domingo, junho 26, 2005

Lisboa..

PS e PSD entendem-se bem:
Um dia depois de ter vindo à baila (“Público”,pág.58 de 24/Junho) mais uma bronca com os ordenados dos gestores públicos, onde por exemplo a vereadora do Urbanismo da Câmara de Lisboa Eduarda Napoleão que acumula cargos com a empresa municipal Ambélis (imcumbida da obscura tarefa de “promover o desenvolvimento económico de Lisboa”) , em conjunto ganha (ordenados no total de 116 mil euros= + de 2000 contos mês, a que se acrescenta um lugar na administração da EPUL com mais 5750 €/mês) muito mais do que o próprio Presidente da Republica, o que é proibido por lei (Lei 29/87) alem de impedir Sampaio,coitado, de não poder acumular tachos pela natureza da função que exerce!,,,(ufa! haja fôlego),,,,,,a CML fechou os olhos ao inicio da demolição da casa onde viveu Almeida Garrett,,, contra o parecer do IPPAR e de diversas associações cívicas de lisboetas,ordenada pelo seu actual proprietário, Manuel Pinho, actual ministro da Economia do governo PS, apesar de ainda não haver licenciamento para o inicio das obras,,,(coisa de profissionais pois o início da demolição verifa-se a um sábado, dia em que a fiscalização é praticamente inactiva). A vereadora do Urbanismo Maria Helena Casadinho Napoleão é formada em Artes Plásticas, portanto uma "artista", cujas aptidões pesaram decerto na decisão de trazer para Lisboa a ex-vereadora da Câmara Municipal da Figueira da Foz pelo doutor Santana do Lopes.A ironia está em a doutora Napoleão ter sido anteriormente vice-presidente do Instituto Português do Património Arquitectónico. Efectivamente,,,,,,lá estava ali em Campo de Ourique na Rua Saraiva de Carvalho nº 78, a tabuleta – “"No dia 9 de Dezembro de 1854 falleceo n'esta casa o poeta portuguez Visconde D'Almeida Garrett"Com a demolição deste património deviam-se tambem “demolir” as intenções de voto em Carmona Rodrigues e/ou no auto-suspenso Carrilho,,, um deles o senhor que se segue aos que já estão.

terça-feira, junho 21, 2005

Shishmaref

A ilha onde está a povoação de Shishmaref está a perder entre a quatro a sete metros de terra por ano para o mar. O gelo derrete-se, as tempestades são cada vez mais frequentes e o subsolo antes permanentemente congelado a começar a transformar-se em água, a aldeia esquimó de Shishmaref, no Alaska, está a preparar-se para mudar de sítio nos próximos quatro anos.
Em cima de uma barreira muito estreita no mar de Chukchi, a povoação tem apenas 600 habitantes que todos os dias veêm as ondas cada vez mais próximas da porta de casa. O terreno onde está já encolheu tanto que se tornou num caso de estudo sobre os efeitos das alterações climáticas. Esta será a primeira comunidade a mudar-se devido ao aquecimento global. As temperaturas no Alaska subiram uma média de 4,4 graus nos últimos anos, o que contribui para o degelo e, consequentemente, para a subida do nível do mar.
A erosão nesta ilha é tão dramática que os planos de mudança implicam uma deslocalização para o interior do continente a cerca de 22 kilómetros do sítio onde estavam. Se virem tempestades mais fortes, a acção terá de ser antecipada.
No total 184 aldeias de Inuits, o povo esquimó do Alaska, correm os mesmos graves riscos.

domingo, junho 19, 2005

"Einstein era considerado peligroso porque se mostraba solidario con la clase de causas que apoyaban los comunistas", explicó la doctora. Ellen Schrec

Tambêm pensava Einstein que...“A anarquia econômica da sociedade capitalista tal qual existe hoje é, em minha opinião, a real fonte do mal....“Chamarei de ’trabalhadores` todos aqueles que não compartilhem da posse dos meios de produção... Na medida em que o contrato de trabalho é ’livre`, o que o trabalhador recebe é determinado não pelo real valor dos bens que produz, mas pelo mínimo de que necessita e pela busca dos capitalistas da força de trabalho em relação ao número de operários competindo por empregos.“.. sob as condições existentes, capitalistas privados inevitavelmente controlam, direta ou indiretamente, as principais fontes de informação (imprensa, rádio, educação). É assim extremamente difícil e, na verdade na maior parte dos casos, realmente impossível para o cidadão chegar a conclusões objetivas e fazer uso inteligente de seus direitos políticos.“A produção obedece à lei do lucro, e não se destina ao uso. Não tem a preocupação de que todos aqueles capazes e dispostos a trabalhar sempre tenham condições de encontrar emprego; um exército de desempregados quase sempre existe...“A invalidação do individuo, eu a considero o pior dos males do capitalismo... Inculca-se no estudante uma atitude competitiva exagerada, instruindo-o a adorar o êxito aquisitivo...“Estou convencido de que há apenas um (itálico no original) meio de eliminar estes graves males, ou seja, através do estabelecimento de uma economia socialista, acompanhada de um sistema educacional voltado para metas sociais. Em tal economia, os meios de produção são possuídos pela própria sociedade e utilizados de forma planificada. Uma economia planificada, que ajusta a produção às necessidades comunitárias, distribuiria o trabalho a realizar entre todos aqueles capazes de trabalhar e garantiria a subsistência a todo ser humano. A educação do indivíduo, além de promover suas próprias habilidades inatas, empenhar-se-ia em nele desenvolver senso de responsabilidade por seus semelhantes em lugar da glorificação do poder e do sucesso de nossa presente sociedade.”

