge Leitao Ramos in "Expresso"

Pode um livro, um filme, um quadro mudar uma pessoa? E, se muitas pessoas mudarem, pode-se mudar o mundo?

A pergunta é tão velha quanto a arte - e a arte, sabe-se, é das práticas que melhor define a diferença entre o humano e o simples primata. A pergunta foi das que mais atravessou o século XX - e, por isso, houve «Outubro», «A Revolução de Maio», «O Grande Ditador» e «O Triunfo da Vontade», por isso Estaline proibiu a segunda parte de «Ivan, o Terrível», Salazar não nos deixou ver «Hiroshima, Meu Amor», McCarthy perseguiu a esquerda de Hollywood, Hitler mandou queimar livros e banir a pintura moderna, tida como degenerada. Em nome de Deus não nos deixaram ver «Viridiana» e em nome da classe operária não lhes deixaram ler - e, depois, ver - o «Doutor Jivago».

Veio-me isto à mente quando li a amarga constatação que João Lourenço confidencia ao «Diário de Notícias» de dia 8, a propósito da «Ópera dos 3 Vinténs» que o encenador pôs em palco no Teatro Aberto. Lourenço diz que «Brecht enganou-se quanto ao poder [de intervenção] do teatro, que é muito pouco» e conclui: «Ficarei muito contente se alertar um espectador por noite».

Eu pertenço a uma geração que acreditou na força da arte para mudar a realidade. E não apenas em termos teóricos. Eu pertenço a uma geração que transportou «O Couraçado Potemkine» em cópias de super-8 de colectividade em colectividade, que organizou reuniões para ouvir o Zeca cantar «Os Vampiros», que discutiu até os olhos doerem se «Há Lodo no Cais» era um filme de um provocador reaccionário e o que fazer com isso. Uma geração que teve uma Revolução nas mãos e a viu morrer - e não por falta de acreditarmos que «a cantiga é uma arma». Daí à descrença nas possibilidades de intervenção da arte foi um passo. Se calhar demasiado apressado, que as desilusões nunca geram energias.

As palavras de João Lourenço vêm contra a corrente de um certo cinismo instalado. Claro que a arte não faz revoluções. Mas o que ele nos diz é importante: alertar um espectador por noite. Pôr uma pessoa a pensar em vez de ir na corrente. Olhar um espectador de frente - não a massa. Ajudar a difundir um grão de consciência. Pouco a pouco, no lento caminho da humanidade para uma coisa melhor, ir semeando a noção de que isto assim não pode ser. Vou nisso.

PS, PCP, BE e Verdes aprovam proposta!

Rendimento mínimo regressa

PS, PCP, Bloco de Esquerda e Verdes aprovaram hoje a proposta do Governo e projectos dos comunistas e bloquistas que alteram o Rendimento Social de Inserção do anterior executivo, repondo os princípios do Rendimento Mínimo Garantido.

Os três diplomas, que baixaram à Comissão de Trabalho e Segurança Social para discussão na especialidade, mereceram a oposição do CDS-PP.

O PSD votou contra os projectos do PCP e BE e absteve-se quanto à proposta do executivo. Entre as alterações introduzidas pelo executivo está a fórmula de cálculo para aceder a esta prestação, que deixa de ter como referência os rendimentos auferidos pelo agregado familiar ao longo do último ano, passando a ter em conta o último mês ou a média dos últimos três meses.

O diploma reintroduz ainda o princípio do carácter automático da renovação da prestação ao fim de 12 meses da sua duração e consagra o «princípio da fiscalização orientada por indicadores de risco, de modo a aumentar a eficácia no combate à fraude».

O Parlamento aprovou também na generalidade, por unanimidade, os projectos do PS, PSD, PCP, CDS-PP e BE sobre a difusão da música portuguesa na rádio, que estabelecem quotas - entre 20 a 60 por cento, conforme os diplomas - para a emissão de música nacional.

Xatoo.blogspot.com

Henrique Neto, um bem sucedido empresário (Ibermoldes) próximo da ala-esquerda do PS de que foi ex-deputado, apela em carta (de 19 de Maio) ao Parlamento, à fiscalização dos Contratos e negócios com o Estado em geral e no âmbito da Defesa Nacional em particular.
Um caso cuja opacidade é suspeita é o processo de negociação dos contratos de Contrapartidas para a compra de material para as Forças Armadas (submarinos e helicópteros) sem que até à data alguma dessas contrapartidas negociadas por PAULO PORTAS tenha sido executada pelas empresas fornecedoras (Augusta Westland,EHI,FerrostalAG e GSC).
O actual ministro da pasta Luis Amado já classificou o processo como “um EMBUSTE, que é inaceitável”
Onde terão ido parar os proventos das negociatas cujo volume em contrapartidas para o Estado deveria ser de 2,3 mil milhões de euros? (o equivalente a 24% do défice!)
O actual porta-voz do Ministério da Defesa frizou: “Não se trata certamente de um acaso, mas de um sofisticado processo de simulação” realizado pela ESCOM, a empresa consultora escolhida por PAULO PORTAS (do grupo Espirito Santo a empresa do BES já envolvida no escândalo "SobreiroGate") com cuja colaboração activa e pouco clara os fornecedores se podem excusar ao cumprimento do contratado. Luis Horta e Costa, constituido arguido por suspeita de “tráfico de influências” no caso atrás mencionado, administrador da Escom, nomeou o irmão Miguel Horta e Costa como consultor da Escom para a área das contrapartidas nos negócios com Paulo Portas, que declarou que “não tem havido condições para negociar com os consórcios internacionais envolvidos porque cabe ao Estado defenir quais os sectores da economia onde as contrapartidas deverão ser aplicadas através de uma CPC a criar”. Essa CPC existe e foi presidida durante os governos do Cherne-ignóbil por Brandão Rodrigues, um dirigente do CDS-PP nomeado por Paulo Portas. Fechou-se o círculo!
Na carta de Henrique Neto afirma-se ainda que a “omissão da comissão está ao serviço de previsiveis interesses que não sei quantificar, no sentido de criar um capital de queixa das empresas fornecedoras sobre as Autoridades nacionais” isto para “impedir o Estado português de accionar os mecanismos legais conducentes a qualquer pedido de indemnização”
* Outro dos principais visados na carta é o ex-Ministro da economia e finanças de Guterres PINA MOURA que tambem tutelou o sector energético, e nessa qualidade vendeu a Petrogal à ENI, vendeu parte do capital da EDP e da Galp à Iberdrola,,, sendo posterior e simultâneamente Deputado, Administrador da GALP e presidente da empresa de energia IBERDROLA Portugal, empresas onde tinha mediado esses negócios e participado nos processos de PRIVATIZAÇÃO enquanto Governante, vindo depois a tornar-se Dirigente de todas elas!
* porra! Não há sintaxe que resista a explicar tudo isto,,, alô, alô doutor Jaime Gama?,você é pago para nos “representar”!,,, está alguém em casa?

