III. Sobre a Desagregação do Bloco de Agosto Mas existe ainda outro meio, e muito importante, de verificar a justeza e a veracidade das acusações de cisionismo lançadas por
Trótski. Vós achais que são precisamente os «leninistas» os cisionistas? Muito bem. Admitamos que tendes razão.
Mas, se tendes razão, porque é que então todas as outras fracções e grupos não demonstraram, sem os «leninistas» e contra os «cisionistas», a possibilidade de unidade com os
liquidacionistas?... Se somos nós os cisionistas, porque é que então vós, os unificadores, não vos unificastes entre vós e com os
liquidacionistas? Pois com isso teríeis mostrado de facto aos operários a possibilidade da unidade e a sua utilidade!...
Recordemos a cronologia.
Em Janeiro de 1912 os «cisionistas» «leninistas» declaram que são o partido sem
liquidacionistas e contra eles.
Em Março de 1912 contra estes «cisionistas» unificam-se nas suas folhas russas e nas páginas do
Vorwärts, jornal social-democrata alemão, todos os grupos e «fracções»:
liquidacionistas, trotskistas,
vperiodistas, «
bolcheviques-partidistas» «
mencheviques-partidistas». Todos juntos em boa harmonia, unanimemente, coordenados, de uma só voz, insultam-nos de «usurpadores», «mistificadores» e de outros qualificativos não menos ternos e carinhosos.
Muito bem, senhores! Mas nada teria sido mais fácil para vós do que unir-vos contra os «usurpadores» e dar aos «operários avançados» um exemplo de unidade! Será que os operários avançados, se tivessem visto por um lado a unidade de todos contra os usurpadores, a unidade tanto dos
liquidacionistas como dos não liquidacíonistas, e, por outro lado, apenas os «usurpadores», os «cisionistas», etc, não teriam apoiado os primeiros??
Se as divergências são apenas inventadas ou exageradas, etc, pelos «leninistas», e de facto é possível a unidade dos
liquidacionistas, dos
plekhanovistas, dos
vperiodistas, dos trotskistas, etc, porque é que não o demonstrastes em dois anos com o vosso exemplo?
Em Agosto de 1912 reuniu-se a conferência dos «unificadores». Logo começou a divisão: os
plekhanovistas negaram-se por completo a ir, os
vperiodistas foram mas saíram com protestos e com o desmascaramento do carácter fictício de todo esse empreendimento.
«Unificaram-se» os liquidacionistas, os letões, os trotskistas (
Trótski e
Semkóvski), os caucasianos, o grupo de sete. Unificaram-se? Nós declarámos já então que não, que isso era apenas uma camuflagem do liquidacionismo. Desmentiram-nos os acontecimentos?
Exactamente um ano e meio depois, em Fevereiro de 1914, verifica-se:
Que o grupo de sete se desagrega —
Buriánov afasta-se dele.
Que no novo «grupo de seis» que ficou
Tchkheídze e
Tulíakov ou outro qualquer não conseguem pôr-se de acordo sobre a resposta a
Plekhánov. Declaram na imprensa que lhe vão responder, mas não podem responder.
Que
Trótski, desaparecido realmente há já muitos meses do
Lutch, se separa, editando a «sua» revista: a
Borbá. Chamando a esta revista «não fraccionária»,
Trótski diz deste modo claramente (claramente para todos os que conheçam minimamente o assunto) que a Nacha Zariá e o
Lutch se revelaram na opinião dele, de
Trótski, unificadores «fraccionistas», isto é, maus.
Se você é unificador, caro
Trótski, se você declara ser possível a unidade com os
liquidacionistas, se você se mantém juntamente com eles na posição das «ideias fundamentais, formuladas em Agosto de 1912» (
Borbá n.° 1, p. 6, Da redacção), porque é que então você próprio não se unificou com os
liquidacionistas na
Nacha Zariá e no
Lutch?
Quando no Sévernaia Rabótchaia Gazeta, ainda antes do aparecimento da revista de
Trótski, saiu a venenosa nota sobre a «não esclarecida» fisionomia da revista e de que «nos círculos marxistas se falava bastante» sobre ela, o Put Právdi (n.° 37)
(3),
como é natural, teve de desmascarar a mentira: «nos círculos marxistas falava-se» da nota secreta de
Trótski contra os lutchistas; a fisionomia de
Trótski e o seu afastamento do Bloco de Agosto estão plenamente «esclarecidos».
4)
Án, conhecido chefe dos liquidacionistas caucasianos, que se pronunciara contra
L. Sedov (e recebera por isso uma repreensão pública de
F. Dán e C.a), aparece agora na
Borbá. Fica «não esclarecido» se os caucasianos desejam ir agora com
Trótski ou com
Dán.
5) Os marxistas letões, que eram a única organização plenamente incontestável no «Bloco de Agosto», afastaram-se formalmente dele, declarando (1914) na resolução do seu último congresso, que
«a tentativa por parte dos conciliadores de se unificarem a qualquer preço com os
liquidacionistas (conferência de Agosto de 1912) revelou-se inútil, e os próprios unificadores caíram na dependência ideológico-politica dos
liquidacionistas».
Isto foi declarado, depois de uma experiência de ano e meio, por uma organização que se mantém ela própria numa posição neutral, não desejando entrar em ligação com nenhum dos dois centros. Tanto maior peso deve ter para
Trótski esta resolução de pessoas neutrais!
Já chega, parece?
As pessoas que nos acusavam de cisionismo, de não querermos ou não sabermos entender-nos com os
liquidacionistas, não se entenderam elas próprias com eles. O Bloco de Agosto revelou-se uma ficção e desagregou-se.
Escondendo aos seus leitores esta desagregação
Trótski engana-os.
A experiência dos nossos adversários demonstrou que temos razão, demonstrou a impossibilidade de trabalhar com os
liquidacionistas.
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