quinta-feira, outubro 16, 2008
Outra voltinha!!
Aonde vamos com este espólio?
Sim, espólio por que, como vou tentar justificar, estes planos macroeconômicos para atenuar a crise derivada da financeirização da economia, não passam disso mesmo, de um espólio dos recursos de todos os portugueses, os quais, assim que nasçam – sem tomar em conta o que já deviam, antes de mais esta crise – passam a dever 2.000€ mais – 40% do ordenado mínimo nacional durante um ano.
Assim, se consideramos que, antes não havia liquidez e, a população, estado – a reboque de um déficit que não era para nós, estava já endividada, concluímos que, da mesma forma, os recursos para o apoio à actividade, primordialmente econômica, deverão advir de um endividamento colossal de um país que, até 2013, só receberá 16.000.000.000€ da união européia contra os 20.000.000.000€ que o governo garante, com o nosso dinheiro, como aval de todas as entidades financeiras regionais.
As possibilidades de que o povo, nós, os Portugueses, paguemos a crise, não deixa de ser um factor a manter presente, passando a expor o meu ponto de vista:
Aceitando que, o capitalismo, se sustenha com base na mais-valia da produção, que, esta não tem capacidade de escoamento compatível com um alavancamento sustentado, sobretudo pela manutenção dos países periféricos desde uma óptica colonialista de usurpação dos seus recursos naturais e humanos, derivado da escassez cada vez maior dos mesmos (recursos e países) e, do conseqüente abaratamento fictício da matéria prima – através da pressão directa no 3º mundo e indirecta no eixo, aumento dos custos de producção, na impossibilidade de reduzir - mais - o custo de mão de obra – desvinculando-o do IPC e, assim mesmo, numa política de contenção de preços – que, a necessidade de produzir é inerente a qualquer empresa e que, a procura se verá afectada de forma gradual – observando-se já sinais tangíveis desta mesma desacelaração, se olharmos a diminuição das importações Chinesas de matéria prima ou a caída do preço do Brent até aos 70$, poderíamos estar a contemplar um futuro cenário de colapso das empresas a financiar (ainda que detidas pelos amigos da corja), incapacidade de pago, desaparecimento mais que provável do valor dos colaterais e avais, os quais passam a (segundo o BCE), ampliando a variedade, incluir os leilões de liquidez em dólares (apoiando a hegemonia de quem os põe no mercado e apostando no mesmo erro que nos trouxe até aqui), sem deixar de lembrar que as dividas interbancárias vencem e que, devido à estagnação – por falta dessa mesma liquidez – esta garantia do estado, o que realmente pode ter como objectivo, seja a renegociação dessas mesmas obrigações, gerando em realidade, mais desemprego, incremento da precariedade, menos liberdade, maior déficit, menos garantias sociais, aumento da dívida a países terceiros, e provavelmente do eixo central, o extremar da dependência externa pelo nosso país, mas, fundamentalmente, a venda da vontade dos Portugueses, dos seus recursos naturais e da sua soberania aos desígnios dos bancos centrais.
Prova desta assincronía, entre a economia financeira e a economia real é, a descida imediata do dólar no mesmo dia no qual, na UE, se aprovou uma ajuda de 1.000.000.000€ para regenerar a confiança perdida e facilitar o recurso ao capital por parte das famílias e bancos - mostrando assim, também, quão interessado se mostra o grupo dos Quatro, depois seguido pelos contramestres, em aumentar a dependência pelas famílias do crédito usurário - elemento essencial da financeirização, sem deixar, por outra parte, de denunciar que, com só 0,3% destes pseudo-planos, evitaríamos a morte de 10.000, 10.000, esfaimadas crianças, por dia, uma cada, aproximadamente, oito segundos, trinta crianças morrerão durante os quatro minutos que tardarás em ler este texto.
Sendo que, assim mesmo, essa descida do dólar face ao euro, constitui prova do centralismo consumista do capitalismo selvagem e despótico, tanto quanto, a América do norte, se revela a sociedade mais consumista do globo – representando o consumo interno 2/3 do seu PIB, factor que se viu afectado pela falta de confiança da população, reflectindo-se numa descida 1,2% das vendas, ou seja, o dobro do esperado pelo mercado - e, cerne da orgânica e fundação deste tipo de paradigma econômico.