Hipocrisia?

O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, garantiu hoje que o Governo vai alterar alguns pontos do Código do Trabalho mesmo que não haja acordo com os parceiros sociais.

"O compromisso do Governo é com o eleitorado", afirmou Vieira da Silva, referindo-se à promessa eleitoral do Partido Socialista de alterar algumas normas do diploma relacionadas com a contratação colectiva.

"O Governo não vai revogar o Código do Trabalho, mas vai avançar com alterações pontuais", sublinhou o ministro, adiantando que o prazo para a discussão com os parceiros sociais termina no final deste mês.

Vieira da Silva, que falava à saída da reunião da Concertação Social, salientou, no entanto, que a intenção do Governo é "trabalhar para uma solução mais construtiva da legislação laboral".

O ministro reagia assim ao desacordo manifestado pelos parceiros sociais em relação à proposta de alteração do Código do Trabalho que o Governo apresentou.

O presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), Francisco Van Zeller, sublinhou que os parceiros sociais "mostraram um cartão amarelo ao Governo" e garantiu que os patrões "não vão ceder, se a proposta do Governo se mantiver".

Van Zeller, que falava em nome das quatro confederações patronais, adiantou que existem três artigos em que não haverá "qualquer espécie de cedência", entre os quais o relacionado com a caducidade dos contratos colectivos de trabalho.

O secretário-geral da UGT, João Proença, afirmou que as alterações propostas pelo Governo provocaram "um choque frontal" entre patrões e sindicatos", o que o leva a afirmar que "não vai haver acordo" em relação à revisão do diploma.

Para Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, a proposta do Governo não corresponde ao compromisso assumido, pois não combate a caducidade dos contratos e o vazio da contratação colectiva.

Os parceiros sociais têm até ao dia 15 de Junho para entregar as suas propostas ao Governo, que responderá quatro dias depois.

No dia 24, os parceiros voltam à mesa da Concertação Social, para aquela que deverá ser a última reunião sobre esta matéria, visto o Governo ter afirmado que quer concluir o processo até ao final do mês.

Depois de tocar no fundo... Só cavando!

Dez anos deitados fora, ou seja, cerca de 15% do tempo médio de vida de um português, foi o resultado conjunto das políticas de desenvolvimento económico dos últimos três governos.

Os dados mais recentes do Eurostat, o gabinete de estatística da União Europeia, mostram que o rendimento per capita português, ajustado a diferenciais de poder de compra, foi em 2004 exactamente o mesmo que o verificado em 1995: 73% da média dos 25 parceiros da União Europeia (UE-25).
No mesmo período, a Espanha passou de 87% da média da UE-25 para 98% e a Grécia de 72% para 82%, tendo ultrapassado Portugal em 2002. O Luxemburgo e a Irlanda são os países com melhores desempenhos. Entre 1995 e 2004, o PIB per capita do Luxemburgo passou de 179% para mais do dobro da média da UE-25. Por seu lado a Irlanda que estava na média há 10 anos atrás, passou agora para 139%.
Os dados são pouco animadores também quando os comparamos com os 10 países do alargamento: a economia portuguesa foi ultrapassada pela Eslovénia, a República Checa já está nos nossos calcanhares, e países como a Letónia, Lituânia e a Hungria estão a evoluir significativamente.


“ Em breve mais nos ultrapassarão”
Quem o afirma é João Ferreira do Amaral, professor do ISEG, que não se mostra surpreendido, mas apenas preocupado com estes valores. “Este é o resultado da adesão à moeda única quando Portugal não estava preparado, nem em termos de infra-estruturas, nem de condições macroeconómicas”, defende, aludindo à elevada inflação que Portugal experimentava quando aderiu ao euro. “Estamos na ressaca desse processo de ajustamento. É uma crise sem precedentes”, acrescenta ainda.
Segundo o professor do ISEG esta tendência negativa agravar-se-á nos próximos anos, uma vez que os países de Leste gozam de factores mais atractivos para o investimento directo estrangeiro e têm inflações mais baixas que a portuguesa na altura. João Ferreira do Amaral lembra ainda os efeitos negativos que as transformações no comércio internacional trarão a Portugal.
Apesar de partilharem as mesmas preocupações, o ex-ministro das Finanças, Eduardo Catroga, e o professor da Universidade Católica, João César das Neves, acolhem apenas em parte as justificações de Ferreira do Amaral.
Para Catroga a estagnação da economia portuguesa deve-se, essencialmente, à inexistência de reformas estruturais tanto no sector público como no empresarial. “Temos um grave e conhecido problema de competitividade e produtividade, e que os Governos, em especial os do Eng. Guterres, não atacaram”. “Foram dez anos perdidos”, acrescenta.
César das Neves afina pelo mesmo diapasão. “Os dados não são uma surpresa. Depois de dez anos de evolução muito positiva, os últimos dez foram de estagnação”. Quando procura as causas para esta evolução, o professor da Católica não hesita em defender que Portugal não aproveitou o excelente momento económico internacional no final da década de 90: “Quando o Eng. António Guterres chegou ao poder decidiu mudar as prioridades, relegando o crescimento para segundo plano. Os resultados estão à vista”. César das Neves também não concorda que as explicações possam ser encontradas na adesão ao euro: “Se não aderíssemos ao euro teríamos mais um instrumento de política, mas o que aconteceria seria apenas uma transferência de rendimento, prejudicando os trabalhadores.Além disso, teríamos de pagar o preço da não adesão, como por exemplo, enfrentarmos elevadas taxas de juro”.
Também Teodora Cardoso entende estes valores com uma naturalidade que só pode deixar os portugueses muito preocupados sobre as opções de desenvolvimento económico dos sucessivos governos: “O facto de o rendimento per capita português estar a baixar, mesmo em relação ao crescimento medíocre da UE, nada tem de surpreendente”, e explica que este é o resultado “da visão da economia numa óptica estrita de curto prazo, onde se inseriram as ajudas comunitárias que, temporariamente, criaram uma aparência de convergência real”.
No momento essencial de definição das opções de política económica para os próximos anos, estes valores colocam uma responsabilidade adicional sobre o Executivo de José Sócrates.

quarta-feira, junho 08, 2005

400.000 Euro em carrinhos para juizes, depois...

Perante o aumento do número de incêndios, está lançada a polémica à volta da falta de meios para os combater.

