sexta-feira, agosto 29, 2008

Eu vou de longe!

Lutando para que a festa continue, nada que não tenham feito milhões de Portugueses e muitos de uma forma bastante mais implicada, aqui vou eu, colaborar com aqueles que levantam a festa cada ano.

Depois de uma referência a um dos grandes Humanistas do nosso país, no video abaixo poderão ver um grande Comunista e o que para este significa a festa do Avante:

O que experimento quando começo uma viagem com este objectivo.. Será mais fácil cantando:


Sábado, 06, no pavilhão do Alentejo, lá estaremos, um jantar em liberdade!

quinta-feira, agosto 28, 2008

Um futuro sem medo?

(Exemplos em videos de muita curta duração. Anúncio da morte de Allende pelo próprio)
Começando o povo a erguer a voz e reclamando o que lhe pertence sem medo a lutar por isso.

Levando a cabo uma revolução para quem a necessitava, sem a prepotência bacôca de pseudo-politicos como a corja que nos vem roubando, conseguiu unir mentalidades da mais dispares, olhando sempre para o povo como eixo central das modificações que implementou no governo dos trabalhadores para os trabalhadores e desapareceu legando a liberdade e os direitos inerêntes à condição humana. Contudo, deixou também a certeza de que o mundo pode e deve ser melhor, bastando para tal tomar como base as conclusões de quem materializou os ideais da revolução.

Depois, de uma forma mais ou menos coerênte, muitos tentaram seguir-lhe o exemplo, acreditar que isto realmente não tem que ser assim, que estamos aquí para viver em paz connosco e com os nossos semelhantes, mas, e mesmo sendo o primero marxista eleito por sufrágio, provavelmente demasiado tarde, alguns, como neste caso, deram-se conta que nem tudo o que parece humano o é, existem vampiros com aparência humana, lobos com pele de Carneiro ou minotauros que de homem só do tornozelo para Baixo.

Mas, a luta continuou, a opressão derivou na identificação dos revolucionários com a victoria já alcançada, permitindo que alguns corajosos - desses que não têm medo do imperialismo estrangulador - se unissem e derrubassem os tiranos, isto aconteceu em Cuba.

África.

E, dentro das possibilidades, outros que, com mais ou menos clarividência, eram inquietados por uma luz que consideravam excessiva, vendo que ao seu lado o povo continuava a viver na mais absoluta escuridão.

No nosso país, desde há mais de oitenta e cinco anos, o Partido Comunista lutou e luta, apoiado por trabalhadores de todas as areas - como há já setenta anos o provou a Armada Portuguesa, onde se sabe quem foi Bento Gonçalves e da qual eu mesmo fui aluno - para conseguir que Portugal fosse um país minimamente justo, exemplo do Socialismo, e, que conseguiu, depois de muitos sacrificios próprios, assassinados pelo fascismo, presos, torturados e desaparecidos, através da preconização da revolução que foi o 25 de Abril e ainda que alvo dos mais baixos ataques, durante o PREC e com Vasco Gonçalves, establecer as condições estructurais para alcançar esse objectivo mas..

Ouvindo as criticas do verme, dizendo que o partido Comunista o que queria era subir os ordenados, e, logo de seguida, que o PCP o que queria era o socialismo dos pobres, penso que fica clara a intenção manipuladora do filho do Carlucci.
Por outra parte, quem sim afirmava não querer que voltassem os latifundiários, tipo Champalimaud ou Mello - basta ver o artigo relativo à saúde, publicado à três dias, e poderemos ver quem estava certo - era Alvaro Cunhal, encontramos assim, com facilidade, quem enganou o povo do nosso país, quem era o agente perverso e que nos trouxe a este paupérrimo estado de vida, onde os direitos, as garantias sociais, a educação ou a saúde, nos foram, e continuam a ser, paulatinamente retirados.

Fomos comidos com azeite Italiano e pão de milho transgénico mas a solução não está longe:


Basta eleger, votando!

Objectivo? Repressão!

Portugal Diário - Ruben de Carvalho, do comité central do PCP, acredita que a lei do financiamento dos partidos «é uma tentativa de estrangulamento» da Festa do Avante, informa a Lusa.
«Esta é uma daquelas leis feitas já com um destino», afirmou, a propósito do limite imposto pela nova lei no que respeita à angariação de fundos, durante a conferência de imprensa de apresentação do programa. «[A lei] é uma tentativa de estrangulamento da realização da festa, porque não há mais nenhuma iniciativa deste género», justificou.
No texto de introdução ao programa da Festa do Avante lê-se que «a lei dos partidos e do seu financiamento» está «cirurgicamente apontada ao PCP» e «visa pura e simplesmente a liquidação» do Avante.
PCP garante cumprir a lei
A 32ª edição da Festa do Avante! decorre entre 5 e 7 de Setembro, na Quinta da Atalaia, Seixal.
O povo, livre prefere isto*

DN - Tribunal Constitucional. A existência de leis que o PCP considera terem sido feitas para atingir directamente o partido, nomeadamente a do financiamento, leva os comunistas a recorrer ao Palácio Ratton para evitar uma interpretação legal que aparenta ir contra o bom senso da Soeiro Pereira Gomes
O Tribunal Constitucional "vai dirimir" as divergências de interpretação na lei do financiamento dos partidos políticos que penalizam o PCP, afirmou ontem um dos responsáveis comunistas pela Festa do Avante!.
"Os partidos não devem ter limitações" em matéria de recolha de fundos nos eventos que organizam - e de que a Festa do Avante!, assente no voluntariado dos militantes comunistas, constitui o maior exemplo em Portugal, sublinhou Alexandre Araújo, co-apresentador, com Rúben de Carvalho, do programa do evento com que o PCP marca a rentrée política nos dias 5 a 7 de Setembro (na Quinta da Atalaia, Seixal).
Em causa está a interpretação do que são receitas financeiras dos partidos: apenas o que se recebe ou, como sustenta o PCP, o resultado da diferença entre receitas e despesas. Rúben de Carvalho recorreu a um exemplo comum: "Se vier à festa e comprar uma cerveja paga 'x'. Nós defendemos que a receita é o 'x' menos o 'y' que nós pagamos à marca que vende a cerveja". Como "há outra versão que diz que a nossa receita é apenas o 'x'", Alexandre Araújoconcluiu que "o Tribunal Constitucional vai dirimir" essa diferença de interpretações.
"No resultado líquido nós cumprimos a lei", garantiram os responsáveis do PCP, pois a sua contabilidade coloca-os abaixo do limite de 1500 salários mínimos mensais - cerca de 600 mil euros - definidos pela lei do financiamento dos partidos (aprovada em 2005).
No editorial que acompanha o programa da Festa, entregue aos jornalistas, o PCP explica que a Festa do Avante! continua a ser um alvo a abater por parte dos inimigos políticos - já não à bomba, como há três décadas, mas com instrumentos legais como as leis dos partidos e do seu financiamento. "Trata-se, nos dois casos, de leis que só existem... porque existe o PCP e existe a Festa do Avante!", com a segunda a "visar pura e simplesmente a liquidação" da festa.
FARC
Temas como o Código do Trabalho, o desemprego, a paralisação da economia nacional e os riscos de uma "recessão real", a falta de saídas que o Governo revela para lidar com o esse problema ou "a subserviência à preocupação doentia com o défice" devem dominar o discurso com que o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, vai encerrar a Festa do Avante!, admitiu Rúben de Carvalho, também membro da direcção do partido.
O que não pode nem deve marcar esse evento, como sucedeu no passado, é a presença dos representantes do PC colombiano - considerado por alguns sectores como o braço político das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) -, enfatizaram os dirigentes comunistas. Isso "não é verdade", declarou Rúben de Carvalho. "O PC da Colômbia é um partido legal, com deputados eleitos, com senadores eleitos", enquanto as FARC "são uma força de guerrilha" e clandestina, cuja qualificação (pelos EUA e pela UE) como organização terrorista "não é subscrita" pelo PCP. Mais, segundo assinalou uma outra fonte ao DN, até o Governo francês decidiu há dias condecorar o dirigente comunista colombiano Carlos Lozano como Cavaleiro da Legião de Honra (a mais alta condecoração da República Francesa).
Sobre a vertente cultural - música, teatro, exposições, livros, desporto, - de uma festa dirigida a "vários tipos de público", Rúben de Carvalho destacou a primeira gala de ópera que se realiza logo no primeiro dia e que recupera as "grandes tradições de gosto popular" pela música erudita em Portugal. Com bilhetes cujo preço varia entre os 18,50 (compra antecipada) e os 27 euros (nos dias do evento), a Festa oferece ainda o espectáculo de um grupo de gospel, formado inteiramente por imigrantes lusófonos radicados em Portugal, ou o de um jovem de 15 anos que já é considerado como a revelação do blues britânico.
O sonho dos vampiros, é isto*

(Video do Xatoo, link na barra lateral)

quarta-feira, agosto 27, 2008

Como se define e como se definirá "Crime"?

Portugal Diário - A Associação Sindical dos Juízes Portugueses critica as Leis de Organização e Investigação Criminal e de Segurança Interna mas não comenta a sua promulgação pelo Presidente da Republica, afirmou esta segunda-feira à agência Lusa o presidente daquela organização.
A Associação Sindical dos Juízes Portugueses entende que «pode ser colocada em causa a autonomia do Ministério Público», afirmou à agência Lusa o representante da organização, António Martins.
O magistrado explicou que com a aprovação destas leis «o executivo político pode ter acesso a informações constantes em processos de investigação criminal», dando como exemplo, escutas telefónicas, informação bancária, informações das forças e serviços de segurança além de dados considerados classificados.
Cavaco promulga Lei de Segurança Interna
O juiz entende que a criação do cargo de secretário-geral do Sistema de Segurança Interna representa um «excesso de concentração de poderes, num Estado de direito».
António Martins afirmou ainda que «o princípio de interdependência de poderes pode estar em causa» e que é um «risco grande, os poderes delegados», pelo primeiro-ministro, na figura do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna.
Magistrados do Ministério Público não comentam
Por seu lado, o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público «não se pronuncia sobre a promulgação das Leis», afirmou hoje à agência Lusa o representante da organização, António Cluny.
«Não compete ao Sindicato pronunciar-se sobre as decisões do Presidente da República», disse Cluny, adiantando que «não irá emitir qualquer opinião sobre a decisão de promulgação».
António Cluny, referiu no entanto, que o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público mantém uma «opinião crítica sobre a Lei de Organização e Investigação Criminal».
No seu entender, esta lei «introduz confusão na articulação do sistema» e as leis hoje promulgadas «condicionam o Ministério Público».
Expresso - Ainda segundo o ministro da Administração Interna, a Lei de Segurança Interna "reflecte um balanço entre liberdade e segurança, permitindo uma repressão mais eficaz" à criminalidade.
Também o ministro da Justiça, Alberto Costa, explicou que, com objectivos de eficácia e economia, se decidiu atribuir ao secretário-geral de Segurança Interna "a missão de velar pela coordenação, cooperação e efectividade da partilha de informações entre órgãos de polícia criminal".
Menos mal que a PIDE é história!?

