domingo, janeiro 17, 2010

A ponta do iceberg das privatizações

"O Grupo Mello Saúde substituiu o medicamento Octagam por Flebogamma no Serviço de Neurologia do Hospital de S. Marcos, em Braga, por ser mais barato. Os doentes, no entanto, dizem que o novo tem efeitos secundários «insuportáveis», noticia o JN.

Os doentes neurológicos foram obrigados a assinar um «consentimento informado», onde autorizaram a nova terapêutica e as suas consequências, e estão a ser tratados com o novo medicamento há duas semanas.

«Tomei uma vez o novo medicamento e senti-me tão mal que acabei na urgência do hospital», contou a paciente Sílvia Rodrigues.

Nos «consentimentos informados» também consta a assinatura do médico que acompanha o tratamento e alguns escreveram mesmo que a substituição do medicamento foi «imposta pelo Conselho de Administração».

Em comunicado enviado ao JN, a administração do J. Mello Saúde confirma a alteração de medicamento: «O hospital, agora inserido num grupo de saúde que faz periodicamente os seus concursos para a aquisição destes produtos, tem disponível o medicamento em causa (Flebogamma), a imunoglobulina humana, aprovada pelo INFARMED e considerada como bioequivalente à outra marca comercial em uso no país.»

«Assumida a qualidade do produto, o preço é um factor tido em conta para a escolha em concurso», conclui a nota do Grupo Mello Saúde."

6 comentários:

sao matos disse...

Estes senhores Mello são dignos de pena, pela sua falta de recursos (?????). Só lhes interessa uma coisa o negócio, que o mundo da saúde proporciona e os milhares de lucro ou milhões, obtidos à conta da desgraça humana. Por mim continuo a achar, vale mais um edifício com aspecto menos bonito, mas com capacidade de resposta e que não descura a vertente humana. Os médicos formam-se para tratar e/ou curar os pacientes, não se formam para contabilizar cifrões. É esta a bela política de Sócrates, sem respeito nem escrúpulos por nada nem ninguém.

Formiga disse...

Constroem-se hospitais privados, com o intuito de lucro, mas para ter-se lucro é preciso clientes. Enquanto houverem hospitais do Estado é difícil o privado ter mais clientes, por isso é preciso dar "cabo" dos hospitais públicos, para os doentes destes "passarem a ir" aos hospitais privados.
Mas como a iniciativa privada fala... fala... mas anda sempre a reboque do estado... atrás destes doentes vem o dinheiro de todos nós (ADSE, Segurança social, etc...) serviços esses que nos privados custas 4 e 5 vezes mais, do que custariam num hospital publico a funcionar com zelo, em consideração aos nossos impostos, e não com estas nomeações que andam por ai... sem competência, nem seriedade...

Jorge disse...

Parece mais que evidente que o Grupo Mello "Saúde" o que quer é tratar-nos da saúde e continuar a tratar da saúde dos seus bolsos.

Abraço

Zorze disse...

CRN,

Basta ver a lógica dos Seguros de Saúde, onde está sempre subjacente a questão da rentabilidade.
Um jovem são será mais rentável do que um velho doente crónico.
O termo "saúde" é apenas uma ferramenta de marketing que compõe a força de venda.
Vendando assim, muitos bons olhos que mensalmente contribuem para este gigantesco mecanismo.

Abraço,
Zorze

Formiga disse...

Mas isto não é nada….
Deixem que estes senhores consigam os seus objectivos, acabar com os hospitais públicos, depois é que vão ver os seguros de saúde a aumentar drasticamente, em que estes seguros sejam dados pelas empresas como chamariz, para os seu precários (trabalhadores) ao mesmo tempo que reduzem a massa salarial.
Sim que os “grandes gestores” do nosso pais anseiam em seguir as pesadas dos seus comparsas americanizados, sendo que as bíblias do capitalismo chegaram a Portugal à muito tempo (mas as organizações dos trabalhadores têm sido uma pedra no sapato para as introduzir em pratica com a rapidez por eles desejada), e agora com a direita disfarçada de socialista têm oportunidade de tentarem acelerar o passo.
Infelizmente, junto com estas bíblias, ainda não vieram catalogadas as consequências de tais politicas.

Mário Pinto disse...

Conceição:

Mas essa é uma aposta de Sócrates, prova disso é a decisão de encerrar 3 das unidades mais importantes e modernas de Lisboa (Egas, Xavier e Santa Cruz), sabendo quão importante é o seu papel, para posteriormente entregar o dito aos Melo ou a qualquer outro grupo que o sustente. São José, Curry Cabral, etc. São unidades demasiado modernas para se questionar a sua renovação.

Abraço.


Sopro Leve:

Estou de acordo, extendendo-te a resposta que deixei ao comentária da Conceição.

Abraço!


Jorge:

Quer aproveitar a saúde que nos sobra depois de termos entregue o grosso da mesma ao capital explorador. A mesma exploração mas de forma mais afinada.

Abraço!


Zorze:

Épá, eu quero lá saber da lógica dos seguros, dos A, dos B, a história é sempre a mesma, CAPITALISMO. Nesse sentido, a solução deve ser mais práctica, deve ser tornar real a nossa aposta pela mudança que urge.

Abraço