Nesta altura, Portugal tem apenas um helicóptero para ajudar no combate aos fogos. Até esta tarde eram dois; agora resta apenas um, já que o que apoiava os bombeiros no incêndio da Serra das Duas Alhadas, na Figueira da Foz, avariou.

A confirmação foi dada esta noite, à TSF, pelo comandante operacional António Simões.

«O helicóptero avariou e teve de aterrar de emergência. Felizmente não houve problemas nem para o helicóptero nem para a tripulação, que, neste momento, já deve estar a caminho de Santa Comba Dão», explicou.

Antes, António Simões tinha feito o ponto da situação do incêndio que começou há mais de 33 horas na Serra das Duas Alhadas, na Figueira da Foz.

«Neste momento, mantém-se apenas uma frente que ainda não está circunscrita. Vamos tentar circunscrevê-lo esta noite», estimou.

O outro incêndio, que está a merecer as maiores preocupações, é o da Serra de Tomar, no distrito de Santarém.
Os bombeiros esperam que o fogo esteja extinto pela manhã desta quarta-feira.

De resto, nesta altura, há ainda sete incêndios por circunscrever no país.

sábado, junho 04, 2005

P'lo menos temos um governo solidário!

Lisboa - A deputada do Partido Ecologista «Os Verdes» (PEV) Heloísa Apolónia entregou esta sexta-feira, no Parlamento, um requerimento sobre a situação do ministro de Estado e das Finanças, Luís Campos e Cunha, na sequência da notícia de que acumula uma reforma do Banco de Portugal com o vencimento que aufere como governante. De acordo com uma notícia divulgada quinta-feira canal de televisão TVI, Campos e Cunha acumula uma reforma mensal de cerca de oito mil euros brutos, que obteve depois de seis anos consecutivos como vice-governador do Banco de Portugal, com o vencimento mensal como governante, totalizando cerca de 15 mil euros brutos por mês.Esta sexta-feira, o ministro das Finanças reafirmou a plena legalidade da reforma que recebe por ter desempenhado as funções de vice-governador do Banco de Portugal (BP). «É tudo legal, legítimo, conhecido. Não tenho nada mais a declarar sobre o assunto», disse Campos e Cunha.Para «Os Verdes», não está em causa a legalidade desta acumulação. Porém, «face às medidas altamente restritivas que o Governo quer adoptar, designadamente em relação aos trabalhadores da função pública», explicam, «o que está em causa é a moralidade deste caso».Heloísa Apolónia considera que «o país precisa de uma explicação coerente e clara sobre esta situação, ainda para mais porque envolve alguém directamente responsável pela proposta de diminuição das condições de vida (através da restrição dos orçamentos familiares) das famílias portuguesas».Por isso, pergunta ao Governo se considera «justa e moral» a acumulação de reforma e vencimento do ministro de Estado e das Finanças, «face a todas as medidas de sacrifício que está a pedir aos portugueses para combater o défice».A deputada aproveita para interrogar o Executivo sobre «o verdadeiro vencimento do governador do Banco de Portugal, autor do relatório Constâncio» e sobre a «verdadeira proposta em relação ao fim das subvenções vitalícias dos titulares de cargos políticos».
Lisboa - O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, acumula duas reformas com o salário de governante, adianta este sábado o semanário «Expresso», que equipara a situação do socialista à do titular da pasta das Finanças, Campos e Cunha. Uma das reformas é proveniente de um fundo privado, do extinto IPE, e a outra é uma pensão de reforma da Segurança Social, que resulta da «actividade profissional, com descontos para o regime geral, que teve durante toda a vida», avança o «Expresso», citando fonte oficial próxima do ministro.Somadas, as duas pensões ascendem a 5.600 euros brutos mensais, rondando a prestação proveniente da Segurança Social os dois mil euros. A situação de Mário Lino, refere o semanário, é semelhante à do colega das Finanças, que motivou críticas por parte da oposição. A notícia de que Campos e Cunha acumulava o salário de membro do Governo com uma reforma por ter sido vice-governador do Banco de Portugal durante seis anos foi avançada pela estação de televisão TVI e pelo semanário «O Independente».Na sexta-feira, o primeiro-ministro, José Sócrates, reagiu às críticas ao ministro classificando-as como uma «campanha de assassinato de carácter» contra Luís Campos e Cunha, com quem se mostrou solidário.Em declarações ao «Expresso», através dos seus assessores, Mário Lino e Campos e Cunha que não pretendem abdicar de nenhuma das suas pensões, que se encontram dentro da lei.

segunda-feira, maio 16, 2005

Ajudêmos os nossos amigos!

TAP está interessada na brasileira Varig

A TAP está interessada em estabelecer uma fusão com a sua homóloga brasileira Varig, assumindo uma posição de 20 por cento do capital da companhia aérea, que se encontra numa situação financeira muito difícil.

Segundo o "Jornal de Negócios", a TAP pretende criar uma grande companhia de transporte aéreo no Atlântico Sul, um dos mercados mais dinâmicos para a TAP nos últimos dois anos.

O ministro das Obras Públicas e Transportes, Mário Lino, demonstra estar ao corrente das intenções da TAP, tendo afirmado ao jornal que tem "uma grande confiança na equipa de gestão da TAP" e que acompanha "com interesse as diligências que têm sido feitas de aproximação à Varig".