quinta-feira, junho 16, 2005

O Egas Moniz foi Nobél!

Political lobotomy is so dangerous an operation that it creates only freaks with primary democratic characters



Perhaps all great powers, shooting ahead in the race of history (of course in their own opinion), strove to make happy the rest of the world by sharing the secret of their success.



Some peoples followed a prophet nation voluntarily, imitating studiously even its gait. The rest experienced a forcible political lobotomy, straightening their brain convolutions in the right direction to their own good. Ancient Rome experimented on all known to the Romans barbarians until the patients got finally tired of it. Freedom-loving France imposed stubbornly the Code Napoleon on all Europe until the Russian Cossacks made a visit to Paris. Mercantile London on the top of its might wanted to turn everyone around into tradesmen, grocers and money-changers - even a celestial, dreamer and philosopher Gandhi. Lenin and Trotsky would have liked to see the whole humanity singing enthusiastically the Internationale. Nazi Germany in search of the superman measured skulls and straightened the brain convolutions of the neighbors with tanks.



Alas, but the same sin, the impatient desire to make over every one after their own fashion, inheres in "the Empire of Good", the USA. It was patent in Vietnam, it is overt in Iraq. The undertaking is hopeless as a matter of fact: the convolutions tend to resume their own form even after the hottest ironing.



The explanation of the phenomenon is so obvious that it had already occurred to Herodotus, who noted in his History: "If one should propose to all men a choice, bidding them select the best customs from all the customs that there are, each race of men, after examining them all, would select those of his own people." Maybe it explains why the Turkmen, for example, having rid themselves of the Soviet supervision, didn't go forward but returned to their past, to the customs - which are exploited (not without some talent) by cunning Turkmen-bashi.



In short, the export of democracy is as hopeless as the export of the World Revolution. What is more, this lobotomy is so dangerous an operation that it creates only freaks with primary democratic characters.



It's quite impressing that USA doesn't get it so far. American politicians try hard to compete with Evolution. Color revolutions, supposed to promote democracy, every time entail quite naturally something different from what has been expected by the organizers. Now EU finds that Georgian president has manners of a petty banana dictator, then Kyrgyzstan' revolutionary democrats, after having barely gone to the streets, turn into vulgar pillagers.


As the ancient Romans before them, Americans believe sincerely that they are the people which example should be followed by the rest of humanity. This belief is childlike, but the naivety of the superpower is not that safe. It's good that there are Americans who understand it well and have honesty and humor to poke fun at the narcissism of their compatriots.



It's not easy to grow a viable democracy in the contemporary world. It's not without reason that among hundreds of formally democratic countries less than a dozen can boast of political, social and economic stability. I won't expatiate upon moral health of these well-nourished lucky ones.



So the seeds of democracy should be handled at least prudently. For a start it makes sense to foreknow the soil and the climate of a country where the democracy tree is supposed to sprout up. Americans at first boldly throw a seed over an ocean - as far as to Caucasus - and then, having encountered problems, they try to reanimate it, when a seed has already withered long since and has become natives' totem to which a formally democratic president and a formally democratic parliament solemnly lay flowers on camera. In other words the result is not a democracy but a kind of the plastic turkey with which G.W. Bush once regaled his soldiers in Iraq.



If only to recall how many lives and resources were wasted only in Iraq, it becomes clear that Evolution is more economical, intelligent and, chiefly, humane.



"The Empire of Good" regards its own sins in cold blood, though. And it will in the future. Until it collapses under the weight of the own arrogance; as it happened to other empires in the past.



As long-livers noticed: "Today Caesar, tomorrow nothing".



Pyotr Romanov

RIAN

Somos hoje o País de Abril?