Público - O PCP põe em causa a constitucionalidade das leis de segurança interna e de organização de investigação criminal, que foram promulgadas pelo Presidente da República. O PCP considera as duas leis de "duvidosa constitucionalidade", uma vez que "há uma intromissão do Executivo no poder judicial", uma "governamentalização das forças de segurança" encarregues da investigação criminal.
José Neto, da Comissão Política do PCP sustentou que a Lei de Segurança Interna prevê "medidas especiais de polícia", como as de fiscalização, revista e interrupção das comunicações, que "põem em causa os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos". Em declarações telefónicas feitas à Agência Lusa, José Neto lembra que estas medidas estão "à revelia do Código do Processo Penal", de "mandado judicial".
Para o PCP, que votou contra as leis, este é um passo em frente para a "concentração de poderes" e a "governamentalização" da polícia criminal. O secretário-geral de Segurança Interna "só responde perante o primeiro-ministro", sendo também "coordenador da investigação criminal", que "regula os órgãos de polícia criminal".

Público - A Lusa tentou ouvir o PSD, que se absteve na votação no Parlamento. O CDS-PP remeteu um comentário para terça-feira. Também não foi possível obter uma reacção do procurador-geral da República, Pinto Monteiro, que efectuou alguns reparos aos diplomas.
O Presidente da República promulgou segunda-feira as Leis de Segurança Interna e de Organização de Investigação Criminal, indicou anteriormente à Lusa fonte da Presidência. As propostas de Lei de Segurança Interna e de Lei de Organização de Investigação Criminal foram aprovadas em Conselho de Ministros a 27 de Setembro e pelo Parlamento a 08 de Maio (pela maioria PS).

terça-feira, agosto 26, 2008

Reestructurar ou despojar??

Com base nas politicas aplicadas pelos governos que a maioria dos Portugueses têm apoiado nos ultimos trinta e três anos, como jogar os nossos impostos na bolsa americana, oferecer terrenos a empresas privadas ou a eliminação da comparticipação em medicamentos fundamentais, depois das ultimas manobras do governo PS (continuação das pseudo-reformas dos governos anteriores) na area da saúde ou dos apoios fiscais a entidades financeiras com interesses directos nessa matéria, o resultado é o seguinte:

"Os portugueses estão a celebrar mais seguros de saúde e a recorrer mais às clínicas privadas que, segundo um estudo divulgado hoje, facturaram 690 milhões de euros em 2007. As 40 empresas gestoras das clínicas privadas existentes em Portugal no ano passado facturaram mais 8% que no ano anterior, revela o relatório "Sanidad Privada" da empresa espanhola DBKA.
Segundo o documento, que apresenta previsões optimistas para o sector, as 40 clínicas ofereciam cerca de 2.200 camas, sendo a região de Lisboa a zona de maior concentração: 16 centros privados e cerca de 1.300 camas. O estudo associa este crescimento do negócio à "crescente penetração dos seguros de saúde" entre os portugueses.
Tal como as clínicas privadas, também as seguradoras estão a facturar mais: 440 milhões de euros em 2007, mais 7,8% que no ano anterior. De acordo com um estudo da Marktest disponível na Internet e divulgado em Junho deste ano, 1,9 milhões de portugueses possuíam seguro de saúde naquela data, ou seja, 22,6%da população residente no Continente com 15 ou mais anos.
Ainda segundo o estudo espanhol, existe uma forte concentração de oferta em torno dos cinco grandes grupos seguradores. A quota conjunta das companhias Fidelidade Mundial, Ocidental, Império Bonança, Victoria e Allianz representa 74% da oferta.
Também as cinco principais gestoras de clínicas privadas - José de Mello Saúde, Grupo Espírito Santo Saúde, HPP, Grupo Português de Saúde e Clisa - reuniam no ano passado cerca de 80% do mercado de oferta.
O relatório revela ainda que as previsões para o exercício de 2008 apontam para uma manutenção da tendência de crescimento do volume de negócio, "tanto no mercado de clínicas privadas como no de seguros de saúde".
Depois:

Conclusão:
Pelos dados apresentados, o governo expressa o seguinte: -Será melhor que não percas o emprego, que a tua mulher ou o teu marido e o teu filho (sempre que maior de 14 anos) comecem a trabalhar - se não o fazem já - de imediato, que inventes a forma de ganhar pelo menos 2,5 ordenados minimos. Que não adoeças, que se tiveres que baixar a cabeça ao inepto acunhado de turno o faças sem respingar, que se necessário trabalhes treze horas por dia e os fins de semana, tudo isto sem contestação e que contemples o direito de pernada como um elemento cultural de estilo retro, que pode chegar a constituir uma realidade num futuro quase imediato. O fundamental é que saibas que, a economia do teu país depende de ti, o governo conta com o teu esforço e com o da tua familia para tornar Portugal num país mais pobre, esperamos que saibas o quão importante é que te assumas como um escravo moderno, é importantissimo modernizar a nação! Assim, já começámos, e só um povo unido nos poderia parar, a destruir todo este podre sistema de saúde, que mais não é que uma lembrança do 25 de Abril e que está feito para uma população sem recursos, para esmolas está a "AMI".

segunda-feira, agosto 25, 2008

Personificação do fascismo!

Da mesma forma que o blog do Castendo, a quem desde já agradeço a denuncia, e por não querer, dentro de uma ditadura de adormecimento e alienação, forjada mesmo através de um estado de repressão militarizada e policial, assumir esta ilegalidade, aqui deixo constância da situação ocorrida em Portugal, contra a voz do povo e contra a luta por uma vida melhor de todos os Portugueses que o Partido Comunista Português leva a cabo desde há mais de 80 anos, depois de sofrer assassinatos, prisão e tortura dos seus militantes durante a maior parte desse tempo.
Por outra parte quero lembrar que, no relativo aos demais partidos satelite do binómio que nos despoja de direitos, liberdades e sobretudo do essencial da condição de ser humano dos meus conterrâneos, nunca foi exercido qualquer tipo de censura institucional (mesmo no concernente a partidos com muito menos voz, como o BE ou fascistas como o CDS), afirmando-se assim, uma vez mais, o PCP, como o unico partido capaz de evitar a legalização da escravatura no nosso país e veiculo fulcral para elevar a vontade do povo e suas inquietações à assembleia da República.
"PCP processa Câmara de Viseu por destruição de propaganda
1 – Hoje à tarde, dia 11 de Agosto/08 retomando práticas que pensávamos afastadas da vida política local, a Câmara Municipal de Viseu, num acto de inqualificável prepotência anti-democrática, mandou destruir a propaganda do PCP afixada em diversos locais da cidade relativa à Festa do Avante 2008.
2 – Este acto persecutório contra o PCP constitui uma grosseira violação da Constituição da República Portuguesa, nomeadamente do seu Artigo 37º, que consagra o direito à liberdade de expressão e propaganda, e afronta os acórdãos do Tribunal Constitucional, especificamente o 258/2006 e vários pareceres da Comissão Nacional de Eleições (CNE) que reafirmam que “nenhuma Câmara Municipal pode produzir regulamentos que determinem outras regras para além das que a Lei geral estabelece” e que “a liberdade de propaganda é aplicável durante os períodos eleitorais como fora deles”.
3 – Sabendo que está a violar as leis da República e a atentar contra os direitos democráticos e a vida democrática na cidade de Viseu, (apenas a propaganda política do PCP foi removida) o PCP não vê outra razão para esta sanha persecutória da Câmara, que não seja a de deliberadamente “eliminar” a forte presença política do Partido na cidade e no Concelho em vésperas de importantes actos públicos.
4 - O que é ainda mais lamentável é que esta atitude de intolerância política para com o PCP, contrasta com a conivência que a mesma Câmara tem mantido perante a avassaladora publicidade exibida nos mesmos espaços pelo grande comércio (leia-se grandes superfícies comerciais) que muito tem contribuído para desgraçar o comércio tradicional de Viseu.
5 - O PCP e a população sabem que o Dr. Fernando Ruas tem um elevado conceito de democracia, bem expresso na sua solução de mandar “correr à pedrada” os funcionários do estado que exigiam que se cumprisse a lei. Mas o PCP não se deixará intimidar por esta atitude anti-democrática. Por esta ofensa aos direitos políticos e constitucionais apresentámos hoje mesmo uma queixa/crime na polícia contra a Câmara Municipal de Viseu e prosseguiremos com a colocação de propaganda, no exercício pleno das liberdades que ajudámos a conquistar e pelas quais estamos dispostos a lutar com todas as nossas forças.
6 – Por último, o PCP chama a atenção das outras forças democráticas, nomeadamente aquelas representadas no Executivo e na Assembleia Municipal de Viseu, para a gravidade deste acto censório da Câmara Municipal e para a necessidade de se demarcarem e denunciarem este grave atentado.
DOR Viseu do PCP"
Será esta uma noticia suficientemente alarmante para que qualquer bloguer, que tenha como fundamento a defesa da liberdade de opinião, ainda que não vote no PCP, divulgue o retorno da censura fascista no nosso país?