A TAP é um dos três grupos portugueses que mostraram interesse em conhecer as contas da Varig, para além dos grupos Pestana, ligado à hotelaria, e Espírito Santo, que detém a companhia aérea PGA Portugália e tem interesses financeiros e imobiliários no Brasil.

Estes dois últimos grupos foram ontem referenciados pelo porta-voz da Varig, citado pela AFP, que acrescentou que a lista de interessados poderá ficar esclarecida na assembleia geral que está marcada para o próximo dia 7 de Maio.

Segundo o jornal brasileiro "O Estado de São Paulo", citado pela AFP, o fundo de investimento norte-americano Texas Pacific Group é um forte candidato à compra de uma posição relevante no capital da Varig, sublinhando que o fundo americano pediu 90 dias para analisar as contas da transportadora brasileira.

A dimensão da Varig é sensivelmente o dobro da da TAP em matéria de receitas anuais, frota e número de passageiros transportados. Apenas a dívida da Varig, de 2600 milhões de dólares (2008 milhões de euros), ultrapassa largamente os 647 milhões de euros da companhia portuguesa.

A Varig gera receitas de 2745 milhões de euros, contra 1301 milhões da TAP, possui uma frota de 93 aviões, em contraponto às 40 aeronaves da transportadora portuguesa e transporta à volta de 13,5 milhões de passageiros, mais do dobro dos seis milhões da TAP.

domingo, maio 15, 2005

À parte do Palácio da Arrábida...

Os ex-ministros Luís Nobre Guedes e Telmo Correia aprovaram, quatro dias após as eleições legislativas, um projecto turístico no Vale da Gaia, em Belmonte, no distrito de Castelo Branco, através de uma declaração de interesse público. O empreendimento situa-se nuns terrenos que integram a Reserva Ecológica Nacional (REN) e é promovido pela SODATUR, Sociedade de Desenvolvimento Agro-Turístico. Esta empresa é propriedade de Alexandre Abreu, um empresário que poderá integrar a lista do PSD para a Câmara da Guarda nas próximas eleições autárquicas.

sábado, maio 14, 2005

Portas e bolsos abertos!

O Ministério Público e a Polícia Judiciária estão a investigar vários actos da gestão de Paulo Portas no Ministério da Defesa. Em causa estão, desde já, os contratos e, sobretudo, as contrapartidas negociadas para a aquisição de submarinos e de helicópteros pesados, no valor global de 1,3 mil milhões de euros, e onde a Escom, trading do grupo Espírito Santo, surge associada aos consórcios vencedores a HWD (alemã) e a Agusta-Westland (belgas e britânicos), respectivamente.

O DN apurou, no entanto, que na mira dos investigadores estarão também outros dossiers, alguns dos quais se encontram por concluir, não existindo, até agora, nenhuma adjudicação helicópteros ligeiros para o exército, substituição dos Aviocar, viaturas de transporte blindadas e armas ligeiras.

O que indicia que, nesta fase, os investigadores parecem especialmente apostados em averiguar o tipo de contrapartidas que terão sido prometidas ou até mesmo negociadas à margem dos diversos concursos que decorreram, ou estão ainda a decorrer, para a aquisição dos diferentes equipamentos das Forças Armadas.

Aliás, para a prova dos crimes de corrupção e tráfico de influências a lei requer que se demonstre a relação causa-efeito de uma determinada decisão.

O que justificaria, por exemplo, as apreensões de documentos que foram feitas na Escom, empresa que actua habitualmente neste tipo de negócios como "intermediária" entre as partes.

Ao que tudo indica, MP e PJ esperam encontrar nesses documentos os indícios e provas suficientes que lhes permitam sustentar as suspeitas de corrupção e tráfico de influências que os levaram a agir, nesta primeira fase, sobre o caso da herdade da Vargem Fresca, em Benavente. E que poderão passar também pelo financiamento do CDS/PP, apesar dos desmentidos públicos de Abel Pinheiro, o dirigente popular que controlou os dinheiros do partido durante a direcção de Paulo Portas, e que já foi constituído arguido no processo que envolve a herdade da Vargem Fresca. Além de Abel Pinheiro, foram ainda constituídos arguidos Luís Nobre Guedes e três quadros do Grupo Espírito Santo Luís Horta e Costa, José Manuel Sousa e Carlos Calvário. Todos por suspeitas do crime de tráfico de influências.

De acordo com diversas fontes consultadas pelo DN, as suspeitas dos investigadores sobre a gestão de Paulo Portas no Ministerio da Defesa poderão vir a alargar-se ainda mais nos próximos dias, admitindo-se que o Ministério Público e a PJ possam vir a interessar-se igualmente por dossiers tão distintos como a "privatização" das OGMA ou a venda de terrenos na Grande Lisboa e no Grande Porto e que foram, entretanto, desafectados aos três ramos das Forças Armadas.

São negócios de muitos milhões de euros, que começaram há vários anos e onde se cruzam vários interesses, que parecem ter despertado o interesse dos investigadores. E não só. Pelo menos a avaliar pela intenção já anunciada por Luís Amado, o socialista que sucedeu a Paulo Portas, de pedir a revisão do contrato de contrapartidas. Tudo isto numa altura em que o novo ministro da Defesa se prepara também nomear um novo presidente para a Comissão Permanente daas Contrapartidas, substituindo Pedro Brandão Rodrigues por Rui Neves, como o Público avançava na sua edição de ontem.

Fonte da Escom assegurou, entretanto, ao DN que o papel da empresa nestas matérias passou unicamente pela organização de um pacote de contrapartidas reclamado pelo Estado aos concorrentes, pelo qual a empresa nem sequer é responsável pela execução.

A mesma fonte assegurou que, no caso dos helicópteros pesados, o concurso foi adjudicado ainda no tempo de António Guterres. Portas veio, contudo, a renegociar parte desta adjudicação.

Já em relação aos submarinos, o processo arrastou-se durante sete anos, tendo a decisão final pertencido a Paulo Portas.

Entretanto, o DN apurou que foi o próprio juiz Carlos Alexandre que enviou para o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) cinco processos que corriam termos na Polícia Judiciária Militar (PJM ), onde o magistrado estava colocado como juiz de instrução.