Portuguese Communist Party loses the man but not the dream
06/14/2005 18:11
Today's world is a vindication and justification of the ideals of everything which Alvaro Cunhal represents.
Alvaro Cunhal died at dawn on 13th June at 91 years of age, having spent three quarters of a century fighting for human rights, for freedom, for democracy and against Fascist and reactionary forces. His legacy is visible today because his dreams continue to be alive amongst us, his ideals are more and more relevant and his word more the truth today than ever before.Today's world is a vindication and justification of the ideals of everything which Alvaro Cunhal represents and the guidelines of his Project continue to be relevant and pertinent. At a time when public services enter in collapse in the capitalist-monetarist world, at a time when the forces which detain power launch murderous attacks across the globe as they try to grab its resources by the throat, at a time when western society stands at a crossroads not knowing which way to turn, searching for values, the path which Alvaro Cunhal showed us makes more sense.Alvaro Cunhal represents an ideal in which the State provides free and high quality services in the areas of education and health, free and guaranteed housing, a society with all the capacities to provide social mobility, decent wages, decent pensions, decent values, safe streets and a constant upgrading of the cultural and professional level of the people - the Communist ideal for which he fought so hard.He was born in Coimbra in 1913 but it was in Lisbon, at the Faculty of Law, that Alvaro Cunhal began his revolutionary activity. Member of the Portuguese Communist Party since 1931, he was elected Member of the Student Senate in 1934 and one year later, General Secretary of the Federation of Young Communists, participating in the Fourth World Congress of Communist Youth in Moscow.In 1937 and in 1940, he was arrested, the second time being brutally tortured by the Fascist authorities of Dr. Antonio de Oliveira Salazar, going underground to reorganize the party in 1940/41 and becoming Member of the Secretariat of the Portuguese Communist Party between 1942 and 1949, when he was jailed again, spending 11 years in prison and again suffering horrendous acts of torture. However they never broke his will or determination and he remained faithful to his comrades and to his ideals to the end.In 1960, he escaped from Peniche prison and went abroad, liaising with political figures from other countries, keeping the PCP alive in Portugal, being elected General Secretary in 1961.Back in Portugal for the Revolution of 25th April 1974, he was Minister without Portfolio in the first four governments, being elected to the Constituent Assembly in 1975. He was elected Member of Parliament (Republican Assembly) in 1976, 1979, 1980, 1983, 1985 e 1987 and he was also a member of the Council of State.In 1992, in a process of renovation of the party's structures, Alvaro Cunhal passed the post of General Secretary to Carlos Carvalhas (the post is now held by Jeronimo de Sousa) and was nominated President of the National Council of the PCP.Alvaro Cunhal leaves a vast range of publications, both in the political and literary areas.Alvaro Cunhal was, and will always continue to be, an example of dedication, political coherence, courage, wisdom, honesty, respect for mankind and for human values and love for his people. If only the political class of today were to take a leaf from his book, we would be living in paradise.
Timothy Bancroft-HincheyPravda.Ru

As conquistas da Revolução - por Jorge Leitão Ramos "in Expresso"

Na semana em que morreram Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal voltou a ouvir-se gritar pelas ruas «25 de Abril Sempre!» e muito se falou das «conquistas da Revolução». Mas será que essas conquistas existem?

A pergunta poderá parecer insensata para quem conheceu Portugal antes de 1974, mas há muita gente viva e adulta para quem as várias facetas da palavra liberdade são simples experiências naturais do quotidiano - tão naturais que, tal como o ar que respiramos, parecem decorrer do facto de estarmos vivos. E não é assim...

Na pequena caixinha que diz respeito ao cinema, nunca é demais lembrar que o 25 de Abril de 1974 trouxe o fim da Censura. A Censura significava, claro, filmes que não podíamos ver, outros que só podíamos ver com cenas cortadas - mas, no fundo, significava mais que isso: significava que todos éramos seres tutelados, sem discernimento capaz para escolher do que devíamos ou não ver, crianças eternas. Um estatuto de menoridade sem remissão. Mas a Revolução de Abril não trouxe simplesmente o fim da Censura. Não foi um castelo que desabou e pronto. A Revolução de Abril trouxe a proibição da Censura - ou seja, não é permitido pela lei portuguesa que alguém mutile um filme e o dê a ver assim, seja por que motivo for. Nós não temos apenas o direito de ver filmes inteiros, a letra da lei não consente que seja de outro modo.

Lembrei-me disto, agora que o Presidente Bush acaba de assinar um projecto de lei que autoriza editores de DVD a formatarem os filmes de modo a torná-los aptos para toda a família, ou seja eliminando tudo o que possa causar embaraço aos puritanos - e isto, evidentemente, sem dar contas aos realizadores. O argumento utilizado para a aprovação de tal medida foi - pasme-se! - que os lucros dos produtores não seriam postos em causa e que, portanto, não haveria prejuízo para ninguém. Nos Estados Unidos é, assim, possível adquirir DVD's com filmes de onde foi abolida toda a linguagem rude, toda a nudez, toda a violência explícita, todo o conteúdo verbal ou icónico que tenha relação com sexo. Veja-se em (www.cleanflicks.com) uma parte do que já está disponível.

