A luta contra os revisionistas, em torno destas questões, serviu para reavivar fecundamente o pensamento teórico do socialismo internacional, tal qual, vinte anos antes, havia ocorrido com a polêmica de Engels contra Dühring.
Os argumentos dos revisionistas foram analisados com factos e cifras nas mãos. Demonstrou-se que os revisionistas sistematicamente embelezavam a pequena produção actual. O facto da superioridade técnica e comercial da grande produção sobre a pequena, não só na indústria, mas também na agricultura, está demonstrado com dados irrefutáveis. Porém, na agricultura, a produção mercantil está muito menos desenvolvida, e os estatísticos e economistas actuais não sabem, no geral, destacar aqueles ramos (e às vezes, inclusive, as operações) especiais da agricultura que demonstram como esta se vê envolvida, progressivamente, no intercambio da economia mundial. A pequena produção sustenta-se sobre as ruínas da economia natural, graças à deterioração infinita da alimentação, à fome crônica, ou à prolongação da jornada de trabalho, à queda na qualidade do gado e nos cuidados com o mesmo; em uma palavra, graças àqueles mesmos meios com que se sustentou, também, a produção artesanal contra a manufactura capitalista.
Cada avanço da ciência e da técnica mina, inevitável e inexoravelmente os alicerces da pequena produção na sociedade capitalista. A tarefa da economia socialista consiste em investigar este processo em todas as suas formas, não poucas vezes complexas e intrincadas, e demonstrar, ao pequeno produtor: a impossibilidade de sustentar-se sob o capitalismo; a situação desesperada das fazendas camponesas no regime capitalista e a necessidade de que o campesinato aceite o ponto de vista do proletariado.
Frente ao problema de que tratamos, os revisionistas cometeram, no aspecto científico, o pecado de incorrer em uma superficial generalização de alguns factos, separados unilateralmente, à margem de suas conexões com todo o regime do capitalismo, e, no sentido político, cometeram o pecado de conclamar ou empurrar o camponês, inevitavelmente, de modo voluntário ou involuntário, para o ponto de vista do proprietário (ou seja, ao ponto de vista da burguesia), em vez de empurrá-lo ao ponto de vista do proletariado revolucionário.
O revisionismo saiu ainda pior em relação à teoria das crises e a teoria do colapso. Somente durante um tempo muito curto, e unicamente os muito míopes, puderam pensar em modificar os fundamentos da doutrina de Marx em função de alguns anos de auge e prosperidade industrial. Logo, a realidade se encarregou de demonstrar ao revisionistas que as crises não haviam fenecido: após a prosperidade sucediam-se as crises. Modificaram-se, as formas, o encadeamento, o quadro das diversas crises, entretanto estas continuavam sendo parte integrante, inevitável, do regime capitalista. Os cartéis e os trustes, unificando a produção, reforçaram ao mesmo tempo, à vista de todos, a anarquia da produção, a insegurança econômica do proletariado e a opressão do capital, aprofundando deste modo, em um grau nunca visto, as contradições de classe.
Que o capitalismo marcha para o colapso – tanto no sentido das crises políticas e econômicas isoladas, como no sentido da completa demolição de todo o regime capitalista – demonstram, de modo bem palpável e em proporções particularmente extensas, os modernos e gigantescos trustes.
A recente crise financeira na América do Norte, o espantoso desemprego em toda a Europa, sem falar da próxima crise industrial, cujos sintomas não são poucos, tudo isto fez com que as recentes "teorias" dos revisionistas tenham sido esquecidas por todos, inclusive, ao que parece, por muitos dos próprios revisionistas. O que não se pode esquecer são os ensinamentos que esta instabilidade dos intelectuais deu à classe trabalhadora.
Em relação à teoria do valor, só é necessário dizer que, excluindo alusões e sussurros muito vagos, ao modo de Böhm-Bawerk, os revisionistas não acrescentaram absolutamente nada nem deixaram, portanto, nenhuma contribuição ao desenvolvimento do pensamento científico.
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