Com a entrada em vigor do novo Código de Justiça Militar (CJM), a 15 de Setembro do ano passado, esses processos foram transferidos do âmbito da justiça militar para a justiça comum.

Já na qualidade de juiz de instrução no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), Carlos Alexandre decidiu enviar os processos mais complexos para o DCIAP, sendo que os restantes, como as deserções e outras situações menos graves, foram remetidos para uma secção do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP).

No DCIAP, refira-se, estarão apenas inquéritos com data posterior a 1999, o ano de início da actividade deste departamento do MP.

E entre os processos que se encontram no DCIAP, além das questões relacionadas com a aquisição dos helicópteros e submarinos, estarão outras no âmbito de alegadas irregularidades na aquisição de viaturas blindadas ligeiras e de desvio de verbas nas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento.

Grandes afanadores

Ambiente: Caso de sobreiros em Setúbal é diferente do de Benavente - gabinete PM


Lisboa, 14 Mai (Lusa) - O despacho assinado por José Sócrates em 2001 permitindo o abate de sobreiros em Setúbal não tem "nenhuma similitude" com o recente "caso Portucale", em Benavente, disse hoje à Lusa fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro.

A fonte reagia a um pedido, hoje divulgado pela Quercus, para revogação de um despacho governamental de Dezembro de 2001 - assinado pelos então ministros do Ambiente, José Sócrates, e da Agricultura, Capoulas Santos - que atribuiu o estatuto de utilidade pública ao Plano de Pormenor do Vale da Rosa (Nova Setúbal), abrindo caminho ao abate de 700 sobreiros.

A mesma fonte salientou "não existir nenhuma similitude" entre o despacho assinado em Dezembro de 2001 e o do governo PSD-CDS/PP, assinado em Fevereiro passado, e que permitiu o abate de sobreiros para construção de um empreendimento turístico em Benavente.

"O despacho, sem efeitos práticos até agora, refere-se a opções de gestão territorial da Câmara de Setúbal que inclui localização de infra-estruturas e equipamentos públicos e não um projecto de natureza privada", salientou.

No caso da Herdade da Vargem Fresca, Benavente, o derrube de sobreiros iria permitir a construção de um empreendimento turístico da Portucale, empresa do grupo Espírito Santo.

O despacho de 2001 "só por si não permite o corte de nenhum sobreiro e a prova é que tem quatro anos e ainda nenhuma árvore foi cortada", salientou a fonte, sublinhando que o documento "fazia depender os seus efeitos de várias condições, entre as quais a própria ratificação do Plano de Pormenor, que até hoje não aconteceu".

No caso de Benavente, foram abatidos cerca de mil sobreiros antes de o despacho ter sido revogado pelo actual governo.

No comunicado divulgado hoje, a Quercus adianta que, há cerca de um mês, enviou ao Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada uma exposição em que fundamenta a necessidade de revogar o despacho conjunto de António Capoulas e José Sócrates que atribui o estatuto de utilidade pública ao Plano de Pormenor do Vale da Rosa (Nova Setúbal).

quarta-feira, abril 13, 2005

Ílhavo - Chineses preocupam concorrência

Lojas chinesas duplicaram no último ano na praia da Barra


Jesus Zing

praia da barra Proliferação de bazares do oriente está a motivar protestos do comércio tradicional

Hugo Duarte, comerciante na Praia da Barra, está à frente de um mini-mercado que possui também uma secção de bazar. O português não tem papas na língua "No ano passado havia duas lojas de chineses e este ano montaram mais duas". Quatro são muitas num lugar onde os comerciantes se contam pelos dedos. "Já não chegava a concorrência das grandes superfícies", desabafa, enquanto demonstra os resultados da concorrência "chinesa".

"Os chapéus e bonés que temos aqui são todos do ano passado. Não conseguimos vender nada e este ano temos que pedir menos", lamenta-se.

A proliferação das lojas chinesas está a preocupar o comércio tradicional, tanto mais que a Praia da Barra, em termos comerciais, só vive praticamente dos meses de Verão.

"Senti uma quebra muito grande das vendas, qualquer coisa como 50%", diz, ao JN, Maria de Fátima Cardoso. "Acho que uma loja ainda vá, mas tantas numa área tão pequena...", lamenta. "Eu sei que todos precisamos de viver, mas acho isto um exagero. Confesso que já não sei o que fazer", disse.

A sua colega Jaqueline Silva não tem dúvidas. "É mau. Depois que vieram para aqui não vendi nada e nota-se que os outros portugueses também vendem menos", afirma.

Glória Murteira, vive na Barra e já entrou numa loja chinesa. "Gosto mais de ver, nunca comprei grande coisa, apenas uma vez uma roupita. A gente sabe muito bem que eles não têm grande qualidade", referiu.

Blandina de Jesus, da Gafanha da Nazaré, lamenta a invasão chinesa. "Acho muito mal porque estão a tirar clientela aos portugueses. O povo vai lá mas sai enganado".

"Nessas lojas apenas uma vez comprei um travessão para o cabelo porque não o encontrei nos outros sítios", referiu.

Para a doméstica Maria da Graça, as lojas chinesas são o refúgio "de quem não tem poder de compra". "A qualidade não é boa, mas os ordenados que ganhamos não nos deixam ir às boutiques", sentenciou.

"Nada a fazer, se estão legais"

O presidente da Associação Comercial de Aveiro, que engloba o município de Ílhavo, não tem dúvidas. "Não se pode fazer nada. As lojas chinesas estão a funcionar legalmente". Jorge Silva disse que "só haverá um problema de concorrência desleal se esses estabelecimentos estiverem a actuar na ilegalidade". As pessoas "são livres de se instalarem", frisou, salientando que a associação já ofereceu os seus préstimos às Câmaras no sentido de auditar esses estabelecimentos.

domingo, abril 03, 2005

Recolher o pano antes da tormenta!

A ex-ministra da Cultura, Maria João Bustorff, que já em Governo de gestão e a poucos dias das eleições resolveu comprometer o Estado a pagar uma dívida de 12 milhões de euros à Fundação Ricardo Espírito Santo à qual ela própria presidira nos últimos anos, à frente da qual colocara entretanto um irmão e à qual pretende agora regressar! E o ex-ministro Daniel Sanches que, já três dias depois das eleições de 20 de Fevereiro, resolveu adjudicar um negócio do Estado de 538 milhões de euros a um consórcio liderado por uma empresa que ele próprio (pela mão de Dias Loureiro) administrara até ao momento de entrar para o Governo!