5ª fase de reprivatização da GALP

Um duro golpe para a economia e soberania nacionais
(Nota do Gabinete de Imprensa do PCP)

Face à decisão do Conselho de Ministros de privatizar a última tranche de capital que o Estado actualmente detém directamente na Galp Energia, o PCP considera:

Que esta decisão é contra a economia e a soberania nacionais, logo contra os interesses dos trabalhadores e da esmagadora maioria do povo português, tanto mais gravosa quando, numa situação de crise económica e energética mundiais, é por de mais evidente a importância da participação do Estado em sectores chave da economia, especialmente no sector energético, como garante da soberania do país e da capacidade de intervenção directa na política de preços dos combustíveis e do restante sector energético.
O descontrolado aumento dos combustíveis que tão graves repercussões tem em diversas camadas sociais e sectores económicos, aconselharia o governo a aproveitar todas as possibilidades que a sua influência e poder de decisão na Galp lhe permitem, de molde a salvaguardar os interesses nacionais, em detrimento da apropriação pelo capital privado de elevadíssimos lucros.
A alienação dos 7% do capital do Estado na Galp surge num contexto em que o discurso do Governo PS hipervaloriza o equilíbrio das contas públicas em detrimento do crescimento económico e de uma justa distribuição da riqueza nacional.
Desta forma, o Governo PS abdica de vultosas receitas para o estado, entregando ao capital privado a totalidade de uma empresa chave da economia portuguesa, uma empresa que nos últimos anos tem apresentado lucros fabulosos e que só no 1º trimestre do corrente ano obteve 250 milhões de euros de lucro.

domingo, agosto 24, 2008

Kaizen socialista?

Considerando os imediatos à revolução de 1917, o NEP de Lenin e Bukharin, e num hipotético cenário de um Portugal Socialista ou mesmo num periodo de Comunismo de guerra mas no qual a nacionalização se encontrasse numa fase pós-embrionária, incluido num plano tipo quinquenal, penso que o Kaizen, assumindo-o como evolução positiva da aberração taylorista e com o objectivo de conseguir o necessário aumento de productividade defendido por Lenin, poderia ser uma base de trabalho para a melhoria de qualidade de vida dos Portugueses, incorporando-lhe elementos base do Marxismo-Leninismo e partindo do respeito pelos três principios fundamentais desta filosofia:

O Gemba - Grupos de trabalho para a optimização, composto de técnicos superiores formados dentro do conceito básico do mesmo Kaizen, melhoria continua de todos os aspectos da producção e assim dos trabalhadores.
O Gembutsu - A necessidade de, para resolver qualquer problema ou desenvolver positivamente qualquer iniciativa, estar o mais perto possivel da actividade, o que permite ao trabalhador ser um elemento fundamental na resolução de qualquer problemática.
O Genjitsu - A análise da situação real e global do motivo, ou motivos, que estão no cerne de qualquer necessidade ou oportunidade de evolução, incorporando trabalhadores de todas as etapas de conhecimento, ao processo.


A definição Wikipédica da utilização actual desta filosofia é a seguinte:
"Kaizen (do japonês 改 善, mudança para melhor) é uma palavra de origem japonesa com o significado de melhoria contínua, gradual, na vida em geral (pessoal, familiar, social e no trabalho).

Nos anos 50, os japoneses retomaram as idéias da administração clássica de Taylor e as críticas delas decorrentes para renovar sua indústria e criaram o conceito de Kaizen, que significa aprimoramento contínuo. Essa prática (exprimindo uma forte filosofia de vida oriental e sendo, por sua vez também, uma filosofia, uma cultura) visa o bem não somente da empresa como do homem que trabalha nela. As empresas são municiadas com ferramentas para se organizarem e buscarem sempre resultados melhores. Partindo do princípio de que o tempo é o melhor indicador isolado de competitividade, atua de forma ampla para reconhecer e eliminar os desperdícios existentes na empresa, sejam em processos produtivos já existentes ou em fase de projeto, produtos novos, manutenção de máquinas ou, ainda, processos administrativos.

´Hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje!´

Para o Kaizen, é sempre possível fazer melhor, nenhum dia deve passar sem que alguma melhoria tenha sido implantada, seja ela na estrutura da empresa ou no indivíduo. Sua metodologia traz resultados concretos, tanto qualitativamente, quanto quantitativamente, em um curto espaço de tempo e a um baixo custo (que, conseqüentemente, aumenta a lucratividade), apoiados na sinergia gerada por uma equipe reunida para alcançar metas estabelecidas pela direção da empresa.

O Sistema de produção Toyota é conhecido pela sua aplicação do princípio do Kaizen."

Uma analogia conhecida é a de uma história chamada "O Tesouro de Bresa", onde um pobre alfaiate compra um livro com o segredo de um tesouro. Para descobrir o segredo, ele tem que decifrar todos os idiomas escritos no livro. Ao estudar e aprender estes idiomas, começam a surgir oportunidades, e ele lentamente (de forma segura) começa a prosperar. Depois, é preciso decifrar os cálculos matemáticos do livro. É obrigado a continuar estudando e se desenvolvendo, e a sua prosperidade aumenta. No final da história, não existe tesouro algum - na busca do segredo, a pessoa se desenvolveu tanto que ela mesma passa a ser o tesouro. O processo de melhoria não deve acabar nunca, e os tesouros são conquistados com saber e trabalho. Por isso, a viagem é mais importante que o destino.

Existem caracteristicas, como o "muda", que estão em perfeita sintonia com o Socialismo, e tu, pensas que tal seria possivel?

sexta-feira, agosto 22, 2008

Manipulação??

Depois de ler o ultimo post do “Blasfémias”, interesando-me algo mais a fundo no seu conteúdo que o que sería de esperar, encontro uma reportagem que vai ao encontro das denuncias que, da mesma forma que outros muitos bloguers, tenho tentado levar a cabo sobre a manipulação vergonhosa, da opinião publica, desenvolvida de acordo à estratégia para cumprir a já conhecida “AGENDA CLUBE DE ROMA/BILDERBERG".

Reparem nas distancias indicadas a vermelho.
Ouve uma perturbação espaço/tempo ou existe algum tipo de manipulação? E no relativo a esta fotografia? Vêm o como sofre o cidadão? Ainda o vêm? Será outra perturbação? No relativo a este clip, suponho que nem faça falta qualquer tipo de consideração, exceptuando que um morto, como o actor transportado, não se agarra aos braços da enfermeira mesmo que esta seja a Eva Longoria.
A revolução é hoje, se não a empreêndermos seremos coniventes com a destruição da liberdade e da condição de ser humano dos nossos filhos.

Organização popular?!

Realidade ou falta de Prozac??

O Clube de Roma é um grupo de pessoas ilustres que se reunem para debater um vasto conjunto de assuntos relacionados a política, economia internacional e , sobretudo, ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Foi fundado em 1968 por Aurelio Peccei, industrial e académico italiano e Alexander King, cientista escocês.
Tornou-se um grupo muito conhecido em 1972 devido à publicação do relatório elaborado por uma equipe do MIT, contratada pelo Clube de Roma e chefiada por Meadows, intitulado Os Limites do Crescimento, que vendeu mais de 30 milhões de cópias em 30 idiomas, tornando-se o livro sobre ambiente mais vendido da história.
O referido Relatório tratava essencialmente de problemas cruciais para o futuro desenvolvimento da humanidade tais como:
energia, poluição , saneamento, saúde, ambiente, tecnologia , crescimento populacional dentre outros.
Utilizando modelos matemáticos o MIT chegou a conclusão que o Planeta Terra não suportaria mais o crescimento populacional devido à pressão sobre os recursos naturais e energéticos e o aumento da poluição, mesmo considerando o avanço das tecnologias.
O actual presidente do grupo é o Príncipe El Hassan bin Talal da Jordânia. Outros membros activos são Benjamin Bassin, a Rainha Beatriz dos Países Baixos, Juan Luis Cebrian (Convidado de honra do jornal Expresso aquando do seu aniversário, figurando o seu spot de opinião na primeira linha do apartado correspondente, justamente ao lado de Balsemão), Orio Giarini, Talal Halman, Javier Solana, Mugur Isărescu, Kamal Hossain, Esko Kalimo, Ashok Khosla, Martin Lees, Roberto Peccei, Maria Ramirez Ribes, Victor A. Sadovnichy, Adam Schaff, Majid Tehranian, Raoul Weiler, Anders Wijkman, Fernando Henrique Cardoso e Mikhail Gorbachev.
http://www.sthopd.net/(eCards website to limit human population growth)
http://www.wisart.net/(On-line slideshow about limiting human population growth)
http://www.mega.nu:8080/ampp/bilderberg.html
http://www.spaceship-earth.org/PoS/Plundering_of_a_planet.htm Our collective denial of the limits to growth
http://www.theforbiddenknowledge.com/hardtruth/clubofrome.htm
http://www.abes-dn.org.br/
http://www.uniagua.org.br/website/default.asp
http://www.clubofrome.org/
http://www.gmfus.org/template/index.cfm
http://www.tavinstitute.org/
http://www.sri.com/
http://www.cfr.org/
http://www.trilateral.org/
Morgenthau Group Financial Corporation
Rios, Jorge L. Paes - " Modelos Matemáticos de auto-depuração dos cursos d´água " - Cap. 1 - Introdução. Poluição e o Relatório do Clube de Roma. - LNEC - Lisboa, 1974. Tese para Especialista do LNEC.

Contudo, ainda que já mostrado em videos norte-americanos, também em Espanha existe quem denuncie estes propósitos. Em castellano:

No perfil deste Blogue existem, também, outros quatro blogues bastante curiosos:
http://senhoresdomundo.blogspot.com/

quinta-feira, agosto 21, 2008

Apostar pela "Inferência"?

