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Entrevista de Álvaro Cunhal em 1988: Sobre a CEE
(...)
P - E quanto à CEE?
...
R - No que respeita à CEE aquilo que dizes é justo. Há camadas sociais que beneficiam e há uns bons milhões distribuídos e que tocam milhares de pessoas. Mas de uma forma geral, cremos que a parte que beneficia é incomparavelmente inferior à parte que paga caro a nossa entrada na CEE. O pacote laboral, por exemplo, é um preço da integração na CEE. É a tentativa de impor aos nossos trabalhadores condições de trabalho, de exploração desenfreada ao abrigo e com o pretexto da integração na CEE.
P - Isso é mais o levar à CEE a divisão social do trabalho. Nós somos a Taiwan e a Coreia do Sul a CEE...
R - Estou de acordo com a observação que acabas de fazer. Aí está o preço. A integração na CEE reduz os trabalhadores portugueses à condição de contratados a prazo. Amanhã instalam aí umas fábricas de componentes, na primeira altura vêem que os salários são mais baixos em qualquer país distante, encerram a fábrica aqui, inauguram uma fábrica lá e os trabalhadores portugueses ficam desempregados. Aqui está um aspecto da divisão internacional do trabalho. Mas há mais naturalmente. Nas pescas destroem as nossas pescas; na agricultura sectores com importância são sacrificados; projectos nacionais como a Siderurgia, a metalurgia do cobre e outros são abandonados. É uma divisão internacional do trabalho em que Portugal é o «sobrinho pobre, em casa da tia rica...»
Quanto aos fundos, há muitos alçapões em que desaparecem.
(Entrevista de Álvaro Cunhal à revista Polítika - 10/03/88)
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