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Ai ai!

Lisboa - O semanário «O Independente» vai ser processado pelo Partido Socialista (PS) por ter envolvido o nome do secretário-geral José Sócrates no caso do licenciamento do Freeport em Alcochete, anunciou, esta sexta-feira, o porta-voz socialista, Pedro Silva Pereira.

«O PS vai colocar uma acção em tribunal» contra o semanário, disse o porta-voz em declarações aos jornalistas, depois de lembra que «por duas vezes o jornal foi desmentido pela própria Polícia Judiciária (PJ)».

Hoje, a Judiciária reafirmou que o secretário-geral do PS não é suspeito de envolvimento no caso Freeport de Alcochete e garantiu que o documento hoje publicado no semanário «O Independente» sobre a presença do líder socialista entre os investigados não faz parte de qualquer processo.

Em comunicado, a Direcção Nacional da PJ reitera, «na íntegra», o teor do comunicado que divulgou em 11 de Fevereiro - que informava que não existem indícios que impliquem o dirigente socialista ou qualquer outro líder partidário como arguido no processo - e a explicar que «o documento reproduzido por ‘fac simile’ não faz - e nunca fez - parte integrante de qualquer processo».

Há uma semana, o semanário citava um documento da PJ a que alegava ter tido acesso para noticiar que um inquérito da Judiciária levantava a suspeita de, em 2002, o então ministro do Ambiente, José Sócrates, ter alterado a Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo para a construção do outlet, «tendo como contrapartida o financiamento das campanhas eleitorais do PS».

Esta sexta-feira, sob a manchete «Indesmentível», o mesmo semanário publica um documento do departamento de investigação criminal de Setúbal da PJ que, assegura, «envolve José Sócrates» e volta a apontar para «fortes indícios» de que a decisão do antigo ministro «teve como contrapartida o financiamento de campanhas eleitorais».

Ai!

Na passada sexta-feira, o Independente... ...citando um documento da PJ a que dizia ter tido acesso, noticiou que um inquérito da PJ ao processo que levou à viabilização do espaço comercial Freeport de Alcochete, levantava "a suspeita de, em 2002, o então ministro do Ambiente (José Sócrates) ter alterado a Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo, tendo como contrapartida o financiamento das campanhas eleitorais do PS".Hoje, o mesmo semanário volta a destacar o assunto na primeira página e, sob a manchete "Indesmentível", publica um documento do departamento de investigação criminal de Setúbal da Polícia Judiciária que, de acordo com o jornal, "envolve José Sócrates" e aponta para "fortes indícios" de que a decisão do ex-ministro do Ambiente "teve como contrapartida o financiamento de campanhas eleitorais".Entretanto, em comunicado, a Polícia Judiciária voltou a negar que José Sócrates seja suspeito de envolvimento no caso "Freeport de Alcochete" e assegurou que o documento hoje reproduzido no Independente "não faz parte integrante de qualquer processo"."O documento reproduzido por 'fac simile' não faz - e nunca fez - parte integrante de qualquer processo", sublinha a directoria nacional da PJ, que reitera "na íntegra" o "teor do comunicado" que divulgou sobre o assunto após a primeira notícia do semanário.No comunicado hoje divulgado, a direcção nacional da PJ refere também que as "circunstâncias em que o documento em causa (publicado em +fac simile+ pelo Independente) foi elaborado" será, entretanto, alvo de "averiguações".Na nota emitida a 11 de Fevereiro - cujo conteúdo é reiterado hoje -, a PJ explicava que os elementos recolhidos no âmbito do "caso Freeport" não revelavam, "por ora", indícios que apontem como arguido qualquer líder partidário."Dos elementos que foram carreados para o processo não ressaltam, por ora, indícios que apontem como arguido qualquer líder partidário", podia ler-se na nota da PJ.Na altura, também a Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu, em comunicado, que "tanto quanto os elementos indiciários reunidos até ao momento permitem avaliar, não existe nenhuma suspeita de cometimento por parte do engenheiro José Sócrates de qualquer ilícito criminal com o aludido processo de licenciamento" da obra, em Alcochete.Sócrates negou sempre qualquer envolvimento no caso e, numa reacção à primeira notícia do semanário, considerou tratar-se de uma "tentativa de criar um caso político" em torno do assunto, que "só pode ter explicação no período de campanha eleitoral" em curso.O Freeport de Alcochete, inaugurado a 09 de Setembro último, tem uma área global equivalente a 55 estádios de futebol e custou cerca de 250 milhões de euros, sendo considerado o maior +outlet+ da Europa.Trata-se de um complexo lúdico-comercial com 240 lojas, 40 restaurantes, 21 salas de cinema, um anfiteatro ao ar livre e 5.000 lugares de estacionamento.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Para pagar reforma da Administração Pública!!!!!!

O ex-ministro das Finanças Miguel Cadilhe considerou terça-feira justificado o recurso às reservas nacionais de ouro para financiamento de uma reforma profunda de modernização e redimensionamento da Administração Pública.

«Não há melhor fim a dar às reservas de ouro, se for para fazer esta reforma», defendeu o economista numa conferência sobre as funções do Estado, em Mirandela.

Cadilhe considerou fundamental e urgente reduzir o peso da despesa com o sector público administrativo, que classificou como «o maior problema que a economia portuguesa tem hoje em dia». O economista começou por defender que «o ouro é intocável».

«Ai Jesus, se algum político se lembra: temos o ouro, vamos vender parte para pagar despesas correntes», disse Miguel Cadilhe.

O ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva colocou apenas um hipótese para o recurso às reservas nacionais de ouro, como um fundo de investimento num plano de modernização e redimensionamento da administração pública, defendendo que, «aí sim, seria um fim meritório».

Este plano de Miguel Cadilhe, que sublinhou não falar na qualidade de presidente da Agência Portuguesa para o Investimento (API), admite rescisões amigáveis de contratos na Administração Pública e encerramento de serviços, decisões assentes num estudo a cargo de empresas internacionais especializadas.