O Obscurantismo é um hábito absolutamente anti-ético de ocultar factos e argumentos que possam denunciar ou contradizer, actos, opiniões, argumentos e afirmações de certos grupos que se arvoram donos da verdade. O obscurantismo é uma actitude, política, religião ou doutrina que se opõe a difusão dos conhecimentos científicos entre as classes populares. Obscurantismo, é um estado de espírito oposto à razão e ao progresso intelectual e material; um desejo de não instrução, um estado de completa ignorância; doutrina contrária ao progresso.
Por outra parte, a ética tem sido aplicada na economia, política e ciência política, conduzindo a muitos distintos e não-relacionados campos de ética aplicada, incluindo: ética nos negócios e Marxismo.
Em Filosofia, o comportamento ético é aquele que é considerado bom, e, sobre a bondade, os antigos diziam que: o que é bom para a leoa, pode não ser bom para a gazela, e, o que é bom para a gazela, fatalmente não será bom para a leoa. Este é um dilema ético típico.
Moral e ética não devem ser confundidos: enquanto a moral é normativa, a ética é teórica, e buscando explicar e justificar os costumes de uma determinada sociedade, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns.
Em ética a liberdade costuma ser considerada um pressuposto para a responsabilidade do agente, para o desenvolvimento de seu ambiente, de suas estruturas para conseguir, no final, satisfação para o meio.
Em filosofia, "liberdade" designa, de uma maneira negativa, a ausência de submissão, de servidão e de determinação, isto é, qualifica a independência do ser humano. De maneira positiva, liberdade é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. Isto é, ela qualifica e constitui a condição dos comportamentos humanos voluntários.
A liberdade humana revela-se na angústia. O homem angustia-se diante de sua condenação à liberdade. O homem só não é livre para não ser livre, está condenado a fazer escolhas e a responsabilidade de suas escolhas é tão opressiva que surgem escapatórias através das actitudes e paradigmas de má-fé, onde o homem se alheia da sua própria liberdade, mentindo para si mesmo através de conductas e ideologias que o isentem da responsabilidade sobre as suas próprias decisões.
A palavra alienação tem várias definições: cessão de bens, transferência de domínio de algo, perturbação mental - na qual se registra uma anulação da personalidade individual-, arrombamento de espírito, loucura. A partir desses significados traçam algumas directrizes para melhor analizar o que é a alienação, e assim buscar alguns motivos pelos quais as pessoas se alienam. Ainda assim, os processos alienantes da vida humana foram tratados de maneira atemporal, defraudada, abstraída do processo sócio-econômico concreto.
A alienação trata-se do mistério de ser ou não ser, pois uma pessoa alienada carece de si mesma, tornando-se a sua própria negação.
Karl Marx, filósofo alemão, se preocupava muito com a questão da alienação do homem, principalmente em duas de suas obras, “Os “Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844” e “Elementos para a Crítica da Economia Política” (1857-58)”, nos quais procurava demonstrar a injustiça social que havia no capitalismo, afirmando que se tratava de um regime econômico de exploração, sendo a mais-valia uma grande arma do sistema. Assim, a alienação manifesta-se a partir do momento que o objecto fabricado se torna alheio ao sujeito criador, ou seja, ao criar algo fora de si, o funcionário se nega no objecto criado. As indústrias utilizam de força de trabalho, sendo que os funcionários não necessitam ter o conhecimento do funcionamento da indústria inteira, a produção é totalmente colectivizada, necessitando de vários funcionários na obtenção de um produto mas nenhum deles dominando todo o processo - individualização.
Por isso, a alienação no trabalho é gerada na sociedade devido à mercadoria, que são os produtos confeccionados pelos trabalhadores explorados, e o lucro, que vem a ser a usurpação do trabalhador para que mais mercadorias sejam produzidas e vendidas acima do preço investido no trabalhador, assim rompendo o homem de si mesmo. "A actividade produtiva é, portanto, a fonte da consciência e, a ‘consciência alienada’ é o reflexo da actividade alienada ou da alienação da actividade, isto é, da auto-alienação do trabalho."
No entanto, a produção depende do consumo e vice-versa. Sendo que, o consumo produz a produção, e, sem o consumo, o trabalhador não produz. A produção consome a força de trabalho, também sustentando o consumo, pois cada mercadoria consumida transforma-se uma mercadoria a ser produzida. Por conseguinte, ao se consumir um produto que não é por si produzido fecha-se o ciclo de alienação. Considerando que, quando um produto é comprado estará alimentando pessoas por um lado e por outro colaborando com sua alienação e sua respectiva exploração.
Por outra parte, há também a questão de alimentar a alienação, sendo outro aspecto prejudicial em relação ao consumo, referindo-nos à propaganda dos produtos, ajudando a manipular os homens, tendo como objectivo relacionar o produto com o consumidor e seu entorno, apropriando-se da sua vontade e atingindo seu propósito a partir do momento que o produto é consumido, provocando uma sensação de humanização aquando da sua aquisição.
Em síntese, para melhor compreender o problema da alienação é importante observar duas paradoxas: Por um lado, ocorre a ruptura do indivíduo com o seu próprio critério e acontece uma síntese de ruptura que apresenta novas possibilidades de diminuir dita alienação. Noutro sentido, apresenta-se como uma contradição externa, sendo que, o capitalismo, ao inibir o individuo de usufruir em pleno das suas características humanas, leva-o a lutar pela reapropriação da sua condição.
Após confrontar a economia política, lançando pela primeira vez o termo “alienação no trabalho” e suas conseqüências no cotidiano das pessoas, Marx expõe pela primeira vez a alienação da sociedade burguesa – fetichismo, que é o facto da pessoa idolatrar certos objetos (automóveis, jóias, etc). O importante deixam de ser os sentimentos, a consciência, os pensamentos, mas sim o que a pessoa tem. Sendo o dinheiro o maior fetiche desta cultura, tornando os bens materiais no verdadeiro semi-deus Aristotélico, elevando o estatuto dos elementos do seu grupo a deuses, aqueles que lhe permitem fazer parte da tribu que é o entorno socio-cultural no qual se insere.
Muito importante também, é destacar que a alienação se estende por todos os lados, todos os dias, mas que não se trata de produto da consciência coletiva. A alienação somente constrói uma consciência fragmentada, que vem a ser a visão que a maioria das pessoas tem de um determinado assunto, algumas alienadas sem saber e outras que, amedrontadas, não esboçam nenhum posicionamento.

“O maior dos castigos é ser-se governado por quem é pior do que nós, quando renunciamos a governarmo-nos nós mesmos.”
Um ser humano que, por assumir-se como tal, com um gesto, desvirtúa o discurso obscurantista fascista.
Mas, a situação não é, hoje, - ainda que maquilhada pela demagogia - similar?

Os criadores de arte necessitam abstrair-se, derivado dessa necessidade, o resultado é descubrir uma realidade que está mesmo aí, debaixo do tapete.


(Excertos de alguns textos e traduções em Português do Brasil, corrigidos e complementados)

terça-feira, agosto 19, 2008

Muhammad Yunus, revolucionário?

Muhammad Yunus, em bengali: মুহাম্মদ ইউনুস Muhammod Iunus, (Chittagong, 28 de junho de 1940) é um economista e banqueiro de Bangladesh.

Em 2006 foi laureado com o Prémio Nobel da Paz. É autor do livro Banker to the poor (em Portugal, O banqueiro dos pobres). Pretende acabar com a pobreza através do banco que fundou, do qual é presidente e o governo de Bangladesh é o principal acionista, o Grameen Bank, que oferece ativamente microcrédito para milhões de famílias. Yunus afirma que é impossível ter paz com pobreza.
Muhammad Yunus formou-se em Economia em Bangladesh, doutorou-se nos EUA e foi professor na Universidade de Dhaka. Em 1976, constatou as dificuldades de pessoas carentes em obter empréstimos na aldeia de Jobra, em um Bangladesh empobrecido e recém-separado do Paquistão. Por não poderem dar garantias, os bancos recusavam-lhes as pequenas quantias que permitiriam comprar materiais para trabalhar e vender, e os usureiros taxavam os empréstimos com juros altos.
Muhammad Yunus criou então o Banco Grameen, que empresta sem garantias nem papéis, sendo, sobretudo, procurado por mulheres: elas são 90% dos 7,5 milhões de beneficiários. A taxa de recuperação é de 98,85%.
A palavra "microcrédito" não existia até a década de 1970. Yunus cunhou-o para designar um tipo muito específico de crédito, que ele concebera, e cujo objeto principal não são os pequenos produtores, mas sim as populações pobres, que não têm, absolutamente, acesso a qualquer outro tipo de crédito.
Yunnus concebeu, e conseguiu implantar, a mais conhecida e bem-sucedida experiência de microcrédito do mundo. Yunus a iniciou em 1976, concedendo empréstimos de pequena monta, com seus próprios recursos, para famílias muito pobres de produtores rurais, focalizando principalmente nas mulheres. Os bons resultados obtidos nessa primeira fase do projeto o levaram a expandir suas operações com recursos de terceiros.

Explica Muhammad Yunus:

O "Grameencredit" (crédito do Banco Grameen) baseia-se na premissa de que os pobres têm habilidades profissionais não utilizadas, ou subutilizadas. Definitivamente não é a falta de habilidades que torna pobres as pessoas pobres. O Grameen Bank acredita que a pobreza não é criada pelos pobres, ela é criada pelas instituições e políticas que o cercam. Para eliminar a pobreza, tudo o que temos de fazer é implementar as mudanças apropriadas nas instituições e políticas, e/ou criar novas instituições e políticas(...) o Grameen Bank criou uma metodologia e uma instituição para atender às necessidades financeiras dos pobres e criou condições razoáveis de acesso a crédito, capacitando os pobres a desenvolverem suas habilidades profissionais para obter uma renda maior a cada ciclo de empréstimos."