Em Portugal isto não era possível - a lei não tolera malfeitorias destas. Quem pensa que o 25 de Abril nos trouxe apenas uma democracia burguesa de tipo ocidental está muito enganado. Foi muito mais - é muito mais - que isso.




Jorge Leitão Ramos

segunda-feira, junho 13, 2005

Obrigado e até já!

Álvaro Barreirinhas Cunhal, nascido em Coimbra em 10 de Novembro de 1913, faleceu hoje aos 91 anos comunista como resolveu sê-lo aos 17 anos.

O funeral do líder histórico do PCP, Álvaro Cunhal, realiza-se quarta-feira às 15h00 em Lisboa. O corpo estará em câmara ardente a partir de terça-feira ao final da tarde, em local a anunciar pelo PCP.

A vida de Álvaro Cunhal confunde-se com a do Partido Comunista Português, para o qual foi sempre uma referência, mesmo depois de ter cedido a sua cadeira de secretário-geral, em Dezembro de 1992.

O pai de Álvaro, Avelino Cunhal, era advogado de província tendo chegado a governador civil da Guarda. Fez a primária em casa, mas aos 11 anos a família mudou- se para Lisboa, tendo estudado nos liceus Pedro Nunes e Camões. Em 1931, com 17 anos, ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa e, eleito representante dos estudantes de Lisboa no Senado Universitário, a sua primeira proposta foi acabar com a Mocidade Portuguesa.

No mesmo ano filiou-se no PCP, entrou para a Liga dos Amigos da URSS e do Socorro Vermelho Internacional e depressa subiu os degraus da organização do partido. Em 1935 já era secretário-geral das Juventudes Comunistas e, no ano seguinte, entrava para o Comité Central, que o enviou a Espanha, onde viveu os primeiros meses da Guerra Vivil, uma

experiência que inspirou o seu romance «A Casa de Eulália». Aos 24 anos, em 1937, sofre a primeira prisão, no Aljube e Peniche. Por questões políticas foi obrigado ao serviço militar (início de Dezembro de 1939) na Companhia Disciplinar de Penamacor, mas por motivos de saúde a junta militar dispensou-o pouco depois. Em Maio de 1940 foi novamente preso.

Estudou na cela e foi à Faculdade, sob escolta policial, defender a sua tese (100 páginas, confiscadas depois pela PIDE) sobre a realidade social do aborto e a sua despenalização. Os examinadores Paulo Pita e Cunha, Cavaleiro Ferreira e Marcelo Caetano (que vieram a integrar o consulado de Salazar) deram-lhe 19 valores.

Em 1941, trabalhou como regente de estudos no Colégio Moderno, a convite de João Soares (pai), e chegou a dar explicações a Mário Soares, mas no final desse ano passa à clandestinidade. Até 1947 conseguiu pôr de pé o partido, restabelecer as relações com a Internacional Comunista (interrompidas em 1938) e ganhou todos os «desvios internos», sendo mesmo o responsável pelo relatório político apresentado no II e IV Congressos.

Preso de novo pela PIDE em 1949, é levado a julgamento e condenado a quatro anos de prisão maior celular, seguida de oito anos de degredo. Na prisão escreve e desenha. Esteve mais de oito anos isolado numa cela. «Quando se tem um ideal o mundo é grande em qualquer parte», lembraria mais tarde.

A 3 de Janeiro de 1960 foge com outros camaradas do Forte de Peniche, uma fuga espectacular e segue-se novo período de clandestinidade. No ano seguinte é eleito secretário-geral (cargo vago desde 1942) do Partido Comunista Português. Mesmo vivendo no exílio, Cunhal entrou e saiu várias vezes do país e consegue publicar, em 1964, o «Rumo à Vitória», cujas teses ainda perduram no núcleo duro do PCP.

Cinco dias após o 25 de Abril de 1974, Cunhal regressou a Lisboa, vindo de Paris, para a 15 de Maio tomar posse como ministro sem pasta no governo provisório. Entre 1975 e 1992 foi deputado à Assembleia da República, mas só por curtos períodos ocupou o lugar na sua bancada.

Em 1982, torna-se membro do Conselho de Estado, cargo que abandonou em 1992, quando também cedeu a liderança do PCP a Carlos Carvalhas para passar a presidente nacional do Conselho Nacional do partido, um cargo criado à sua medida e extinto anos depois.

Passou incólume aos desaires internos: o «grupo dos seis» e a «terceira via» em 1986; em 1988 o caso Zita Seabra, que acaba por ser expulsa dois anos depois. Foi operado a um aneurisma da aorta, em 1989, em Moscovo. Quando regressa a Portugal, o partido sofre sucessivos contratempos: o grupo do INES e a «quarta via», a queda do muro de Berlim e a «perestroika».