Ainda, se, com estes dados, cruzarmos o aumento espectacular do desemprego Inglês - 164.000 desempregados mais, situando-se nos 5,7%, nível mais alto desde finais do século passado - podemos até compreender o retrocesso bursátil actual, mesmo depois de pagarmos, com o nosso trabalho, os devaneios dos pseudo-economistas especuladores. A ractificar que, a “crise” veio para ficar e que este espólio só servirá o bolso de indivíduos tipo os executivos da AIG (aqueles que foram passar uma noite de 400.000€ para descomprimir), constatamos uma diminuição de 60% no “profit” da JPMorgan e de 20% nos lucros da Wells Fargo, até agora “invulneráveis” às debilidades do sistema desenhado em Bretton Woods, ou, a “Telefônica”, de Espanha, a reformar trabalhadores com 48 anos, um país com o combustível (gasolina) a 0,97€/L. Mais, quando ouvimos o presidente Bernanke, no clube econômico de Nova York, dizendo que, “ainda esperando uma estabilização, a recuperação do mercado não chegará de imediato”.
Esta política só nos levará a, pagar por existir, pagar, também, com o futuro dos nossos filhos, pagar, deixando de reproduzir-nos e/ou aceitando uma existência escrava para nós e para a maioria dos nossos semelhantes. Levar-nos-á, assim mesmo, seguramente, à fome, à vassalagem, à volta do direito de pernada, mas, sem dúvida, conduzir-nos-á a aceitar que nos amordacem, que nos continuem manipulando, que nos cevem, pastoreando-nos no cercado com esses cães de guarda treinados no Iraque ou no Afeganistão, com subsídios para desempregados como reserva de contingente que exercerá de fantasma suficientemente visível para os trabalhadores, aumentando a clivagem, a desocialização, a arrogância, a raiva e a sua contenção, uma vida sem nos reconhecermos, sem possibilidades de unir as nossas vozes, de órfãos de personalidade e filhos do capital.
Assim mesmo, desvirtuando as infundadas considerações de futurologia, quando tomamos o Marxismo/Leninismo como referência – mesmo que, alguns desesperados, recorram agora à compra do livro “O capital” (compra que aumentou, só na Alemanha, de 500 exemplares durante o passado ano, até 1500 unidades no actual exercicio), e, partindo das afirmações da líder (liderzinha) do PSD, nas quais defende que, “ao tempo que avisava sobre esta crise!”, podemos concluir que, a mesma, estava prevista (desde o século XIX, sem dúvida), e, justificar, agora, com mais dados, os motivos pelos quais o SNS tem vindo - através da legislação promulgada, pelos governos dos 32 últimos anos – a, ajudar a morrer mais rapidamente os nossos idosos, ou, a prolongar a agonia de pacientes com patologias complicadas, que, na educação, se tenham reduzido as exigências programáticas e que, se atire o futuro dos professores e dos alunos, para as mãos destes últimos, que, na investigação criminal, paire uma nuvem laisser-passez, levando a cabo uma triagem daqueles que realmente são “válidos”, tipo Valentim Loureiro, Leonor Beleza ou Paulo Pedroso - como exemplo - e que, por outra parte, de forma vergonhosa (para quem a tem), facilite a destruição paisagística e natural do país, condenando ao abandono, redes de pesca, terras de cultivo, para a construção de empreendimentos que, só servirão os interesses do capital e dos capitalistas, os quais, serão servidos à mesa – e, onde seguramente for necessário, por escravos com habilitações superiores, baratos e extremamente submissos, adormecidos durante 12 anos em barricas de contraplacado.
Uma forma demagógica de nos reduzirem à condição de escravos.
