Assim que terminou a apresentação de Sócrates, Mouta Liz levantou-se, exaltado, e acusou o primeiro--ministro de ter feito um discurso “de propaganda”. Liz berrou que “isso não passa de mentiras” e que “o primeiro-ministro não tem vergonha”.
Contrastando com a indiferença e calma com que Sócrates abandonou a sala, Mário Soares, que tinha discursado antes, no seminário que decorreu ontem na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, ainda tentou acalmar os ânimos, sugerindo que se o participante não ficasse em silêncio seria posto na rua, o que de pouco adiantou. O homem continuou dizendo que “a esquerda de que [Sócrates] fala não existe”. E foi ao ponto de dizer que já estava farto de ouvir “umas cem vezes a palavra ‘esquerda’”, numa clara referência ao discurso de Sócrates, que não se coibiu de usar o termo. Muitos dos presentes na sala voltaram-se contra o autor dos protestos, que ficou incomodado. Na resposta, Mouta Liz gritou que a maioria dos presentes “vive à custa do Estado”.
À saída, José Sócrates desvalorizou o incidente. “O que posso eu fazer?” em relação a essas atitudes, perguntou. O chefe do Executivo adiantou que “não há razão nenhuma para fazer essas fitas de protesto, mas eu conheço bem essas fitas de protesto”.
O seminário ficou ainda marcado pelo desacordo entre Mário Soares e José Sócrates sobre as privatizações. O ex-Presidente tinha dito que “há um excesso de privatizações” e que se tem criado “o hábito de recorrer a empresas privadas para fazer o trabalho que aos serviços do Estado incumbe”. Na opinião de Sócrates, “as privatizações que foram feitas foram as adequadas. Genericamente, em termos do peso do Estado na economia, não encontro nenhuma razão para crítica”, contrapôs.O primeiro-ministro referiu durante o discurso que defende uma esquerda reformadora, aberta a mudanças, e pede que o sindicalismo seja “totalmente livre”, “pragmático” e “humilde”, de modo a conseguir medidas que defendam o interesse dos trabalhadores.Sobre as contas públicas, José Sócrates afirma ter a certeza de que “os portugueses têm consciência de que o país está melhor com o défice e a dívida controlados.
FOI UM DOS DIRIGENTES
João Luís Mouta Liz era um dos principais dirigentes da organização terrorista FP-25, criada por Otelo Saraiva de Carvalho. Foi preso durante a ofensiva feita pela Polícia Judiciária às ‘FP’, na denominada operação ‘Orion’, que deteve cerca de 70 pessoas. Foi condenado a 17 anos de prisão por associação terrorista, que não cumpriu na totalidade graças a uma amnistia.
3 comentários:
Caro Caparica,....não,...acho que não, de certeza que não! Em relação á pronúncia da palavra esquerda Mouta Liz tem razão,..realmente qual esquerda qual carapuça. Sócrates não engana ninguém com essa de ser de esquerda, é tão de esquerda como o PSD, ...ouseja são os dois da mesma direita neo liberal! ou seja fazem o que querem sem dar cavaco a ninguém,! quanto ás 25 não! não têm hipótese de regresso,...aliás foi tudo atabalhoado,.uma aventura á Otelo sem pés nem cabeça,...á Otelo mesmo!
Em cima do joelho, diría eu, mas estará o Liz apoiado?
O Liz continua a ser uma figura decorativa para enfeitar os tiques de esquerda de Soares/PS.
Tal como outros, tipo Alegre e Otelo.
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