Livre das luzes da ribalta partidária nem por isso deixou de influenciar os destinos dos comunistas portugueses, embora tenha assumido claramente apenas a sua condição de romancista e esteta. Os seus contactos com jovens multiplicaram-se, mas tiveram de passar 28 anos sobre o 25 de Abril para Cunhal ser convidado a falar na Universidade Católica (1997), onde surpreendeu todos ao dizer que Jesus Cristo se sentiria mais próximo dos comunistas.

Com obras publicadas como ideólogo do marxismo-leninismo (entre as quais «Rumo à Vitória» e «Partido com Paredes de Vidro»), só em 1995 reconheceu publicamente ser ele Manuel Tiago - o autor da ficção literária «Até amanhã Camaradas», «Cinco Dias e Cinco Noites», «Estrela de Seis Pontas» e «A Casa de Eulália» - e António Vale, que assinava temas plásticos e fazia desenhos como as suas célebres ceifeiras.

Após a aprovação no Comité Central do «Novo Impulso», um documento que em 1998 imprimia um sentido renovador às linhas de orientação do partido para os anos seguintes, Álvaro Cunhal fez uma ronda de sessões de esclarecimento pelo país, alertando contra as «tendências de social-democratização» no PCP.

Dois anos depois, e por motivos de saúde, Cunhal faltou pela primeira vez à Festa do Avante e pela mesma razão ao XVI Congresso do PCP. Mesmo ausente, marcou os trabalhos, ao enviar um documento em que reafirmava a actualidade do marxismo-leninismo.

Nos últimos anos esteve sempre afastado da cena política devido à sua avançada idade e ao seu estado de saúde.

Em Novembro último, voltou a enviar uma nova mensagem ao XVII Congresso, também saudada de pé pelos militantes. Álvaro Cunhal teve uma filha única, Ana - filha da sua companheira de exílio Isaura Dias -, embora a mulher dos seus últimos anos fosse Fernanda Barroso.

domingo, junho 12, 2005

Ai Portugal Portugal!

A gang of 500 black youth signaled the entry of Europe in the phase of Mass beach muggings, June 10, 2005.More than five thousand robbed. The beach was under total control of the gang for more than two hours.
Only "sensationalist" news allowed to report.
The only english language newspaper in Europe to print some lines on this unprecedented event was the Sunday Mirror.Notice no word about who were those 500 people.BTW, in 1960 black were less than 0.5 pct of the population of Great Lisbon.Now they are more than 20 pct. Increasing exponentially.
====MUGGERS IN BEACH RAMPAGEJun 12 2005
HUNDREDS of teenage muggers stormed a packed beach stealing from sunseekers in a mass "steaming" attack.Five police officers were injured and a bar owner was taken to hospital with head wounds when around 500 youngsters invaded the beach near Lisbon, Portugal.Several tourists, including British holidaymakers, were treated for shock.Armed riot police had to be called in to beat back the attackers after they fought pitched battles with local officers.The attack at Carcavelos Beach - near England soccer boss Sven Goran Eriksson's holiday home - left authorities stunned.Mass beach muggings by "steaming" gangs have taken place in Brazil but are unprecedented on this scale in Portugal.Police chief Goncalves Pereira said: "Officers had to use batons and fire shots into the air to bring the situation under control."

E depois do adeus?

O General Vasco Gonçalves, antigo capitão de Abril e antigo primeiro-ministro dos II, III, IV e V Governos Provisórios ( II, III, IV e V) morreu, este sábado, aos 83 anos de idade.

Vasco Gonçalves, que fez parte do MFA (movimento das Forças Armadas, morreu esta tarde no Algarve.

Pai das nacionalizações, da reforma agrária, de novas condições laborais que passaram pelo salário mínimo, dos subsídios de Natal e de férias, Vasco Gonçalves defendeu o socialismo como o pai do homem novo, o socialismo pronto a revolucionar o mundo.

Foi com este ideal em mente que o antigo primeiro-ministro dos governos provisórios deu uma entrevista no 25 de Abril de 2005, onde defendeu que são os operários e os trabalhadores dos EUA que têm de fazer a revolução para que ela alastre a todo mundo.

Na sua estante guarda a memória de viagens onde se deixou fotografar ao lado de Fidel Castro.

O General Vasco Gonçalves encontrava-se na reserva desde que, em 15 de Dezembro de 1975, o Conselho da Revolução o demitiu por razões políticas. Acusado pelos opositores de ser próximo do Partido Comunista Português, acabaria por ser afastado sob a acusação genérica de incumprimento do ideário do MFA.

Depois do 25 de Novembro de 1975, raras vezes apareceu em público. Uma dessas vezes foi há um ano para justificar a revolução de Abril.

sábado, junho 11, 2005

Essa autoridade!

