quarta-feira, setembro 10, 2008

A festa!

Depois de chegar à Soeiro e ter começado a dar-me conta de que não só é possivel como, realmente, existe outro mundo, no qual todos os seres humanos se saúdam, sejam estes quem forem, apanhei o comboio da Fertagus - aquele que cobra 1/2€ pelo papel do bilhete - e lá cheguei ao terreno da Festa do Avante. Depois de localizar o parque no qual tinha o meu lugar, abri a tenda, troquei de roupa e mãos à obra, levantar o pavilhão da emigração

À noite, depois de um dia que foi como minimo gratificante, como companhia, ao jantar, vieram uns camaradas cantar, a festa foi até às quatro e meia e com visita incluida a todos os "stand", terminando no Alentejo a cantar com adufes, gaitas de foles e guitarras.


Dias depois, abriu a festa para o povo, o espirito era tal que, no pavilhão dos refugiados Portugueses, aqueles que pelas razões mais diversas tiveram que abandonar o seu país, o pavilhão da Emigração, juntaram-se camaradas com muitas estórias para contar, experiências com mais de oitenta anos, pessoas que pretendem continuar a fazer parte da história do nosso país, contribuindo dentro das suas possibilidades para que a festa continue, para que Abril continue a existir, passando aos mais jovens a essência da revolução, como neste caso nos conta o "Quim":

Depois veio a solidariedade, a nova brigada (que não do lápiz azul), alguns já conhecidos e outros que nos trouxeram o prazer imenso de os encontrar, quem dando à tecla diariamente, denunciando a corja e seus estratagemas, se mostrou gente igual e se atirou para o meio de outros que se reuniam para consolidar a vontade de mudar este país e unir as vozes para acordar a malta, materializando esse desafio no novo blog "Cheira-me a Revolução" com link na barra lateral.
Assim, a festa foi correndo da melhor maneira - tendo sido uma das que maior afluência verificou nos últimos anos, em boa parte pela publicidade feita pelo governo, com a sua lei de financiamento - e revitalizando a necessidade de votar para que a festa saia fora da Atalaia e passe a ser o dia-a-dia do nosso povo, aquela realidade que procuram os jovens que corriam ao lado de reformados e de pais com bebés nos ombros, para se juntarem à despedida que mais não é que um intervalo.

Quanto a mim, lá fiquei, até à hora do comboio, em santa Apolónia, onde me levaram camaradas que residem na margem sul, colaborando com quem, uma vez mais, só falava da festa do ano que vem, desejando-se saúde e prosperidade mutuamente, cantando e compartindo o ultimo almoço deste ano, sem deixar de propôr o menu do ano que vem mas confiantes no reencontro que acontecerá na próxima manifestação, já na próxima quinta-feira, no congresso de finais de Novembro e sobretudo na luta que vai supôr um periodo com tantas eleições.

Agora depende de todos nós, alguns, quem queira, ajudando à contrucção da festa na Atalaia mas todos fazendo valer a sua vontade votando.

11 comentários:

Ana Camarra disse...

CRN

O espírito da Festa é mesmo esse.
Um ano de trabalho para levantar o espelho do que somos e queremos.
Um local de fraternidade, entre ajuda, debate, descontracção, luta, alegria e ternura.
Com o bem maior de sentirmos que não estamos sós!
Que somos muitos!
Todos diferentes e todos iguais na nossa certeza.
Do velho alentejano que canta o seu cante, passando pelo jovem que toca um tambor, á mulher que faz com carinho a sopa, ao pessoal de que limpa, os voluntários do posto médico, os que aviam cerveja, os que zelam pela segurança, os que cantam….
Ninguém com espírito mercenário, só e apenas convicção.
A troca de experiências, o debate de pontos de vista, tudo isso nos torna só e apenas mais fortes.
Para o ano há mais, mas durante todos os dias construímos uma espécie de Festa interior, com convicções, posturas, atitudes, com certezas.
Para não variar muito deixo-te uma letra especial, Zé Mário Branco, um poeta das canções.
As dificuldades são muitas, não é fácil este caminho que escolhemos, mas estamos cá uns para os outros…

Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou para te falar
Estas paredes me tolhem
os passos que quero dar
uma e feita de granito
não se pode rebentar
outra de vidro rachado
p'ras duas pernas cortar

Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Só tem medo desses muros
quem tem muros no pensar
todos sabemos do pássaro
cá dentro a querer voar
se o pensamento for livre
todos vamos libertar

Eh! Companheiro eu falo
eu falo do coração
Já me acostumei à cor
desta negra solidão
já o preto que vai bem
já o branco ainda não
não sei quando vem o vento
para me levar de avião

Eh! Companheiro respondo
respondo do coração
ser sozinho não é sina
nem de rato de porão
faz também soprar o vento
não esperes o tufão
põe sementes do teu peito
nos bolsos do teu irmão

Eh! Companheiro vou falar
vou falar do meu parecer
Vira o vento muda a sorte
toda a vida ouvi dizer
soprou muita ventania
não vi a sorte crescer
meu destino e sempre o mesmo
desde moço até morrer

Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou para responder
Sorte assim não cresce a toa
como urtiga por colher
cresce nas vinhas do povo
leva tempo a amadurecer
quando mudar seu destino
está ao alcance de um viver

Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou para te falar
De toda a parte me chamam
não sei para onde me virar
uns que trazem fechadura
com portas para espreitar
outros que em nome da paz
não me deixam nem olhar

Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Portas assim foram feitas
para se abrir de par em par
não confundas duas coisas
cada paz em seu lugar
pela paz que nos recusam
muito temos de lutar.

Abreijo

Anónimo disse...

Tudo isso e mais, importante é lá estar, é importante contrastar, ouvir outro tipo de áis, saber que juntos nos podemos libertar!

alex campos disse...

Soube bem ler o teu texto.
Um grande abraço.

Fernando Samuel disse...

Excelente conjunto de posts sobre a nossa Festa - tal como os que dedicas ao Chile.

Um abraço grande, camarada.

Anónimo disse...

Alex,
Ainda bem, foi um prazer encontrar-te com os demais camaradas.

Anónimo disse...

Samuel,
Obrigado camarada, Chile ainda vive, um povo com consciência.

A revolução é hoje.

Anónimo disse...

Camarada CRN
Foi como muito bem dizes um belo convivio, estivémos três dias num mundo diferente,e lutaremos para que isso aconteça...sempre!
Para já , faltam apenas 36o dias, mas a luta continua.
Abraço

Anónimo disse...

Magnífico testemunho. A Festa é de Todos!
Um Abraço

LuisPVLopes disse...

Pois gostei de te conhecer.
Foi como habitualmente uma excelente festa, cada vez mais e mais gente, o partido vai ter que comprar mais terreno, senão para o ano nem nos poderemos mexer.
E este ritmo ainda a festa irá de facto do Minho ao Algarve.
Quando será que este povo se decide?

Ouss

Zorze disse...

Boas CRN,

Gostei do teu post.
Tanto a escrita como os vídeos.
É bom sentir que existe um SENTIR de mudança cada vez maior.

Essa mudança, que irá haver, vai ser sem Medo e com toda a Força.

Abraço,
Zorze

Mário Pinto disse...

Poesia,
A luta continua!

Ludo,
Também lá estiveste!

Sensei,
Há que trazer a festa para fora da Atalaia, que a festa seja por todo o Portugal.

Zorze,
A mudança, como tu sabes, está ao virar da esquina.

Cumprimentos.