terça-feira, outubro 14, 2008

60 Anos do manifesto - I


O Socialismo Conservador ou [Socialismo] Burguês


Uma parte da burguesia deseja remediar os males sociais para assegurar a existência da sociedade burguesa.

A ela pertencem: economistas, filantropos, humanitários, melhoradores da situação das classes trabalhadoras, organizadores da caridade, protectores dos animais, fundadores de ligas anti-alcoólicas, reformadores ocasionais dos mais variados.

E também este socialismo burguês foi elaborado em sistemas completos.

Como exemplo mencionamos a Philosophie de la misère, de Proudhon.

Os burgueses socialistas querem as condições de vida da sociedade moderna sem as lutas e perigos delas necessariamente decorrentes. Querem a sociedade existente deduzidos os elementos que a revolucionam e dissolvem. Querem a burguesia sem o proletariado. A burguesia, naturalmente, representa-se o mundo em que domina como o melhor dos mundos. O socialismo burguês elabora, a partir desta representação consoladora, um meio sistema ou um sistema completo. Quando exorta o proletariado a realizar estes sistemas e, a entrar na nova Jerusalém, no fundo só lhe pede que fique na sociedade actual, mas que se desfaça das odiosas representações que faz dela.

Uma segunda forma, menos sistemática mas mais prática, [deste] socialismo procurou tirar à classe operária o gosto por todos os movimentos revolucionários, mostrando-lhe que só lhe poderia ser útil, não esta ou aquela alteração política, mas uma alteração nas relações materiais de vida, nas relações económicas. Por alteração das relações materiais de vida este socialismo não entende, de modo nenhum, a abolição das relações de produção burguesas, só possível pela via revolucionária, mas melhoramentos administrativos que se processem sobre o terreno destas relações de produção, portanto que nada alterem na relação de capital e trabalho assalariado, mas que no melhor dos casos reduzam à burguesia os custos da sua dominação e lhe simplifiquem o orçamento de Estado.

O socialismo burguês só alcança a sua expressão correspondente quando passa a ser mera figura de retórica.

Comércio livre! no interesse da classe trabalhadora; protecção alfandegária! no interesse da classe trabalhadora; prisões celulares! no interesse da classe trabalhadora: esta é a última palavra do socialismo burguês, e a única dita a sério. O socialismo da burguesia consiste precisamente na afirmação de que os burgueses são burgueses — no interesse da classe trabalhadora.

5 comentários:

Ana Camarra disse...

CRN

Logo de inicio lembro-me de um filme, importante para mim, mostra a queda da Aristocracia e a ascensão da Burguesia, o filme é o Leopardo, a frase utilizada é a seguinte “È preciso que isto mude para ficar tudo na mesma!”
Essa é a pauta da sociedade burguesa.
A caridade em vez da solidariedade.
O favor em vez do mérito.
A diferenciação sempre.

O que me ocorre, a letra de uma música de José Barata Moura

"Vamos brincar à caridadezinha
Festa, canasta e boa comidinha
Vamos brincar à caridadezinha.
A senhora de não sei quem

Que é de todos e de mais alguém
Passa a tarde descansada
Mastigando a torrada
Com muita pena do pobre,
Coitada.
Vamos brincar à caridadezinha

Festa, canasta e boa comidinha
Vamos brincar à caridadezinha.
Neste mundo de instituição
Cataloga-se até o coração

Paga botas e merenda
Rouba muito mas dá prenda
E ao peito terá
Uma comenda.

Vamos brincar à caridadezinha
Festa, canasta e boa comidinha

Vamos brincar à caridadezinha.
O pobre no seu penar
Habitua-se a rastejar

E no campo ou na cidade
Faz da sua infelicidade
Algo para os desportistas
Da caridade.

Não vamos brincar à caridadezinha
Festa, canasta e a falsa intençãozinha
Não vamos brincar à caridadezinha."

Beijos

Anónimo disse...

Boa aula de Ciência Política. Continua. Um Abraço

Anónimo disse...

O socialismo conservador ou burguês seria, na verdade, uma tentativa de "salvar" o capitalismo compensando parcialmente algumas injustiças sociais. Esse socialismo pretende perpectuar o domínio da burguesia e evitar o "fim da história".
Abraço

Anónimo disse...

Ana,
Camarada Barata Moura!

A revolução é hoje!

Anónimo disse...

Ludo,
A forma mais demagógica esticar a corda!

A revolução é hoje!