O "Grameencredit":

a) Promove o crédito como um dos direitos humanos;

b) Sua missão principal é auxiliar as famílias pobres a se ajudarem a superar a pobreza. É dirigido aos mais pobres, especialmente às mulheres pobres;

c) Uma das características mais destaca o "Grameencredit" é que não é baseado em qualquer garantia real, nem em contratos que tenham valor jurídico. É baseado exclusivamente na confiança, e não no Direito ou em algum outro sistema coercitivo.

d) É oferecido no intuito de gerar auto-empregos, fomentando atividades que criem rendas para os pobres, ou ainda para a construção de sua habitação, ao contrário dos empréstimos destinados ao consumo;

e) Foi criado para enfrentar os bancos tradicionais, que rejeitam os pobres - para eles considerados "indignos de crédito". Em conseqüência disso, o "Grameencredit" rejeita a metodologia bancária tradicional e criou sua metodologia própria;

f) Oferece seus serviços na porta da casa dos pobres, adotando o princípio de que as pessoas não devem ir ao banco mas sim o banco às pessoas;

g) Para obter um empréstimo um tomador tem que se reunir a um grupo de tomadores, que ficam moralmente responsáveis por seu pagamento;

h) Os empréstimos podem ser obtidos numa seqüência sem fim. Novos empréstimos tornam-se disponíveis se os anteriores estiverem sendo pagos;

i) Todos os empréstimos devem ser pagos em pequenas prestações, semanais ou bi-semanais;

j) Mais de um empréstimo pode ser concedido, simultaneamente, ao mesmo tomador;

k) Os empréstimos são sempre vinculados a planos de poupança para os tomadores, obrigatórios e voluntários, ;

l) Geralmente esses empréstimos são concedidos por instituições sem fins lucrativos, ou por instituições cuja propriedade é controlada, majoritariamente, pelos próprios tomadores. O "Grameencredit" procura operar a uma taxa de juros o mais próximo possível dos juros do mercado local, cobrando a taxa básica (no Brasil seria a taxa SELIC), não a taxa cobrada pelos emprestadores tradicionais. As operações do "Grameencredit" devem ser auto-sustentáveis.

m) A prioridade do "Grameencredit" é construir o "capital social". Isso é obtido pela criação de grupos e centros, destinados a desenvolver lideranças. O "Grameencredit" dá uma ênfase toda especial à "formação do capital humano" e à proteção do meio-ambiente.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Revolução cibernética??

Utilizando as suas próprias armas, hoje, destruir o sistema capitalista através da sua estructura electrónica não é nada utópico (basta a vontade).
As consequências de uma acção concertada que vise a eliminação de um aspecto fundamental da orgânica da ditadura actual seríam o despoletar da clivagem, a imposição de um modo de utilização de uma rede que, neste momento, serve também para unir os inconformistas quem começam a danificar - denunciando - a consecução de qualquer projecto com base em procedimentos herméticos, daría passo à clandestinidade, tornando mais fácil justificar a eliminação dos tais ¿80%? da população que, segundo Rockefeller, sobram no planeta.
Por outro lado, a solidariedade ver-se-ía enaltecida, por familiares, amigos ou conhecidos, uma vez que declarando ilegais aqueles que defendem o mundo desta ameaça que é o capitalismo derivaría na mobilização de muitos tolerantes, acredito que não se aceitasse de ânimo leve por todos nós.
Assim, com base na noticia publicada hoje no "Portugal Diário", penso que é hora de promover a "contaminação" de todos os sistemas electrónicos do império e suas sucursais, obrigar os capatazes a virem falar com o Povo, não para o povo!

"A próxima grande acção militar ou ataque terrorista nos Estados Unidos, quando e se acontecer, pode não envolver aviões ou bombas. Em vez disso, o ataque pode ser levado a cabo no ciberespaço por «hackers» do outro lado do mundo, refere a CNN.
Especialistas em Internet acreditam que este tipo de ataques pode ser tão devastador para a economia e infra-estruturas dos Estados Unidos como uma potente bomba. Existem exemplos de «guerra online» muito recentes como é o caso do ataque da Rússia à Geórgia que foi precedido por uma incursão na Internet aos sites governamentais da Geórgia. Este é um sinal de um novo tipo de guerra, a «ciberguerra», para a qual os Estados Unidos não estão devidamente preparados.
«Ninguém inventou ainda uma forma de prevenir este tipo de ataques, mesmo aqui nos EUA», afirmou Tom Burling, chefe executivo da Tulip Systems, em Atlanta. A empresa chegou mesmo a voluntariar-se para desenvolver um sistema de protecção para a Geórgia prevenindo o tipo de ataque de que foram vítimas.
«Os EUA são provavelmente mais dependentes da Internet do que qualquer outro país no mundo. E devido a esse facto somos os mais vulneráveis do mundo a este tipo de ataques» acrescentou. «Muito do que fazemos está na Internet e tudo isso pode ser destruído de uma só vez».
Geórgia: guerra estende-se à Internet
«Esta é uma questão crucial. A todos os níveis, a nossa segurança está dependente de computadores», afirmou Scott Borg, director da Unidade de Consequências Cibernauticas nos EUA, um instituto de investigação sem fins lucrativos. «É uma área completamente nova. Tanto politica como militarmente os conflitos vão ter quase sempre uma vertente cibernautica. Os alvos principais vão ser infra-estruturas e os ataques vão surgir de dentro, dos nossos próprios computadores».
Os «hackers» trabalharam de forma coordenada nos ataques ao Governo da Geórgia, aos média, aos bancos e aos transportes semanas antes das tropas russas terem invadido o território. Os ataques online passavam pela sobrecarga dos sistemas com milhares de pedidos.
O site do presidente georgiano, Mikheil Saakashvili, foi atacado e durante 24 horas e deixou mesmo de existir. Mas os ataques continuaram quando distorceram a imagem do site do parlamento georgiano com imagens de Adolf Hitler. Saakashvili culpou a Rússia pelos ataques apesar de o Governo Russo negar qualquer envolvimento."

O video abaixo mostra um censo encoberto da população Hacker mais desprevenida, sobretudo malta jovem, potenciais misseis contra o sistema, vale a pena ouvir as declarações do FBI. (Em Castelhano)

O povo só deixará de ser analfabeto informatico quando se considere domesticado!

O individualismo por Salgado..

domingo, agosto 17, 2008

A1: fila de 10 quilómetros até Fátima

Só dando fé!
Depois dos assassinatos, da apología do obscurantismo, do apoio às ditaduras ou da ultima edição do livro das mentiras, ainda há poucos anos obrigaram ao exilio um Português, Nobél da Literatura, só por trazer a debate as contradições mais simples da Igreja católica.
Diziam que estava a acordar a malta, noutros termos, estava a ser ofensivo com os fiéis.
Defendida pelo ditador que a utilizou para atirar os Portugueses para a idade dos deuses, privando-os de compreênder os motivos do renascimento, numa estratégia politica de eliminação da vontade própria, criando uma sociedade de seres indiferentes.
Assim mesmo,criou também a imagem dos cristãos, brancos, superiores, "cordeiros" do mais jovem dos deuses, pequenos semi-deuses à sua imagem e semelhança, seres eternamente protegidos pela penitência do criador.
Acontece que, já antes dos faraós -reis brancos e negros, deuses em seu momento- e até hoje, existiram muitos modelos. Depois tivemos outros, deuses gregos, romanos, indianos, sul-americanos, asiáticos.. etc. Grande parte da humanidade, politeista ou não, sempre se lamentou da sua angustiada vida junto destes icones da espiritualidade, tornando assim a religião num centro avançado de estatistica politica, por exemplo, contando quantos cordeiros lhe pedem água quando faz calor ou rezam por uma vida menos má em países e realidades como -à excepção do periodo entre o II e o IV governos provisórios- experimentamos e experimentámos no nosso país, permitindo-me concluir que se relacionam as vicissitudes, a falta de objetivos, a impossibilidade de estructurar um caminho com critério próprio, o medo ou seja, o mal desconhecido, mágico, com algo ainda mais desconhecido mas que vende a banha como sabendo-se em posse do "segredo" da mentira melhor vendida, vendendo nestum a quem, sabem, lhe apodreceu os dentes por não abrir a boca, nem sequer para falar.

O apoio do babas a esta mentira, babas o algarvio, esteve bastante claro aquando da sua assistência à nova fantochada do rapazito da feira, "jesus cristo super-estrela". Qual Ronaldo a vender suzukis, provando que este não está aqui para outra coisa que não seja manter o povo no cercado, como cordeiros, lá vamos entrando nesta farsa.

Se algo se pode lamentar da situação na qual vivêmos é a nossa crença -como quem vive numa gruta- na magía e a falta de confiança em nós mesmos, em suma, o medo de utilizar o voto em consciência, de se assumir responsável pelo destino dos seus ou pelo menos cumplice. Se o país ou as nossas vidas chegaram a este estado de degradação é só por isso mesmo, por pedir a quem não se sabe se existe, por confiar em quem não merece, por continuar a ter medo de alterar, realmente, esta situação, fundamentalmente por medo a ser dono da sua existência, por não acreditar na sua espécie, em si e nos seus iguais, aceitando ser tudo menos livre.

Hoje, como imagem de há milhares de anos, encontrei uma noticia penosa, peregrinos, desesperados, crentes, covardes, crianças com bigode, artistas contratados, famintos, cordeiros, perdidos:
"O trânsito automóvel na auto-estrada (A1) a partir do Norte em direcção a Fátima está congestionado, atingindo cerca das 11:30 deste domingo uma fila de 10 quilómetros, revelou uma fonte da Brigada de Trânsito da GNR à Lusa.
A situação mais complicada, que se verifica desde as 11:00, é entre a Área de Serviço de Leiria e o Nó de Fátima, que dá acesso ao Santuário.
No sentido Sul-Norte, até ao Nó de Fátima, embora intenso, o trânsito processa-se com normalidade, adiantou a mesma fonte à agência Lusa.
A Brigada de Trânsito aconselha os automobilistas que circulam do Norte em direcção a Lisboa a sair no Nó de Leiria e a deslocarem-se para a capital pela A8, para evitar o engrossar do congestionamento na A1.
Até cerca das 11:30 de hoje não se tinham verificado acidentes motivados pelo acréscimo de tráfego na A1.