Os incidentes de hoje, na Praia de Carcavelos, Concelho de Cascais, causaram ferimentos em três civis e dois polícias, tendo sido detidas quatro pessoas, disse à Agência Lusa o comandante metropolitano da PSP de Lisboa, super-intendente Oliveira Pereira. Três dos detidos foram-no por agressão às autoridades, acrescentou. A PSP acompanhou a saída dos banhistas da praia, não só no local mas também na estação de caminho-de-ferro e mesmo dentro das carruagens, durante a viagem, onde não se verificou qualquer problema, revelou o comandante. O super-intendente Oliveira Pereira disse que a PSP iniciou quinta-feira um novo sistema de patrulhamento, com motociclistas, nas praias da Costa do Estoril e foram esses agentes, que se encontravam no paredão, que deram conta do que se estava a passar e pediram reforços. Foram deslocados para o local 60 homens, disse a mesma fonte. A PSP calcula que os incidentes foram causados por cerca de 400 indivíduos de vários bairros periféricos de Lisboa. Os feridos civis não estão em estado grave e foram tratados no Hospital de Cascais. Quanto aos polícias feridos, um sofreu apenas escoriações, mas suspeita-se que o outro tenha um braço partido. Um comunicado do Comando da PSP precisa que os incidentes começaram cerca das 15:00 e que, uma hora depois, a normalidade fora restabelecida. O documento revela ainda que alguns indivíduos ofereceram resistência ao serem detidos. A invasão da Praia de Carcavelos levou a Polícia Marítima (PM) a reforçar o número de homens no local, de quatro para 22, disse à Agência Lusa o porta-voz da Armada, comandante Gouveia e Melo. «Foram chamados reforços da área de Lisboa», disse a mesma fonte, precisando que, para patrulhar toda a costa portuguesa, a Polícia Marítima tem apenas quinhentos homens. Quando começaram os incidentes, a PM tinha na praia de Carcavelos apenas quatro homens. A PM tem também a seu cargo a segurança dos cidadãos nas praias, em colaboração com as outras forças de segurança, revelou a mesma fonte.

sexta-feira, junho 10, 2005

Façâmos contas em Outubro.

Seis aeronaves para apoio a combate a incêndios deverão estar disponíveis a partir de hoje em território nacional, de acordo com o anúncio feito quarta-feira pelo director da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais.

O general Ferreira do Amaral explicou que três aeronaves irão apoiar o combate ao fogo em Castelo Branco, Lousã e Fafe, juntando-se aos restantes três helicópteros (os dois da Protecção Civil, uma vez que o aparelho que avariou terça-feira volta hoje a funcionar, e um contratado no âmbito de um protocolo com a Portucel).

As aeronaves poderão assim ajudar a controlar os seis incêndios que ao início da madrugada de hoje ainda estavam por circunscrever.

O incêndio que mobilizava maiores meios era o de São Luís, em Odemira, Beja, onde as chamas estavam a ser combatidas por 124 bombeiros, apoiados por 35 viaturas.

Segundo o director da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais, as autoridades contam a 01 de Julho ter em funcionamento um dispositivo total de 49 aeronaves.

No início da época de incêndios, este ano antecipada para 15 de Maio, as autoridades anunciaram que o dispositivo de combate aos fogos seria composto por duas fases: a primeira (Alfa), até 30 de Julho, com 1.285 bombeiros, 309 veículos e 13 aeronaves, e a segunda (Bravo), de 01 de Julho a 30 de Setembro, com 4.150 bombeiros, 973 veículos e 47 meios aéreos.

Na segunda fase estarão ainda envolvidos no combate aos incêndios 1.679 sapadores florestais, apoiados com 343 veículos.

Durante a época de incêndios, meios do Exército, Marinha e Força Aérea farão missões de patrulha, detecção e apoio às populações.

De acordo com o relatório da Direcção-Geral de Recursos Florestais, nos primeiros cinco meses deste ano registaram-se 8.000 fogos, que consumiram cerca de dez mil hectares de floresta.

O documento, que se reporta ao período entre 01 de Janeiro e 29 de Maio e aponta um "acréscimo muito significativo" da área ardida face à média dos últimos cinco anos, contabiliza 8.162 ocorrências (2.095 incêndios florestais e 6.067 fogachos).

Em 2004 a área total ardida atingiu cerca de 120 mil hectares, segundo a Direcção-Geral dos Recursos Florestais. Em 2003 o fogo queimou 425 mil hectares, a maior área total destruída pelos incêndios nos últimos 20 anos.

quinta-feira, junho 09, 2005

Mudar o mundo?

Jorge Leitao Ramos in "Expresso"

Pode um livro, um filme, um quadro mudar uma pessoa? E, se muitas pessoas mudarem, pode-se mudar o mundo?

