Mesmo não sendo particularmente Freudiano, sei ainda que, desde sempre, a psicologia tem encontrado dificuldades no que à sua consideração popular enquanto ciência respeita. Porém, se bem é certo que existe uma importante psicologia popular, é igualmente certo que existe uma psicologia cientifica. E, no concernente a esta última, duas áreas específicas e complementarias: A psicologia aplicada e a psicologia básica, âmbito do qual, atendendo à sua essência, retiraremos dados que nos permitirão aproximar a alguma conclusão rompendo o condicionamento da subjectividade ou do cepticismo.
Consciente da dificuldade de rebater em poucas linhas um estereótipo, sobretudo considerando o momento cultural que atravessamos, ainda que seres sociais (e culturais), quero reiterar a ideia de que riqueza não é sinónimo de bem-estar.
Como ponto de partida, podemos começar por averiguar se as sociedades mais ricas são aquelas em que o bem-estar é superlativo. A resposta é: Esta sincronia só acontece em parte. Mentir seria negar que os países mais prósperos (Dinamarca, etc.) usufruem de maior bem-estar que aqueles economicamente carenciados (Senegal, Botswana, etc.). Contudo, de facto, entre a riqueza de um país e o bem-estar da população, não existe uma elevada correlação. Aliás, podemos definir um tecto de dez mil euros de renda per capita. Acima deste tecto, o incremento da renda per capita deixa de correlacionar ou manter um crescimento paralelo com o bem-estar. Como tal, numa primeira impressão poderíamos afirmar que resulta mais favorável para a vida ser Alemão que Ganês. Não obstante, ainda que a renda per capita Luxemburgo seja bastante superior à do Canadá, no que ao bem-estar respeita não se constata grande diferença.
Por outra parte, torna-se importante saber se, num determinado país, a melhoria económica se traduz em aumento do bem-estar. Neste caso, para não nos reduzirmos ao Portugal de hoje versus Portugal de 1975, vamos mesmo ao berço do capitalismo e ampliaremos o período de análise. Começando com dados de 1957 e chegando à actualidade, no caso dos estados unidos da América do norte, sabemos que (medida em dólares de 1995), a renda per capita era de nove mil dólares. Actualmente é o dobro, de maneira que, nos lares norte americanos, desde 57 até hoje, a percentagem de lava-louças passou de sete para cinquenta por cento, os ares condicionados passaram de quinze a setenta e três por cento, ao mesmo tempo que o número de automóveis duplicou. Ainda assim, a percentagem de pessoas que afirmam ser muito felizes não aumentou; pelo contrário, desceu de trinta e cinco para trinta e quatro por cento. Além disso, os indicadores de mal-estar (divórcios, suicídio adolescente, depressão), esses sim aumentaram de maneira exponencial.
Existem ainda dados semelhantes para outros países como Inglaterra ou Japão.
Concluindo: mais que mais conclusões, que também, mas, sem deixar de lado motivos como a capacidade humana de adaptação (o processo motivacional é isso mesmo: uma inquietação adaptativa não obrigatoriamente no sentido de Anaximandro ou, ainda que de outra forma, de Heraclito) ou o desejo (quase necessidade Darwiniana) de comparação interna e externa, vital seria suprir o primeiro e segundo níveis da pirâmide de Maslow, que estimo a primeira e mais importante necessidade do Homem: Consciência, capacidade que surge, desperta, primordialmente na infância mas que, até ao pôr-do-sol, encontra na plasticidade neural sustento para se recuperar.
Escrevia o Aleixo:
"Se é que valor nenhum tem,
não crê que o mundo isso diz:
basta pensar que é alguém
para se sentir feliz."
domingo, fevereiro 27, 2011
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