Ainda voltando aos dados relativos ao aumento da venda de “O Capital”, de Marx, e, com intenção de evitar que os média, em dois meses, atirem cá para fora apreciações ou conclusões tergiversadas ou, fruto da falta de preparação de muitos profissionais da comunicação, vale a pena lembrar que, depois de mais de cem anos de estudos, teses e conclusões, este, já foi estudado e entendido por Lênin, serviu de bibliografia a Bukharin (ainda que a este lhe faltasse a preparação, ou mais que a preparação, a idade, para entender o materialismo dialéctico de ambos os mentores), e, adoptado, assim como adaptado ao contexto, por partidos como o Partido Comunista Português.
Por outra parte, podemos observar, situando-nos no período entre 1917 – época do outro grande crash, este por falta de intervenção do governo norte-americano e pela sua minarquia – que a NEP, fundamentada numa lógica comum a Lênin e Bukharin, carecia de coerência em determinados aspectos, obrigando a revolução a esperar o seu amadurecimento durante duas ou três décadas, isolando o colectivo da realidade global, as quais levariam Lênin a preterir o seu discípulo, apostando por planos qüinqüenais, bem mais compatíveis com a evolução inerente à nossa espécie.
Sintetizando esta rápida, inevitável e, visceral reflexão, penso que, esta “ajuda” à banca não procede, que a mesma devia fundir-se, e, considerando que o resultado dessa fusão pudesse provocar desemprego, investir directamente no desenvolvimento de áreas de producção com objectivo de futuro, reformulando o conceito de sociedade na qual queremos viver e, preparando esses desempregados em linha com o investimento dos seus próprios impostos, em suma, aplicando o centralismo democrático, mas, sabemos que, mais uma vez, só existe um partido que defenda esta solução, e esse, não se encontra como os defensores do acordo de venda do mundo aos interesses imperialistas americanos, ou seja, o acordo de Bretton Woods, acordo que, nos conduzirá, no futuro, a repetidos flashback de crises deste tipo.
Será este o nosso objetivo? Vamos apoiar esta ignomínia? Vamos ter o valor de dizer o que queremos, enquanto é tempo? Vamos aceitar a decadência de, como dizia Jung, “nascer original e morrer uma cópia”? Afinal estamos vivos, ou não?!
O 2009 está à porta, não fiques em casa!
O resultado do “esforço” dos Portugueses, pedido por cada governo no qual têm, literalmente, a grande maioria, confiando a sua vida desde há 32 anos:
Ano, déficit e dívida Pública em percentagem do PIB
1990 6,3 55,3
1991 7,2 57,7
1992 4,5 51,7
1993 7,7 56,1
1994 7,3 59,0
1995 5,0 61,0
1996 4,5 59,9
1997 3,5 56,1
1998 3,4 52,1
1999 2,8 51,4
2000 2,9 50,4
2001 4,3 52,9
2002 2,9 55,5
2003 2,9 56,9
2004 3,4 58,3
2005 6,1 63,6
2006 3,9 64,7
2007 2,6 63,6
2008 2,2 63,5
2009 2,2 64,0
Fonte: Comissão Europeia e OE 2009
Como proposta (ainda sendo uma “artista” Portuguesa, sugiro que, eliminem o áudio e, continuem ouvindo Fausto, bem mais em sintonia com a solução de investimento que sugiro), deixo aqui aquela que, evitando um impacto significativo nas nossas reservas, pode, apostando na vanguarda, solucionar uma questão fundamental do nosso país, a dependência energética.
A revolução é hoje!
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4 comentários:
Mas disto tudo, o que na realidade me atormenta, em especial pelo facto deste povo de parolos, não enxergar um boi do que está especado à sua frente, é que assistimos a mais uma crise financeira perfeitamente delineada e muitíssimo bem elaborada, ainda melhor executada, do grande capital a ROUBAR, é isso mesmo, A ROUBAR à descarada os dinheiros públicos, para cobrir décadas de gastos milionários em bens e benesses próprias, para si e para os seus, depauperando e delapidando o cash flow das empresas e, através da banca privada, com jogos de movimentação de capitais, acrescido de um consumismo desenfreado, que atingiu proporções desmesuradas, onde o valor do dinheiro perdeu e já há muito, a sua correspondência quer em valor ouro, quer mesmo em rentabilidades (valor da produção per capita), ou seja o valor do que se produz foi de longe ultrapassado pelo valor do que se consome, os gastos ultrapassaram as receitas e, já há muito tempo, a banca vinha cobrindo com transferências de tira daqui, para tapar ali, só que a área a descoberto foi aumentando e crescendo, hoje é de tal ordem, que não pode manter o nível, aí então o estado nacionaliza a banca privada, financiadora do grande capital privado, com dinheiros públicos, ou seja, de todos nós, viabilizando desta forma o sistema, como que remendando o próprio sistema, que atingiu o seu auge e, estoirou (o Capitalismo).
