Inusitada vontade, esta, a de escrever, de novo, utilizando
um meio aparentemente tão impessoal, mas, claro, essa consideração dependerá
sempre de cada um de nós, por isso aparente.
Inesperada a vontade,
contudo, sinal claro da pouca atenção aos alarmes que o inconsciente sempre nos
envia, quem sabe devido à necessidade de priorizar a tomada de decisões estimulada pelo incontornável pragmatismo a que os dias me obrigam. Porém, é
também parte da (ainda) bagagem outra das razões pelas quais surgiu esta
necessidade, o carácter que, em permanente transformação, mais que impedir uma
análise ajustada da realidade procura, atento aos
perigos que ainda sem experimentar determinam os meus heurísticos como
evitáveis, adaptar o casco a este imenso e convulso rio ao qual a sociedade
chama vida, respeitando o azimute que ratifico a cada ano que passa.
Assim, acredito ser necessário deixar claro neste ponto que,
concretamente devido à minha personalidade e à forma e grau em que a trabalhei
para minimamente permanecer homeostáticamente estável, não se deve ao abandono
de um determinado partido (que não princípios sociopolíticos) ou à mudança para
uma nova área de interesse académico que deixei seguramente pelo caminho o membro “Mensa”,
aquele que priorizava de forma tão pueril o enriquecimento intelectual.
Em 2013, interdito hoje de me arrepender, tomei em Madrid a
estrada que estriba na Praia em que cresci, procurando com a assunção desse
desafio desenvolver-me num âmbito em que pudesse recuperar o sorriso que tinha
desaparecido como característica daquele que queria conservar. Curiosamente,
deparei-me, na sua grande maioria, com homens e mulheres em fraldas, defensores
do medo que evita riscos como consequência de qualquer tomada de posição, como
toda a tentativa de ser. Ora a conclusão foi fácil e rápida, ou insistia e,
mais que ajustar o casco, me deixava levar nessa corrente que a todos parecia
resultar cómoda ou, pelo contrario, lutava contra essa percepção da realidade
procurando provar as ferramentas que havia utilizado durante a vida e a sua
utilidade real à época. Certo foi que, como a qualquer de nós acontece,
descartei muito poucas das soluções que trazia experimentadas, adoptei algumas
outras (muito poucas) que se exigiam formuladas pelas circunstâncias, mas, em
realidade, reneguei ainda mais os factores premiados pela sociedade e que até
então conhecia sem preocupação de os exaltar na conduta.
Em conclusão, depois de nestes cinco (5) anos caminhar
trilhos jamais imaginados mas quase sempre identificados antes de os encetar, descartadas que estão as drogas prescritas pelos especialistas da mente, a
preocupação que manejo agora é o arraigo, elemento que se tornou fundamental
para voltar a partir, já não fisicamente; geograficamente, senão em busca do
Mário capaz de criar nos seus filhos a memoria que considero lhe interesse
quando já não estiver. Assumindo-me bastante menos intransigente (constatação
que constitui só por si uma alegría) e menos jovem, sei que difícilmente obrigarei os meus
filhos a lutar contra muitos dos meus fantasmas, hoje mantive a primeira
conversa sobre a realidade com a minha filha.
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