A pergunta é tão velha quanto a arte - e a arte, sabe-se, é das práticas que melhor define a diferença entre o humano e o simples primata. A pergunta foi das que mais atravessou o século XX - e, por isso, houve «Outubro», «A Revolução de Maio», «O Grande Ditador» e «O Triunfo da Vontade», por isso Estaline proibiu a segunda parte de «Ivan, o Terrível», Salazar não nos deixou ver «Hiroshima, Meu Amor», McCarthy perseguiu a esquerda de Hollywood, Hitler mandou queimar livros e banir a pintura moderna, tida como degenerada. Em nome de Deus não nos deixaram ver «Viridiana» e em nome da classe operária não lhes deixaram ler - e, depois, ver - o «Doutor Jivago».

Veio-me isto à mente quando li a amarga constatação que João Lourenço confidencia ao «Diário de Notícias» de dia 8, a propósito da «Ópera dos 3 Vinténs» que o encenador pôs em palco no Teatro Aberto. Lourenço diz que «Brecht enganou-se quanto ao poder [de intervenção] do teatro, que é muito pouco» e conclui: «Ficarei muito contente se alertar um espectador por noite».

Eu pertenço a uma geração que acreditou na força da arte para mudar a realidade. E não apenas em termos teóricos. Eu pertenço a uma geração que transportou «O Couraçado Potemkine» em cópias de super-8 de colectividade em colectividade, que organizou reuniões para ouvir o Zeca cantar «Os Vampiros», que discutiu até os olhos doerem se «Há Lodo no Cais» era um filme de um provocador reaccionário e o que fazer com isso. Uma geração que teve uma Revolução nas mãos e a viu morrer - e não por falta de acreditarmos que «a cantiga é uma arma». Daí à descrença nas possibilidades de intervenção da arte foi um passo. Se calhar demasiado apressado, que as desilusões nunca geram energias.

As palavras de João Lourenço vêm contra a corrente de um certo cinismo instalado. Claro que a arte não faz revoluções. Mas o que ele nos diz é importante: alertar um espectador por noite. Pôr uma pessoa a pensar em vez de ir na corrente. Olhar um espectador de frente - não a massa. Ajudar a difundir um grão de consciência. Pouco a pouco, no lento caminho da humanidade para uma coisa melhor, ir semeando a noção de que isto assim não pode ser. Vou nisso.

PS, PCP, BE e Verdes aprovam proposta!

Rendimento mínimo regressa

PS, PCP, Bloco de Esquerda e Verdes aprovaram hoje a proposta do Governo e projectos dos comunistas e bloquistas que alteram o Rendimento Social de Inserção do anterior executivo, repondo os princípios do Rendimento Mínimo Garantido.

Os três diplomas, que baixaram à Comissão de Trabalho e Segurança Social para discussão na especialidade, mereceram a oposição do CDS-PP.

O PSD votou contra os projectos do PCP e BE e absteve-se quanto à proposta do executivo. Entre as alterações introduzidas pelo executivo está a fórmula de cálculo para aceder a esta prestação, que deixa de ter como referência os rendimentos auferidos pelo agregado familiar ao longo do último ano, passando a ter em conta o último mês ou a média dos últimos três meses.

O diploma reintroduz ainda o princípio do carácter automático da renovação da prestação ao fim de 12 meses da sua duração e consagra o «princípio da fiscalização orientada por indicadores de risco, de modo a aumentar a eficácia no combate à fraude».

O Parlamento aprovou também na generalidade, por unanimidade, os projectos do PS, PSD, PCP, CDS-PP e BE sobre a difusão da música portuguesa na rádio, que estabelecem quotas - entre 20 a 60 por cento, conforme os diplomas - para a emissão de música nacional.

