segunda-feira, janeiro 11, 2021

16 anos

 Aqui permaneço, no atravessar de uma pandemia sobre a qual muito se falou, muitos se aproveitaram, mas, mais importante, durante a qual tantos nos foram e vão deixando. Contudo, o consolo de saber que quem amo permanece e cresce, atenua o angústia que a vida numa realidade severamente condicionada provoca.

Assim, sendo que o atrás descrito constitui apenas um dos aspectos mais relevantes destes últimos 12 meses, um elemento ao qual não estava habituado a prestar demasiada atenção, a saúde do vizinho, diferente acicate me leva escrever estas linhas, aquele exercício anual de gravar em memória pública as impressões e resultados, do trajecto de dito período:

Continuo a tentar estudar. Não obstante, torna-se cada vez mais distante o culminar da carreira de Antropologia. Este ano, por primeira vez, notei certa merma na vontade de me construir e, não será ao amparo daqueles por quem justifico a vida que a reforçarei. Desde o âmbito profissional ao político, e mesmo no pessoal, entendo que procurar razões que me permitam acreditar não encontra compensação, sobretudo pela dimensão cada vez maior da tarefa. 

Ainda assim, quase como o ar que respiro, está por outra parte o compromisso, que foi comigo e com a vida, numa primeira fase, mas que, hoje, se traduz essencialmente naquele com as vidas que nesta bola coloquei.

Há 16 anos, havia contruido o que a luta de quem não sabia impossivel e tentava, conseguiu. Agora sei, pelo menos, que não há humano naturalmente capaz de respirar submergido.

Em conclusão (espero que apenas por agora), a felicidade, que considerei estimulada por amar o próximo, tentado quem sabe por uma certamente inconscientemente ansiada reciprocidade, deixa apressuradamente de ser convicção, resta ainda como dúvida motivada, uma pergunta da qual, temeroso pela resposta, encontro prematuro deixar de fazer.

Venha 2021!

 

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