quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Amostra sem valor

Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.

António Gedeão

4 comentários:

Fernando Samuel disse...

Quem sabe «assim», sabe muito...
Um abraço.

Mário Pinto disse...

E o Gedeão sabia.

Um abraço.

Zorze disse...

Grande poema!

Abraço.

Mário Pinto disse...

Zorze,

É mesmo.


Abraço