Para o ex-ministro das Finanças há ainda que acabar com o que considerou de «verdadeiras enormidades na economia portuguesa», referindo exemplos de megaprojectos ou eventos, como a Expo 98, o Euro 2004 ou a aquisição de submarinos.

«O que é que os submarinos têm a ver com o nosso desenvolvimento, o que é que este país de marinheiros tem a ver com submarinos? O Estado tem de auto-proibir-se de fazer estas enormidades», afirmou Miguel Cadilhe, realçando que a reforma proposta não pode passar por «soluções simples e dramaticamente injustas, como confiscar reformas e outros direitos dos cidadãos».

Cadilhe considerou ser necessária coragem política e discernimento nacional por parte dos cidadãos para encetar esta reforma que, segundo defendeu, passa também pela regionalização do país.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Santana admite dívidas

O primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, admitiu hoje que teve dívidas às Finanças relativas a juros e justificou que isso pode acontecer a qualquer cidadão que vive do seu salário.

«Às vezes pode haver uma questão de juros, como com todos os cidadãos que vivem dos seus salários», disse Santana Lopes depois de ter sido questionado sobre quando é que regularizou as dívidas ao fisco hoje noticiadas por um jornal.

Santana Lopes garantiu que, tal como comprova uma certidão emitida quinta-feira, «não há qualquer dívida à Direcção Geral de Contribuições e Impostos» actualmente.

O jornal A Capital noticia hoje que «até há dois dias atrás pendiam sobre Pedro Santana Lopes dois processos distintos de execução fiscal».

De acordo com o jornal, o mais antigo é referente «a uma dívida relativa à falta de pagamento do IRS de 1999» no valor de «8012,29 euros que, após um novo cálculo dos rendimentos do actual governante nesse ano feito pelas finanças, deveriam ter sido pagos até Agosto de 2003».

«Valor que, até à passada quarta-feira, ainda não tinha sido dado como liquidado no sistema informático das Finanças», refere A Capital, acrescentando, contudo, que especialistas contactados pelo jornal explicam que «face ao actual sistema informático do Ministério, é possível que esse pagamento já tivesse sido efectuado, mas não há mais de um ou dois meses».

O outro processo diz respeito a «dívidas ao Estado relativas à retenção de IVA nas actividades que desenvolveu entre o terceiro trimestre de 2002 e o quarto de 2003», cobranças que deveriam ter sido enviadas às Finanças «um mês e meio depois de cada um destes trimestres em falta e que, ao não ser entregue a horas, colocava o actual primeiro-ministro sob pena de ser acusado do crime de abuso de confiança fiscal».

Segundo A Capital, apesar de Santana Lopes ter liquidado essa dívida na altura em que tomou posse como primeiro-ministro, esse mesmo pagamento gerou «uma nova dívida, referente aos juros do dinheiro que este reteve indevidamente ao Estado durante mais de um ano».

«No entanto, até à passada quarta-feira, Santana Lopes ainda não tinha pago nada às Finanças», acrescenta o jornal.

Questionado pelos jornalistas no final de um almoço com empresários estrangeiros sobre esta notícia, Santana Lopes afirmou que, tal como A Capital noticia, «a certidão que foi pedida ontem (quinta-feira) demonstra que não há qualquer divida dessa tipo».

Interrogado sobre quando é que regularizou a sua situação fiscal, Santana Lopes não respondeu directamente, dizendo apenas que «Às vezes pode haver uma questão de juros, como com todos os cidadãos que vivem dos seus salários».

«Só não acontece aos cidadãos que fogem ao fisco, ou aos cidadãos que vivem com largos rendimentos», acrescentou.

Ainda segundo Santana Lopes, a «questão dos juros» pode acontecer porque «às vezes as pessoas não são notificadas», devido, por exemplo, a mudanças de morada.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Ai o "Contexto"!...( Por JOAQUIM FIDALGO ) in "Publico"

Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2005

O "contexto" é um problema. Mais do que isso: o "contexto" farta-se de criar problemas. Mais ainda: o "contexto" é o pai de todos os problemas!

Se não houvesse o problema do "contexto", a nossa vida correria bem. Os políticos diriam coisas lógicas e coerentes. Os governantes anunciariam o que tencionavam, de facto, fazer. Os dirigentes desportivos criticariam o que querem criticar e desculpariam o que querem desculpar. Os comentadores comentariam, os profetas profetizariam, os bloguistas blogariam, e tudo seria aquilo que se dissera que era.

Mas não. Antes do texto, depois do texto, para além do texto - há o "contexto". O "contexto" é que estraga tudo. O "contexto" é que põe uma pessoa a dizer o que ela não disse, ou disse, mas não exactamente assim, ou disse só assim-assim, não com aquela intenção embora com aquelas palavras, quer dizer, disse mas não disse, ou não disse mas disse, e nem queria exactamente dizer...

Sim, eu sei que muitas vezes os jornalistas retiram indevidamente certas declarações do seu contexto e, com isso, cometem abusos de arrepiar. Mas convenhamos que é difícil encontrar hoje, na vida pública portuguesa, umas costas mais largas que as do dito "contexto".

Quando Francisco Louçã tem aquela tirada tão infeliz contra Paulo Portas a propósito do aborto, está bom de ver que as declarações precisam de ser lidas no "contexto". No fundo, o que ele disse seria totalmente diferente se se tivessem transcrito mais cinco minutos de conversa antes e cinco minutos de conversa depois! Se se tivesse mostrado o "contexto". Assim...

Quando Nuno Cardoso, ele que se dizia "muito calmo", perde as estribeiras a propósito de um assunto de justiça e começa a insinuar perseguições de todo o mundo, é óbvio que o momento não pode ser visto isolado do seu "contexto". No fundo, o que ele disse não foi bem o que ele queria dizer, aliás ele quase não disse, apenas sugeriu, e se disse o que disse foi só porque estava nervoso, e quando um político está nervoso já se sabe que até troca o texto - quanto mais o "contexto"!