"

Processo de Bolonha - Documento do Grupo Trabalho PCP para questões Ensino Superior IV

O Ensino Superior Para Além de Bolonha
O Ensino Superior é um bem público, como é também um bem privado, mas com externalidades públicas; a sua natureza humanista e universal (no que comporta de ensino e investigação) confere-lhe propriedades de bem público internacional, o que abre espaço tanto para a concertação intergovernamental como para a jurisdição supranacional, que a União Europeia pretende impor através do Espaço Europeu do Ensino Superior (o quadro conceptual e organizativo) e o processo de Bolonha (o processo de mobilização e transformação para o atingir). O Ensino Superior deixa de ser um bem público, supervisionado pelo estado soberano e exercido por estabelecimentos com autonomia científica e pedagógica; vários níveis de responsabilidade intervêm e diluem-se, facilitando a condução por uma visão centralizadora. A Estratégia de Lisboa (Março de 2000), com enfoque fundamentalmente económico, tomou de assalto a política do Ensino Superior, entre outras, sem sequer nomear o processo de Bolonha já iniciado, mas que iria incorporar e legitimar como instrumento da Comissão Europeia e demais órgãos da União. Desde o Conselho de Ministros de Barcelona (Março, 2002), o processo de Bolonha deixou definitivamente de ser um processo de voluntária harmonização protagonizado pela Associação das Universidades Europeias (EUA) ou a Associação Europeia das Instituições de Ensino Superior (EURASHE), para passar a ser mandatório para os Estados membros e sujeito à superintendência da Comissão Europeia.Na sequência dos desenvolvimentos do processo de Bolonha, o Ensino Superior deixa de seguir padrões de serviço público nacional e passa a seguir padrões e a ser tratado como um bem público de dimensão regional (a União); assim também, vê-se alvo de regulamentação no âmbito dos “Serviços de Interesse Económico Geral” (Directiva Bolkestein), como tal tratado como serviço comercial sujeito às regras do mercado único. A formalidade da consulta pública sobre do Livro Verde sobre Serviços de Interesse Geral foi ultrapassada pela denegada ratificação do Tratado para a Constituição Europeia - que essencialmente já consagrava mecanismos e condições para que, por maioria do Conselho ou decisão da Comissão, as soberanias dos países fossem individualmente violadas e, concretamente, os seus sistemas públicos de Educação devassados por interesses comerciais. Após o desaire da ratificação do Tratado de Constituição, os poderes económicos Europeus tiveram de reconsiderar como e por que via avançar nos seus mesmos propósitos; a Comissão Europeia, após passagem com alterações da Directiva no Parlamento Europeu (Fevereiro 2006), propõe-se levá-la a Conselho de Ministros. De registar que o Ensino Superior não é excluído do elenco dos “serviços de interesse geral” pelo que o processo de Bolonha poderá prosseguir livremente seus trâmites até às últimas inconfessadas consequências. Mas para além da liberalização do mercado interno, a ambição da União Europeia pela competição mundial leva-a a aderir ao Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (GATS) negociado nas rondas do Uruguai da OMC, que visa a progressiva liberalização da prestação de serviços no plano mundial; a Educação é um dos domínios em que são menos numerosas as adesões e mais discutível a aplicabilidade das normas da liberalização; mas a ideologia neoliberal vai pressionando a sua abertura. A Comissão Europeia já assumiu compromissos limitados no domínio da Educação no quadro do GATS; não foi mais longe por pressão da opinião pública mobilizada em Março de 2003 aquando da cimeira da OMC em Cancun. Mas, sendo certo que alguns dos seus estados membros já activamente prosseguem essas políticas (Reino Unido por exemplo), a permeabilidade do “mercado único” implicará que não só esses países Europeus como também países terceiros aderentes ao GATS no domínio da Educação (destacadamente os EUA e a Austrália) ganharão acesso a qualquer outro país no espaço Europeu do Ensino Superior, mesmo independentemente de uma eventual abertura integral da União ao Acordo no domínio da Educação.Este GATS permite diversas modalidades de prestação de “serviços de ensino” comercializáveis: por exemplo oferta de ensino “on-line” por universidade estrangeira, mobilidade de estudantes para o estrangeiro, universidade estrangeira estabelecendo uma filial, um professor ministrando ensino em país estrangeiro; estas modalidades são-nos já mais ou menos familiares no âmbito da União, mas tenderão a multiplicar-se e a integrar novos protagonistas não Europeus. De notar que algumas modalidades de exercício da liberalização no âmbito do GATS são modalidades já postas em vigor no quadro do processo de Bolonha, que assim surge como um facilitador que eliminou barreiras ao livre comércio de serviços no domínio do Ensino Superior.Em Portugal, iniciativas de promoção de agentes privados e de intermediação de universidades estrangeiras, feitas por certas ONG e outras entidades, agora também pelo próprio governo socialista nos casos do MIT, CMU e Universidade do Texas, são sintomas de que o “vazio” criado pela demissão do Governo no cumprimento de políticas de interesse público está a ser preenchido por novos “fornecedores” de Ensino Superior; a própria infra-estruturação das telecomunicações em banda larga é facilitadora indirecta de uma presença mais forte de instituições de ensino estrangeiras bem dotadas e promovidas. A acreditação Europeia e as “relações públicas” se encarregarão de criar o quadro de credibilidade de um novo cenário de oferta de Ensino Superior no nosso país.Está em causa se o sistema Europeu de Ensino Superior ganhará ou perderá no seu confronto entre blocos político-económicos mundiais; esse é um problema dos grupos capitalistas em confronto; mas esse confronto não é a causa dos povos Europeus que vêm sacrificado o seu acesso universal e gratuito à Educação.Esta não é a reforma que o Ensino Superior necessita. A reforma necessária exige a reconfiguração do Ensino Superior público, com a integração num sistema harmonioso de todas as universidades e institutos politécnicos, com respeito pela identidade, especificidade e criatividade de cada instituição e a definição de um quadro geral de áreas científicas no ensino superior ainda flexível e evolutivo. Deve ser deixada aos Estados nacionais a capacidade de desenvolverem os seus sistemas nacionais de acordo com as suas prioridades e níveis de desenvolvimento.O Ensino Superior público deve habilitar os cidadãos para serem os criadores de um país avançado, consciente e democrático.O sistema público de ensino superior deve assegurar: a concretização da democratização do acesso e da fruição de níveis superiores de instrução e cultura; a garantia de liberdade de ensino e de aprendizagem; a oferta coerente de ensinos diversificados, relevantes e de qualidade e que cubram o território nacional; a existência de infra-estruturas estratégicas e o seu funcionamento. Deve criar-se um novo e mais justo regime de acesso ao ensino superior para a rápida expansão do Ensino Superior Público, com a abolição das restrições quantitativas globais (numeri clausi). Este regime deve harmonizar as necessidades de desenvolvimento do País com as opções e preferência dos candidatos, mediante um sistema de acesso que tome como fundamental a avaliação contínua no Ensino Secundário, complementada com a realização de provas nacionais de capacidade absoluta.O Ensino Superior é uma questão nacional e não meramente individual, pelo que o seu financiamento deve ser entendido como um investimento sobretudo no País e não apenas no indivíduo. Neste sentido o PCP defende a revogação da actual Lei do Financiamento do ensino superior e a aprovação de novas regras, contidas num novo diploma legal, sem recurso ao pagamento de propinas, onde os níveis de financiamento sejam os adequados de forma a garantir um ensino e uma investigação de qualidade, possibilitando que os estabelecimentos de ensino se possam afirmar responsavelmente autónomos do poder político e independentes do poder económico.A Investigação e Desenvolvimento é parte integrante da missão das diversas instituições do Ensino Superior e, como tal, tem de fazer parte do quotidiano dos seus docentes. A investigação deve estar intimamente ligada ao ensino, de forma que o envolvimento dos docentes nas duas vertentes da sua actividade seja estimulante e útil, quer para o seu trabalho, quer para o trabalho dos alunos.

sábado, agosto 16, 2008

Processo de Bolonha - Documento do Grupo Trabalho PCP para questões Ensino Superior III

