Eu pego na minha viola
E canto assim
Esta vida
A correr
Eu sei que é pouco e não consola
Nem cozido à portuguesa há sequer
Quem canta sempre se levanta
Calados é que podemos cair
Com o vinho molha-se a garganta
Se a lua nova está para subir
Que atrás dos tempos vêm tempos
E outros tempos hão-de vir
Eu sei de histórias verdadeiras
Umas belas
Outras tristes de assombrar
Do marinheiro morto em terra
Em luta por melhor vida no mar
Da velha criada despedida
Que enlouqueceu e se pôs a cantar
E do trapeiro da avenida
Mal dormido se pôs a ouvir
Que atrás dos tempos vêm tempos
E outros tempos hão-de vir
Sei de vitórias e derrotas
Nesta luta que se há-de vencer
Se quem trabalha não esgosta
No seu salário sempre a descer
Olha a polícia
Olha o talher
Olha o preço da vida a subir
Mas quem mal faz
Por mal espere
Se o tirano fez a festa
P'ra fugir
Que atrás dos tempos vêm tempos
E outros tempos hão-de vir
Mas esse tempo que há-de vir
Não se espera como a noite
Espera o dia
Nasce da força que transpira
De braços e pernas em harmonia
Já basta tanta desgraça
Que a gente tem no peito
A cair
Não é do povo
Nem da raça
Mas do modo como vês o porvir
Que atrás dos tempos vêm tempos
E outros tempos hão-de vir
sexta-feira, junho 27, 2008
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2 comentários:
Fausto é um dos meus "músicos de intervenção" favoritos, a par de Zeca e José Mário Branco, um grande e excelente compositor.
Esta é mesmo da onda do PREC faz parte um conjunto músicas que se ouvia na minha casa em surdina e os discos eram guardados em capas do Conjunto Maria Albertina e do Conjunto António Mafra.
O meu dizia-me que eu não as podia cantar na rua á frente de estranhos.
Nos dias seguintes ao 25 de Abril recordo o meu espanto de toda a gente as cantar.
Perguntei ao meu pai, que me respondei-Vais poder catar o quiseres!
è pena é a letra estar tão actual, devia de ser lembrança de tempos idos...
Obrigado
Recordo-a, justamente, porque é actual, alguém furou o balão daqueles sonhos.
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