Esta forma de agir é extremamente injusta, pois usa o dinheiro dos que menos podem, apenas porque são aos milhões, através dos impostos dos trabalhadores, a serem desviados, para ajudar os que tudo podem e que tudo sempre tiveram e têm, sendo assim viabilizado, o seu usual nível de vida, em detrimento de um estado funcional, em detrimento da saúde pública, do ensino público, do apoio social, sobrecarregando ainda mais quem trabalha, pois os ministros e seus lacaios precisam manter os seus salários milionários e as suas benesses de topo.
Contudo, quando estas empresas e banca privadas deram lucro, nunca parte desse lucro serviu para tirar a fome a 1 criança que fosse, nunca foi usado para compensar os desempregados, a saúde pública, o ensino público, matar a fome aos esfomeados, etc.
QUE MERDA DE SOCIEDADE É ESTA?
QUE MERDA DE POVO É ESTE?
MAS QUE MERDA É ESTA?
MAS QUEM É QUE PODE SER ATRASADO MENTAL AO PONTO DE APOIAR ESTA SOCIEDADE CAPITALISTA?
EM PORTUGAL QUEM É QUE PODE ACEITAR ESTA INFAME INJECÇÃO 20.000.000.000€ DE CAPITAIS PÚBLICOS NA BANCA PRIVADA, SEM QUE COM A SUA CONCORDÂNCIA NÃO ESTEJA A DAR UMA IMAGEM DE SER UM GRANDESSÍSSIMO FILHO DE UMA MULHER POUCO SÉRIA, À IMAGEM DO SEU 1º MINISTRO E RESTANTE BANDO DE GATUNOS NOJENTOS QUE GOVERNAM ESTE PAÍS EM NOME DE UM PARTIDO FORMADO NA SUA MAIORIA POR MENTIROSOS E VIGARISTAS?
BASTA!… BASTA!… ABAIXO O GOVERNO QUE SE DIZ SOCIALISTA E QUEM O APOIAR!
A REVOLUÇÃO ESTÁ NA RUA!…JUNTA-TE A ELA E MUDA ISTO DE VEZ!
Ouss
CRN
Eu já comentei no Cheira-me a Revolução mas ainda assim dizer que este texto é importante pelo esclarecimento.
A população portuguesa anda muito embrutecida, aparvalhada, mas é preciso esclarecer, informar chamar a atenção, em suma acordar.
Depois tem de se dizer que a luta contra este estado de coisas não é feita de rasgos infantis ou de bravatas, tem de ser concertada, tem de ser feita com inteligência e com legitimidade.
Depois, mencionar Brecht, outra vez
porque é importante valorizar quem não se cala e luta, sempre, contra este estado de coisas.
"Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis"
beijo
Sensei,
A intenção é justificar o inconformismo, ainda que para tal se tenha que desfiar o bacalhau com certa frequência, estou de acordo contigo, o povo, como nós, tem pouco acesso à informação, pouco tempo para a analisar e, sobretudo, aquela que lhe é proporcionada está altamente manipulada. Assim, penso que de forma menos académica, necessitamos aportar outros pontos de vista que, pelo menos, motivam a discussão.
A revolução é hoje!
Ana,
Começando pelo fim, penso que o Brecht me fica grande, porém, no relativo ao acordar da população, mesmo com argumentos discutíveis, é fundamental agitar as consciências.
A revolução é hoje!
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