Como se o “processo de Bolonha” houvesse de facto caminhado no sentido da anunciada harmonização, o que não se verifica, antes mantendo as dificuldade objectivas de comparabilidade de qualificações (ausentes da adopção a nível Europeu de um elenco comum de áreas científicas e de um padrão inequívoco de unidade de credito, bem como termos de referencia mínimos comuns para a atribuição de grau em cada domínio de conhecimento e nível de qualificação) e a extensão dos ciclos de formação continuando diferentes entre países. Quando afinal uma convenção sobre esses instrumentos básicos de comparação e aferição seria o caminho directo para atingir a comparabilidade de facto.Como se o processo de reforma do Ensino Superior pudesse ter oportunidade de sucesso sem a participação directa e a cooperação, desde as fases iniciais do seu desenvolvimento, das universidades e politécnicos, das ordens profissionais, dos sindicatos de professores e das sociedades científicas e dos estudantes organizados nas suas associações e participando nos órgãos dos estabelecimentos de ensino. A Reforma do Ensino Superior promovida pelo Governo SocialistaA situação do Ensino Superior português é complexa e agravada pela artificiosa divisão binária universidades/politécnicos teimosamente mantida por sucessivos Governos, que todavia serão agora submetidos a um mesmo padrão de avaliação. Com a opção, insidiosamente imposta, por um primeiro ciclo de formação (licenciatura) com a duração de três anos, à excepção de alguns poucos cursos em certos domínios formativas (incluindo os cursos de Direito que propuseram o primeiro ciclo de quatro anos), o aluno que finalizar o primeiro ciclo fica com um nível de formação só formalmente apropriado para ingressar no mercado de trabalho (e só formalmente comparável às anteriores licenciaturas). O discurso oficial exige (aos estabelecimentos de ensino) que o primeiro ciclo seja generalista e profissionalizante, enquanto promete (aos estudantes) empregabilidade; insondáveis paradoxos ou cínica ironia.De facto, os estudantes que não prosseguirem os estudos para um segundo ciclo, que serão aqueles com menor poder económico, por força de propinas a “custos reais” (estabeleceu-se a propina anual de 2700 € para o 2º ciclo em cursos da Faculdade de Economia da UNL!) e por ausência de apoios de acção social escolar, só terão acesso a conhecimentos científicos ou técnicos básicos, ou então muito focalizados, ficando para os outros, os que têm poder económico, o acesso à formação avançada e à cultura. Também por isso, numerosos 2.º ciclos actuais (universitários e sobretudo politécnicos) não reunirão condições de acreditação e financiamento. A existência de numeri clausi e de notas mínimas para o 2º ciclo, são também barreiras ao prosseguimento dos estudos. Neste processo de elitização dos segundos ciclos é claro o objectivo de fazer corresponder às elites económicas as elites intelectuais dirigentes do capital.Haverá, claro, dispositivos altamente selectivos da muito escassa acção social escolar, para que os excepcionalmente dotados, sobreviventes de todo o atribulado percurso escolar, possam encorpar o declinante fluxo de trabalhadores intelectuais altamente qualificados, essenciais ao funcionamento de um certo número de “centros de excelência” de Ciência e Tecnologia que alimente a prosperidade da grande indústria Europeia.Entretanto, sobretudo para as Escolas Superiores Politécnicas, o “Ensino Superior curto” proposto pelo FMI para Portugal vem agora aí sob a designação de Cursos de Especialização Tecnológica (CET), a que provavelmente ficarão confinadas as escolas das regiões interiores, com recursos docentes insuficientes ou com número insuficiente de alunos em cursos superiores graduados. As Universidades e os Politécnicos estão já a constatar que o processo de Bolonha é um rolo compressor em marcha que, para além de induzir reformas de ensino problemáticas, está já e irá mais marcadamente reduzir os recursos humanos (docentes, investigadores e funcionários) no sistema de Ensino Superior Público; reduzir o número de cursos autorizados (financiados ou não); reduzir o número de estudantes em formação inicial (com previsível incremento de “novos públicos”, como supostos trabalhadores estudantes que mais provavelmente serão trabalhadores desempregados ou sub-empregados, fruto de “reestruturações” do foro empresarial); acentuar as assimetrias na rede de ensino; e que várias escolas universitárias e muitos estabelecimentos politécnicos serão, se não mesmo extintos, reduzidos ao nível da sobrevivência apendicular. O processo de Bolonha retira autonomia às universidades/politécnicos. Ao impor modelos estritos de funcionamento pedagógico, a autonomia pedagógica fica diminuidíssima, acompanhada pelo facto de a autonomia científica nunca ter chegado a existir, por falta de investimentos direccionados e por ausência de componente investigativa na fórmula de financiamento do ensino superior pelo Orçamento do Estado, que permitissem às instituições prosseguir políticas cientificas autónomas.Os impactos sobre a população escolar e sobre as instituições de ensino superior serão particularmente sentidos fora dos maiores pólos populacionais, confluindo também para a desertificação humana das regiões deprimidas (como estão sendo o encerramento de hospitais, maternidades e centros de saúde, e de escolas básicas e secundárias “sem condições” na óptica do Governo).Neste quadro, devido à mudança de centralidade da formação disponibilizada pelos docentes para a aquisição de competências profissionalizantes por parte dos alunos e a redução do período de frequência obrigatória para obtenção do 1.º grau, antevê-se uma substancial rarefacção dos tempos lectivos, não compensada por um desejável incremento do esforço de investigação científica, para a qual é também notória a escassez de recursos. Pelo que é de antecipar que o governo pretende reduzir o Corpo Docente. Esta diminuição que se fará sentir sobretudo nas camadas mais jovens do Corpo Docente por razões de vínculo e de habilitações formais, articulada com o envelhecimento progressivo deste, configura uma real possibilidade de implosão de diversos estabelecimentos.Acima de tudo o mais, o distante silêncio do ministério a quem compete e basta emitir, de quando em quando, uma nova lei que vai confirmando uma rota neoliberal há muito premeditada, para tanto marginalizando os actores concretos do sistema de ensino português e o sentido histórico da sua auto-construção. Em Resolução do Conselho de Ministros (n.º 39/2006 de 21 de Abril) o Governo prossegue o “processo de reestruturação da Administração Pública no sentido preconizado no seu Programa e no Programa de Estabilidade e Crescimento para o período de 2005 a 2009”, para mais adiante n.º 24 f ) e g) anunciar: “Serão extintos (…) o Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior (…) Prevê-se a criação (…) de uma agência de acreditação e avaliação do Ensino Superior (…) após a conclusão do processo de avaliação que se encontra a ser realizado pela OCDE e pela ENQA”.A investigação científica também encontra o seu contexto agravado. O divórcio entre os mecanismos de financiamento para o Ensino e para a Investigação contradiz a sua desejável unidade funcional e orgânica, o que se repercute negativamente sobretudo na qualidade de ensino de 1.º Ciclo, oferecido segundo uma lógica de oportunidade conjuntural e concorrencial, e previsivelmente também na rede de oferta de ensino de 2.º Ciclo, já que numerosos estabelecimentos de ensino (sobretudo politécnicos) verão coarctadas (e não acreditadas) as suas ofertas de ensino pós-graduado por insuficiência de qualificações e recursos instalados.A desonestidade do discurso da sociedade do conhecimento, do progresso económico e da coesão social (em que assenta todo o texto da Estratégia de Lisboa), encontramo-la bem patente em Portugal, quando observamos a situação chocante de milhares de jovens doutorados, cuja formação foi apoiada por fundos comunitários ao longo da última década e meia, na sua larga maioria a trabalhar agora em condições precárias, não obstante a escassez de investigadores e outros quadros especializados na Administração Pública e nas empresas, a ponto de ser real o desemprego qualificado e a fuga de cérebros portugueses para o estrangeiro (como a OCDE reconhece).

RTP?

sexta-feira, agosto 15, 2008

Processo de Bolonha - Documento do Grupo Trabalho PCP para questões Ensino Superior II

O Processo de Bolonha e as opções federalistas para a União Europeia
À parte a benevolência do discurso dos que viam ou ainda vêem no processo de Bolonha a resposta para as dificuldades que se vivem no Ensino Superior, hoje está mais claro que estamos perante um processo que visa uma profunda transformação das qualificações académicas e profissionais. Os objectivos reais são o encurtamento das frequências escolares para as massas, a estratificação de qualificações e de instituições de Ensino e de Investigação dentro de cada país e entre países, a selecção de melhores estudantes, isto é os com melhor “desempenho”, para as “grandes escolas” Europeias, nos países do núcleo duro da velha Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, agora também da industria aeroespacial, biotecnologia, telecomunicações, etc.Mais crítica do que a harmonização de conteúdos e formas de ensino ou aprendizagem, que polarizam a atenção da esfera académica, para as opções federalistas do Espaço Europeu do Ensino Superior são mais determinantes as normas, os critérios, os procedimentos de avaliação, a acreditação e auditoria centralizadas, que se perfilam no curso do processo. Essa é uma face mais silenciosa do processo de Bolonha, onde interesses corporativos empresariais ou industriais poderão mais seriamente exercer-se, longe de qualquer vigilância democrática. Para isso, a actual rede de estruturas nacionais cooperantes, ainda responsáveis perante as autoridades nacionais, European Network for Quality Assurance in Higher Education (ENQA), foi arvorada em cúpula de uma pirâmide acima das autoridades nacionais, sob a designação de European Association for Quality Assurance in Higher Education, uma agência com jurisdição Europeia, com padrões, procedimentos e orientações previsivelmente únicos, centralizadores e federalistas.Em 2010, o Espaço Europeu do Ensino Superior será regulado pela ENQA, na cúpula das instituições de avaliação e acreditação nacionais, segundo indicadores e critérios comuns. As agências de avaliação exercerão funções reguladoras análogas às exercidas por outros organismos em outros sectores de “actividade económica”; aliás os conceitos de qualidade e de garantia de qualidade surgiram nas actividades económicas industriais e permeiam agora as diversas actividades sócio-económicas, justificadas na óptica de defesa dos direitos do “consumidor”.Registamos os erros de princípio e os desgastes sociais que decorrem da política educativa de que a "adequação" a Bolonha é um evidente pretexto; a manutenção de uma política de subfinanciamento de todo o sistema do Ensino Superior, a ausência de investimentos para realizar de facto uma reforma educativa, o enorme agravamento da comparticipação dos estudantes no financiamento da sua formação e a carência de acção social correspondente, a escassa participação organizada dos docentes no plano nacional e internacional, e a escassa participação organizada dos estudantes nos planos nacional e de estabelecimento de ensino. Cada vez mais o processo é dirigido por um executivo comandado pela Comissão Europeia cumprindo exclusivamente os objectivos neoliberais e federalistas que se propõe.A reforma de Bolonha invoca uma mudança de “paradigma” mas o que é concreto é a redução do financiamento público (mais uma vez com cortes muito significativos no Orçamento do Estado) para o funcionamento do sistema de Ensino Superior Público e o vazio para o necessário reforço de investimento que a mudança de “paradigma” exigiria para se tornar operacional. Os três ciclos são os que geralmente já existiam; o que faz a diferença é a redução da extensão do ciclo de formação inicial, ignorando a especificidade de cada sistema nacional de ensino a montante, e insistindo na qualificação para a “empregabilidade” a jusante. O que seria no anterior sistema uma licenciatura, varia agora entre uma formação de 1.º ciclo ou de 2.º ciclo, consoante existe ou não profissão regulamentada no plano Europeu, de outro modo indiferente ao conteúdo e finalidade concreta da formação. O discurso é decorado com termos aparentemente neutros ou até mesmo positivos, à luz do “pensamento único” que o capital quer ver dominante. Ele é a “sociedade do conhecimento”, a harmonização de qualificações, a internacionalização, a mobilidade de estudantes (actualmente apenas cerca de 1% dos estudantes portugueses participam em programas de mobilidade!), docentes e investigadores, a empregabilidade, a formação ao longo da vida, etc. Mas o conteúdo real de tudo isto é a irreversível tendência para a “formação” de força de trabalho em subalternização da “instrução” e esquecendo a “educação”; o fim de carreiras estáveis ou previsíveis; a precarização do posto de trabalho, a flexibilização da força de trabalho, a perda de direitos e garantias sociais para um emergente “proletariado intelectual”; em paralelo com a “produção” acelerada de uma elite de gestores, investigadores e quadros técnicos altamente disputados e remunerados, porque a sua disponibilidade escasseia a nível mundial.Como se a mobilidade de estudantes, professores e docentes não fosse apanágio do Ensino Superior desde a Idade Média até ao presente, como se não tivesse acabado de ser celebrada (em Lisboa, em Abril de 1997) uma Convenção no Quadro do Conselho da Europa e da UNESCO (a que até à data aderiram 42 países) consagrando o reconhecimento recíproco de qualificações escolares à entrada e à saída do Ensino Superior. Como se os estabelecimentos de ensino devessem e pudessem assumir responsabilidade na empregabilidade, ainda menos no desemprego ou subemprego ou na reconversão profissional decorrente de fusões e aquisições ou de deslocalizações, do foro puramente empresarial.Como se a harmonização anunciada precisasse, de facto, de violentar a soberania de cada estado membro, para mais em matéria tão sensível, pois que não só atinge a sua força de trabalho como também constrange o seu potencial intelectual e a sua diferenciação cultural, e, bem assim, de ferir a autonomia estrutura e funcionamento dos estabelecimentos de ensino

quinta-feira, agosto 14, 2008

Processo de Bolonha - Documento do Grupo Trabalho PCP para questões Ensino Superior I

Processo de Bolonha: um passo mais no caminho do federalismo
Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho do PCP para as Questões do Ensino Superior
Área da Educação, Ciência e Tecnologia

A sobrevivência do sistema capitalista depende de um processo dinâmico e constante de acumulação de riqueza. Sem essa acumulação o sistema entra em crise e colapsa. Portanto, a lógica do sistema capitalista é a de acumulação permanente pela sua sobrevivência. Esta condição de sobrevivência do sistema capitalista esteve sempre subjacente ao desenvolvimento da União Europeia. Foi a lógica do Tratado de Paris em 1951 com o estabelecimento da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, foi também a lógica do Tratado de Roma em 1957 instituindo a Comunidade Económica Europeia e a Comunidade Europeia da Energia Atómica, foi a lógica do Tratado de Maastricht em 1992 estabelecendo a União Europeia e é a lógica dos progressivos alargamentos consubstanciados nos 25 países que hoje integram a União.