Quando Santana Lopes fala do "incómodo" causado pelas fugazes férias africanas de Morais Sarmento, é mais que evidente que as suas declarações têm de ser lidas no "contexto". Se calhar o "incómodo" até era por ainda não ter recebido notícias dele, ou por uma pontita de inveja por não ter ido também, ou porque no momento estava mal do estômago, vamos lá imaginar, a palavra "incómodo" pode ser usada por um político, e logo um político eloquente como Santana Lopes, em tantos e tão variados "contextos"...

Quando Rui Rio se escusa a responder a perguntas dos jornalistas, garantindo que eles vão pegar só em algumas das suas palavras (e certamente não as melhores...) para fazer mais uma "intrigalhada" política, é claro que não está para aturar as falhas de "contexto" dos jornais e televisões. Se lhe dessem meia hora em directo na TV ou uma página inteira de jornal dia sim, dia sim, aí é que nós íamos ver o que ele tem de texto para nos dizer!

E etc., etc., etc... Neste contexto, não espanta que nos vá faltando a paciência.

terça-feira, janeiro 25, 2005

Tiago Monteiro em Silverstone está perto da entrada na Jordan

Quase. Tiago Monteiro perto de despir o fato da Minardi e vestir o da Jordan

A possibilidade de Tiago Monteiro garantir um volante na Fórmula 1 já nesta temporada ganhou, nos últimos dias, novos contornos - muito consistentes - com o compromisso de compra da Jordan por parte do Midland Group.

O piloto encontra-se em Inglaterra com o seu advogado e, durante o fim-se-semana, reuniu diversas vezes com o novo responsável da Midland, Colin Kolles, discutindo as condições, com vista à participação no Mundial deste ano, ao volante de um dos Jordan-Toyota.

Em situação económica difícil, a escuderia de Eddie Jordan (deverá manter a designação, pelo menos este ano) passará, progressivamente para as mão da Midland, com o take-over a ficar concluído no final da temporada, altura em que a equipa deverá apresentar «competitividade de modo a atingir rapidamente os lugares de topo» da Fórmula 1, como referiu o chairman da Midland, Alex Shnaider . Canadiano de origem russa, Shnaider havia anunciado a intenção de comprar ou construír, de raiz, uma equipa de Fórmula 1, tendo anunciado que isso se concretizaria, provavelmente, em 2006.

Deste modo, a tomada de posição na Jordan acabou por antecipar a decisão. Tiago Monteiro surge na «história», por manter um contacto muito próximo com a Midland, já que o grupo detém igualmente posição dominante na equipa dirigida por Trevor Carlin, com a qual Tiago Monteiro se sagrou, no ano passado, vice-campeão da Nissan Euroseries, uma das fórmulas de transição para a Fórmula 1, encarada como um «viveiro» de novos pilotos.

No entanto, qual será a diferença entre as negociações que Tiago Monteiro mantém com a Midland e as que efectuou com a Minardi, onde na última época desempenhou as funções de piloto de testes? Como em todas as equipas pequenas, na Minardi o piloto tem de se fazer acompanhar por um orçamento significativo, de modo a «ajudar» a equipa a encarar os pesados encargos da época. Isso mesmo acontecia com a Jordan, nos últimos anos.

A diferença é que, com o capital fresco, da Midland, muito provavelmente a escuderia irlandesa poderá dar-se ao luxo de contratar o piloto que quiser, independemente do budget. Ou, se a decisão de investimento não for tão elevada, pelo menos reduzir esse orçamento a um valor possível de ser comportado por uma pequena economia como a portuguesa, onde os pilotos não encontram patrocinadores com «peso» suficiente para comprar um lugar numa equipa da cauda do pelotão... como a Minardi. O desempenho de Tiago Monteiro, na época passada, fez com que ganhasse um lugar muito especial na tabela de cotações de Trevor Carlin. E se o piloto é bom, o dinheiro - principalmente quando não falta - acaba por ser relativizado. A hipótese está de pé. Novos desenvolvimentos nos próximos dias.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Sporting e Benfica apelam ao poder político a imposição da «verdade» no futebol

Os presidentes do Benfica, Luís Filipe Vieira, e do Sporting, Dias da Cunha, manifestaram publicamente esta quinta-feira que o poder político tem de impor a «verdade» no futebol, porque é este que o tem de fazer. E essa verdade passa pela independência da arbitragem em relação à Liga e à FPF.

A passagem da «batata quente» é deliberada, nas palavras de Dias da Cunha, pois o líder leonino explicou que só o poder político o pode conseguir. Esta posição pretende denunciar o que o futebol tem de mal para que quem tiver poder para o corrigir o faça.

Reforçou-se a garantia de que não é um movimento contra quem quer que seja; pelo contrário, no seguimento do almoço com os presidentes do Marítimo, Carlos Pereira, e do Belenenses, Sequeira Nunes, a posição agora publicamente assumida vai ser apresentada na Liga para que o organismo que representa os clubes o direccione a quem de direito.

Os males apontados foram referidos, como já se disse, pela ausência de uma verdade que é «clamada» pelos subscritores do manifesto. A ausência dessa verdade contrasta com a «corrupção» e a «concorrência desleal» que sã referidas como existentes; cujo corolário da situação acaba por ser radicada na situação de não haver árbitros portugueses pré-designados para o Mundial 2006.

Sendo preciso «começar por algum lado», as sugestões apresentadas englobam um «plano de contabilidade adequado»; uma «arbitragem acima de todas as suspeitas»; e uma «justiça desportiva autónoma».

No seguimento, é proposta então uma «fiscalização única» com «independência de quem fiscaliza» para a «totalidade dos agentes do futebol». A independência da arbitragem em relação à Liga e à FPP é também defendida com a própria organização desta nova instância a ser marcada pela separação entre quem gere o sector e quem classifica os árbitros.

A nova estrutura proposta deverá também ser ela própria fiscalizada por um Conselho Superior de Arbitragem a ser criado. Assim como também é proposta a criação de um Tribunal Desportivo. Para que tudo isto aconteça colocando a Liga nas funções que deve ter como associação dos clubes é referido como condição essencial que o poder político imponha a nova realidade.

Mais adiante, o Maisfutebol apresenta-lhe o manifesto de Sporting e Benfica mais em pormenor com as explicitações dadas na apresentação do documento por Luís Filipe Vieira e Dias da Cunha.