O altruísmo.
O altruísmo, para começar, tende a ser endogrupal, mas conserva um aspecto individualista que a meu ver se revela fundamentalmente no voluntarismo.
No âmbito do grupo, o objecto da participação (invariavelmente) termina em benefício próprio, mas, também, e conscientemente, e primordialmente, em benefício do grupo, com a intenção de melhorar questões que a este se reservam, elevando a sua capacidade, prestígio, consideração, dimensão, ou mesmo acesso a recursos, indirectamente somos beneficiados por a este pertencer.
A dinâmica de grupo, sendo o colectivo composto por vários indivíduos, pode ver-se mermada devido a questões como o nepotismo corrupto, cobardia, soberba, inveja, incapacidade, frustrações pessoais ou simples ambição. Neste caso, quando estas formas de inter-relação se impõem ao ideal conjunto, quando se legitimam por comunhão daqueles que ocupam roles de proeminência, aparece a individuação, o abandono e/ou a cisão, criando-se um novo grupo ou inserindo-se noutros que careçam dessas desviações ou que, incorporando-as, permitam uma identidade social positiva de maior amplitude.
Também no seio do grupo, sobretudo numa sociedade de perfil colectivista como a nossa, se encontram os, por mim denominados, “ratos”. Estes são aqueles que esperam do grupo, as oportunidades por este criadas, para alcançar através das mesmas o que não foram capazes de alcançar na coerência com os seus dissimulados ideais, as condições que supram as mais variadas lacunas que equivocadamente, ou não, subsistem na sua personalidade. Não obstante, o altruísmo endogrupal neste caso não existe, sim a assunção informativa, mas, excepcionalmente, não a normativa, uma vez que não se desencadeiam acções quando não se perspectivam compensações. Em psicologia, este tipo de perfil conhece-se como advindo de certas patologias, mesmo deformidades neuroanatómicas ou morfológicas.
No caso concreto do grupo ao qual pertenço, por condição, estas últimas não ousam predominar, antes pelo contrário, basta lembrar Homens como Bento Gonçalves, Dias Lourenço, Dias Coelho, Soeiro, e tantos outros que para mencionar não bastaria o virtual espaço deste blog. O ideal do meu partido é maior que o de qualquer homem, que o de qualquer doença, que o de qualquer dogma.
Assim, atribuída que está a vertente política à maioria dos grupos, se não a todos, para evitar situações como as descritas mais acima, sabemos que a concentração de elementos nocivos pode a partida ser limitada com base nos procedimentos estabelecidos que dão lugar à aceitação de novos integrantes, ainda que, dificilmente se detectem e menos se reúnam argumentos para afastar aqueles que no percurso se corromperam, elementos que dificultam, não chegando contudo a degradar, o progresso e o crescimento do colectivo. Contrariedade que promove, de novo, a individuação. A resposta, neste caso, apela à coerência individual com os valores que estiveram na base da decisão primeira de escolher determinado grupo, que formaram determinada personalidade, e, ainda pesando o comportamento abjecto de alguns semelhantes, a análise toma outro cariz, reforçando a identificação com a maioria endogrupal, terminando essa por fortalecer o altruísmo e relegando para o limbo da segregação aqueles que com a sua actitudinal deformação infectam o ambiente.
Porém existe também a necessidade de compartir os recursos. Nessa situação, a diferença entre um grupo com características standard e outro de elíte, é que no actual paradigma, os recursos do último sobram para todos elementos, favorecendo assim a competitividade e premiando a dominancia sem olhar a meios, sendo este evitado pelos que aproveitam outras prácticas camuflando a sua vontade dentro de um entorno solidário, não obrigatóriamente carecido.
Como conclusão, o Homem é um ser social, necessita o grupo, e, como meta essencial reproduzir-se. O altruismo é, pois, a forma que melhores resultados prova alcançar no sentido da transformação do futuro no qual crescerão os nossos genes, viveremos nós e, a sociedade da qual fazemos parte.
terça-feira, agosto 17, 2010
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