Assim, a fim de dinamizar o seu processo de acumulação, procede o capital a uma busca constante de novas oportunidades de negócio, como tem sido recentemente evidenciado em diversas áreas de investimento em sectores que tradicionalmente eram administrados pelos seus Estados. São evidentes os casos da saúde e da segurança social, dos fármacos, dos transportes, das telecomunicações, das biotecnologias, da indústria militar e agora do ensino. Refira-se que o ensino representa anualmente um importante movimento de capitais que ronda os duzentos mil milhões de dólares, ou seja, o dobro do mercado automóvel mundial.

Nesta lógica a Declaração de Bolonha em 1999 verteu em compromisso Europeu a intenção expressa pelas potências Europeias um ano antes em Paris. Os ministros da educação de França, Alemanha, Reino Unido e Itália, tinham então subscrito a Declaração da Sorbonne, comprometendo os respectivos países a “harmonizar a arquitectura do sistema Europeu de Ensino Superior”, cumprindo assim mais um desígnio da construção do projecto neoliberal de uma futura Federação Europeia, ou seja, pugnando por, de facto, adequar também o Ensino Superior europeu aos interesses do grande capital financeiro.

Numa primeira aproximação essa adequação passa por dividir o Ensino Superior em “pacotes” (denominados “ciclos”) mais facilmente privatizáveis pelos novos industriais do ensino. Acresce que este processo de empacotamento acarreta outras vantagens evidentes para o desenvolvimento capitalista. Tende a criar um exército de mão-de-obra barata, dificilmente reconhecida pelas estruturas corporativas que em geral avalizam a competência dos licenciados, mas capaz de entrar no sistema produtivo sem a cultura formativa crítica que as escolas superiores tradicionais tendiam a conferir. Na nova lógica da Declaração de Bolonha passam as Escolas Superiores a enformar produtores – consumidores moldados às necessidades de acumulação do sistema.

Por outro lado, não havendo o compromisso de os Estados financiarem igualmente os sucessivos ciclos do Ensino Superior, é intencionalmente introduzida a mais ignóbil discriminação económica. O acesso aos “graus superiores” do ensino, potencialmente a possibilidade de vir a ser um quadro dirigente no sistema, passa a ser apanágio de ricos para ricos, excluindo liminarmente aqueles que pudessem ameaçar subvertê-lo. Cumpre-se assim mais um desígnio do capital, a utilização da escola como aparelho de reprodução do status quo.

Neste contexto é preciso afirmar que o sub-financiamento do ensino é um crime contra a Democracia. De facto, é condição necessária ao funcionamento de um verdadeiro sistema democrático, como dizia Bento Caraça, a existência de uma cultura integral dos cidadãos. A cultura integral dos seus cidadãos é portanto o preço que um Estado democrático deve pagar para ser digno desse qualificativo. É por isso que, numa constituição democrática como a nossa, se salvaguarda o financiamento do ensino por parte do Estado e a universalidade do seu acesso pelos cidadãos.

As Qualificações Superiores no Mundo mais Desenvolvido e o Processo de Bolonha

A proporção de qualificação superior na população activa da UE (21% em 2002) é muito variável de país para país e compara-se desfavoravelmente com vários outros países com elevado desempenho económico (43% no Canadá, 38% nos EUA, 36% no Japão). O declínio demográfico, mesmo que a taxa de ingresso e sucesso no ensino superior progrida, faz prever uma estagnação dos licenciados activos, ao nível de 3 milhões diplomados por ano (cerca de 2 milhões nos EUA, Índia ou China). Assim, o Conselho Europeu fixou como meta que em 2010, pelo menos 85% dos jovens com 22 anos de idade tivessem completado o ensino secundário (12 anos de escolaridade em Portugal).

O processo de Bolonha é visto pelos eurocratas como um percurso de qualificações de curta e média duração, que permitirá atingir mais elevadas taxas de qualificação superior. Portugal tem quase 10% da sua população (25-64 anos de idade) com formação superior (20,7% na UE15) e duração média de escolarização de 8 anos apenas (11,6 anos na UE25, 12,7 nos EUA, 12,6 no Japão, 13,8 na Noruega).

O modelo de formação “acelerada” em três ciclos relativamente curtos, que o processo de Bolonha vai impondo na Europa visa, entre outras questões, resolver essa difícil equação: aumentar o número de graduados e de pós-graduados sem reforçar o financiamento público. Solução que só é possível à custa do financiamento privado, seguramente suportado num mais pesado esforço financeiro das famílias e da drástica redução da qualidade das qualificações “acreditadas”.

A captação de estudantes estrangeiros por universidades prestigiadas é um instrumento assumido da captação de “cérebros” que possam contribuir para o enriquecimento da força de trabalho dos países de acolhimento. No século XX vários factores contribuíram para que os EUA para seu grande proveito tenham captado estudantes e cientistas de todo o mundo. Alguns países Europeus assim têm procurado fazer, designadamente o Reino Unido, a França e a Alemanha, assim como a própria União Europeia, que através do Conselho de Ministros da Educação (Fevereiro de 2002) definiu esse como um seu objectivo. Os países da periferia do sistema económico mundial são explorados por todas as vias, quer acolhendo indústrias intensivas em trabalho quer exportando os trabalhadores mais talentosos ou qualificados.

Saindo do obscurantismo..


Já em 1516, os Portugueses se libertavam ou experimentavam a necessidade de sair da gruta, prova de tal inquietação foi Gil Vicente. Contudo, hoje, parece ser que de nada serviu a obra de tal humanista e que para encontrar certa exaltação da sua memória só o podemos fazer assistindo a obras do dramaturgo em Espanha e, de forma quotidiana, no Brasil, constatando dessa maneira a estratégia de adormecimento ao qual se vem submetendo, através de politicas de educação amorfas, parte da população do nosso país.
Assim, começa a parecer lógica a indiferença da maioria dos nossos conterrâneos relativamente ao espólio dos seus direitos, do estado de bem-estar social, em suma, da sua condição de ser humano.
O vídeo que segue o texto, resume da personagem em questão, é a melhor representação que se pode encontrar no "youtube", resultando impossível encontrar qualquer referência, minimamente estruturada, produzida em Portugal.

Gil Vicente (1465 — 1536) é geralmente considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Há quem o identifique com o ourives, autor da Custódia de Belém, mestre da balança, e com o mestre de Retórica do rei Dom Manuel. Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, actor e encenador. É frequentemente considerado, de uma forma geral, o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico já que também escreveu em castelhano - partilhando a paternidade da dramaturgia espanhola com Juan del Encina.
A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi, o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa.
Será ele que dirigirá os festejos em honra de Dona Leonor, a terceira mulher de Dom Manuel, no ano de 1520, um ano antes de passar a servir Dom João III, conseguindo o prestígio do qual se valeria para se permitir a satirizar o clero e a nobreza nas suas obras ou mesmo para se dirigir ao monarca criticando as suas opções. Foi o que fez em 1531, através de uma carta ao rei onde defende os cristãos-novos.
Morreu em lugar desconhecido, talvez em 1536 porque é a partir desta data que se deixa de encontrar qualquer referência ao seu nome nos documentos da época, além de ter deixado de escrever a partir desta data.
O seu filho, Luís Vicente, na primeira compilação de todas as suas obras, classificou-as em autos e mistérios (de carácter sagrado e devocional) e em farsas, comédias e tragicomédias (de carácter profano). Contudo, qualquer classificação é redutora - de facto, basta pensar na Trilogia das Barcas para se verificar como elementos da farsa (as personagens que vão aparecendo, há pouco saídas deste mundo) se misturam com elementos alegóricos religiosos e místicos (o Bem e o Mal).
Gil Vicente retratou, com refinada comicidade, a sociedade portuguesa do século XVI, demonstrando uma capacidade acutilante de observação ao traçar o perfil psicológico das personagens. Crítico severo dos costumes, de acordo com a máxima que seria ditada por Molière ("Ridendo castigat mores" - rindo se castigam os costumes), Gil Vicente é também um dos mais importantes autores satíricos da língua portuguesa. Em 44 peças, usa grande quantidade de personagens extraídos do espectro social português da altura. É comum a presença de marinheiros, ciganos, camponeses, fadas e demônios e de referências – sempre com um lirismo nato – a dialetos e linguagens populares.
Entre suas obras estão Auto Pastoril Castelhano (1502) e Auto dos Reis Magos (1503), escritas para celebração natalina. Dentro deste contexto insere-se ainda o Auto da Sibila Cassandra (1513), que, embora até muito recentemente tenha sido visto como um prenúncio dos os ideais renascentistas em Portugal, retoma uma narrativa já presente na General Estória de Afonso X. Sua obra-prima é a trilogia de sátiras Auto da Barca do Inferno (1516), Auto da Barca do Purgatório (1518) e Auto da Barca da Glória (1519). Em 1523 escreve a Farsa de Inês Pereira.
Alguns autores consideram que a sua espontaneidade, ainda que reflectindo de forma eficaz os sentimentos colectivos e exprimindo a realidade criticável da sociedade a que pertencia, perde em reflexão e em requinte. De facto, a sua forma de exprimir é simples, chã e directa, sem grandes floreados poéticos.