Este problema merece tanto mais a nossa atenção quanto é certo, em determinado sentido, poder-se afirmar que é precisamente à juventude a quem incumbe a verdadeira tarefa de criar a sociedade comunista. Pois é evidente que a geração de militantes educada sob o regime capitalista pode, na melhor das hipóteses, resolver o trabalho de destruir os alicerces da velha sociedade capitalista baseada na exploração. O máximo que poderá fazer será levar a cabo a tarefa de organizar um regime social que concorra para que o proletariado e as classes trabalhadoras conservem o poder nas suas mãos e para criar uma base sólida, sobre a qual poderá vir a edificar unicamente a geração que começa agora a trabalhar já em novas condições, numa situação em que não se observa a exploração entre os homens.
Pois bem, ao abordar, sob este ponto de vista, o problema das tarefas da juventude, devo dizer que essas tarefas de um modo geral e da União das Juventudes Comunistas, assim como de outras organizações semelhantes, poderiam definir-se numa só palavra: aprender.
Está claro que isto não passa de “uma palavra”, que não corresponde às interrogações mais essenciais: aprender o quê e como? E neste problema o essencial é que, com a transformação da velha sociedade comunista, não podem continuar a ser o que eram. Ora bem, o ensino, a educação e a instrução da juventude devem partir dos materiais que nos legou a antiga sociedade.
Não podemos edificar o comunismo senão a partir da sociedade de conhecimentos, organizações e instituições, do acervo de meios e forças humanas que herdamos da velha sociedade. Só transformando o ensino radicalmente, a organização e a educação da juventude, conseguiremos que o resultado dos esforços da jovem geração seja a criação de uma sociedade que não se pareça com a antiga: isto é, a sociedade comunista.
Devido a esse fato, devemos examinar detalhadamente aquilo que devemos ensinar à juventude e como esta deve aprender se quer realmente merecer o nome de juventude comunista, de que modo haverá que prepará-la para que saiba terminar e coroar a obra que nós começamos.
Devo dizer que a primeira resposta, e a mais natural, parece ser a de que a união das juventudes, e em geral toda a juventude que queira o advento do comunismo, tem que entendê-lo.
Mas esta resposta, “entender o comunismo”, é demasiado geral. Que haverá de fazer para aprender o comunismo? Dentre a soma dos conhecimentos gerais, que se deverá escolher para adquirir a ciência do comunismo? Ameaça-nos, neste ponto, uma série de perigos, que surgem por toda a parte cada vez que se planeja mal o trabalho de aprender o comunismo quando se entenda de uma maneira demasiado unilateral.
À primeira vista, naturalmente, parece que aprender o comunismo é assimilar o conjunto dos conhecimentos expostos nos manuais, folhetos e trabalhos comunistas. Mas esta definição seria demasiado tosca e insuficiente.
Se o estudo do comunismo consistisse unicamente em saber o que dizem os trabalhos, livros e folhetos comunistas, isto originaria facilmente comunistas fanfarrões, o que muitas vezes nos causaria danos e prejuízos, já que estes homens, depois de haverem lido e muito aprendido o que se expõe nos livros e folhetos comunistas, seriam incapazes de coordenar todos esses conhecimentos e de atuar como realmente exige o comunismo.
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