terça-feira, setembro 23, 2008

AFRICOM em Portugal???

No próximo dia 1 de Outubro deveria ser formalmente concretizada a criação do AFRICOM, o comando militar norte-americano específico para África. Até hoje este comando regional está subordinado ao Comando Europeu dos EUA um dos 6 comandos regionais que suportam o intervencionismo militar dos EUA nos vários continentes e o alargamento da sua rede mundial de bases militares. Mas a instalação do AFRICOM enfrenta sérias dificuldades. Desde a decisão em Fevereiro de 2007 da sua criação que a Administração Bush tem sido confrontada com a oposição em bloco dos Estados africanos e da União Africana à instalação em solo africano do seu quartel-general. A 52ª Conferência Nacional do ANC haveria de pronunciar-se, em Dezembro de 2007, desta forma: «Face às movimentações dos EUA para alargar a sua presença militar em África sob o pretexto do combate ao terrorismo, fundamentalismo e extremismo; encorajada pela forte rejeição dos países africanos a mais esta recente tentativa dos EUA de interferir nos assuntos do nosso continente, a Conferência apela a que África se mantenha unida e determinada na rejeição do AFRICOM». E assim foi até hoje, o quartel-general teve que se manter na Alemanha.Mas Bush e Rice não desistem perante as dificuldades, e por isso recorrem aos seus «bons amigos». Depois de uma iniciativa nos Açores organizada pela fundação luso-americana com membros do Governo Regional e do PS e depois de uma passagem relâmpago por Lisboa de Condoleezza Rice, eis que o que poderia parecer inacreditável acontece: Como os africanos não querem lá o AFRICOM instale-se o quartel-general em… Portugal! Em Beja mais propriamente, noticiou um diário português, adiantando que existem negociações com o governo português nesse sentido. Em nome da paz, da independência e soberania de Portugal. Em nome das relações de amizade entre o povo português e os povos de África, cuja luta pela paz, independência e soberania foi e é também a nossa luta, tudo faremos para impedir que Portugal fique associado a mais este projecto militarista e neo-colonialista do imperialismo. O tempo das colónias acabou! Que se recordem disto Bush, Rice, Sócrates e Luís Amado!
E a fome, quantas crianças poderiam comer pelo preço de uma bala, quanto custaría eliminar a fome e melhorar realmente as condições de vida do povo africano? Continuam a oprimir a população até esgotar os seus recursos naturais, no futuro, abandonam o país ou aproveitam o estado no qual fica essa sociedade para implementar o esclavagismo neo-colonialista, seremos capazes de continuar a pensar como há centenas de anos e depois culpar os imigrantes pelos aspectos negativos que acompanham o nosso dia-a-dia, aspectos que derivam da nossa incapacidade de protagonizar a essa realidade?

6 comentários:

Anónimo disse...

Lá está,...eles olham para este cantinho como um pedaço de África, na Europa....com o beneplácito do ingenheireiro que se baixa constantemente aos seus patrões !!

Ana Camarra disse...

CRN

O colonialismo não acabou, modificou-se...
Os donos do mundo continuam a ter quintais, vários, já o disse várias vezes, infelizmente os nossos governantes são eximios na arte de baixar as calças e colocar-se a geito para deixar tudo e todos usufruirem do nosso território como base de apoio.
África tem sido um continente a saque, sempre, desde que lá chegamos, dali tudo se tirou: ouro, animais, café, cacau, marfim e a até pessoas...

África foi o berço da vida e ainda fervilha, talvez um dia se levante orgulhosa e dominadora, nesse dia como será?

Fica aqui esta

"Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela ...
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guisos,
nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro ...
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada ...
Que é feito desses meninos
que gostava de embalar? ...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar? ...
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar? ...
Mãe-Negra não sabe nada ...
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra! ...
Os teus meninos cresceram,
e esqueceram as histórias
que costumavas contar ...
Muitos partiram p'ra longe,
quem sabe se hão-de voltar! ...
Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.
É a tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada."

(Alda Lara, 1951)

beijos

António Chaves Ferrão disse...

CRN
Não tenho adjectivos para qualificar este comportamento.

Anónimo disse...

Mugabe,
Nunca mais abrimos os olhos e decidimos o destino do país sem que nos olhêmos como filhos "pródigos" dos vampiros!

A revolução é hoje!

Anónimo disse...

Ana,
É uma questão de apoiar esse levantamento!

A revolução é hoje!

Anónimo disse...

Ferrão,
Não é fácil definir este tipo de servilismo corrupto!

A revolução é hoje!