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Henrique Neto, um bem sucedido empresário (Ibermoldes) próximo da ala-esquerda do PS de que foi ex-deputado, apela em carta (de 19 de Maio) ao Parlamento, à fiscalização dos Contratos e negócios com o Estado em geral e no âmbito da Defesa Nacional em particular.
Um caso cuja opacidade é suspeita é o processo de negociação dos contratos de Contrapartidas para a compra de material para as Forças Armadas (submarinos e helicópteros) sem que até à data alguma dessas contrapartidas negociadas por PAULO PORTAS tenha sido executada pelas empresas fornecedoras (Augusta Westland,EHI,FerrostalAG e GSC).
O actual ministro da pasta Luis Amado já classificou o processo como “um EMBUSTE, que é inaceitável”
Onde terão ido parar os proventos das negociatas cujo volume em contrapartidas para o Estado deveria ser de 2,3 mil milhões de euros? (o equivalente a 24% do défice!)
O actual porta-voz do Ministério da Defesa frizou: “Não se trata certamente de um acaso, mas de um sofisticado processo de simulação” realizado pela ESCOM, a empresa consultora escolhida por PAULO PORTAS (do grupo Espirito Santo a empresa do BES já envolvida no escândalo "SobreiroGate") com cuja colaboração activa e pouco clara os fornecedores se podem excusar ao cumprimento do contratado. Luis Horta e Costa, constituido arguido por suspeita de “tráfico de influências” no caso atrás mencionado, administrador da Escom, nomeou o irmão Miguel Horta e Costa como consultor da Escom para a área das contrapartidas nos negócios com Paulo Portas, que declarou que “não tem havido condições para negociar com os consórcios internacionais envolvidos porque cabe ao Estado defenir quais os sectores da economia onde as contrapartidas deverão ser aplicadas através de uma CPC a criar”. Essa CPC existe e foi presidida durante os governos do Cherne-ignóbil por Brandão Rodrigues, um dirigente do CDS-PP nomeado por Paulo Portas. Fechou-se o círculo!
Na carta de Henrique Neto afirma-se ainda que a “omissão da comissão está ao serviço de previsiveis interesses que não sei quantificar, no sentido de criar um capital de queixa das empresas fornecedoras sobre as Autoridades nacionais” isto para “impedir o Estado português de accionar os mecanismos legais conducentes a qualquer pedido de indemnização”
* Outro dos principais visados na carta é o ex-Ministro da economia e finanças de Guterres PINA MOURA que tambem tutelou o sector energético, e nessa qualidade vendeu a Petrogal à ENI, vendeu parte do capital da EDP e da Galp à Iberdrola,,, sendo posterior e simultâneamente Deputado, Administrador da GALP e presidente da empresa de energia IBERDROLA Portugal, empresas onde tinha mediado esses negócios e participado nos processos de PRIVATIZAÇÃO enquanto Governante, vindo depois a tornar-se Dirigente de todas elas!
* porra! Não há sintaxe que resista a explicar tudo isto,,, alô, alô doutor Jaime Gama?,você é pago para nos “representar”!,,, está alguém em casa?

Hipocrisia?

O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, garantiu hoje que o Governo vai alterar alguns pontos do Código do Trabalho mesmo que não haja acordo com os parceiros sociais.

"O compromisso do Governo é com o eleitorado", afirmou Vieira da Silva, referindo-se à promessa eleitoral do Partido Socialista de alterar algumas normas do diploma relacionadas com a contratação colectiva.

"O Governo não vai revogar o Código do Trabalho, mas vai avançar com alterações pontuais", sublinhou o ministro, adiantando que o prazo para a discussão com os parceiros sociais termina no final deste mês.

Vieira da Silva, que falava à saída da reunião da Concertação Social, salientou, no entanto, que a intenção do Governo é "trabalhar para uma solução mais construtiva da legislação laboral".

O ministro reagia assim ao desacordo manifestado pelos parceiros sociais em relação à proposta de alteração do Código do Trabalho que o Governo apresentou.

O presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), Francisco Van Zeller, sublinhou que os parceiros sociais "mostraram um cartão amarelo ao Governo" e garantiu que os patrões "não vão ceder, se a proposta do Governo se mantiver".

Van Zeller, que falava em nome das quatro confederações patronais, adiantou que existem três artigos em que não haverá "qualquer espécie de cedência", entre os quais o relacionado com a caducidade dos contratos colectivos de trabalho.

O secretário-geral da UGT, João Proença, afirmou que as alterações propostas pelo Governo provocaram "um choque frontal" entre patrões e sindicatos", o que o leva a afirmar que "não vai haver acordo" em relação à revisão do diploma.

Para Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, a proposta do Governo não corresponde ao compromisso assumido, pois não combate a caducidade dos contratos e o vazio da contratação colectiva.

Os parceiros sociais têm até ao dia 15 de Junho para entregar as suas propostas ao Governo, que responderá quatro dias depois.

No dia 24, os parceiros voltam à mesa da Concertação Social, para aquela que deverá ser a última reunião sobre esta matéria, visto o Governo ter afirmado que quer concluir o processo até ao final do mês.

Depois de tocar no fundo... Só cavando!

Dez anos deitados fora, ou seja, cerca de 15% do tempo médio de vida de um português, foi o resultado conjunto das políticas de desenvolvimento económico dos últimos três governos.

Os dados mais recentes do Eurostat, o gabinete de estatística da União Europeia, mostram que o rendimento per capita português, ajustado a diferenciais de poder de compra, foi em 2004 exactamente o mesmo que o verificado em 1995: 73% da média dos 25 parceiros da União Europeia (UE-25).
No mesmo período, a Espanha passou de 87% da média da UE-25 para 98% e a Grécia de 72% para 82%, tendo ultrapassado Portugal em 2002. O Luxemburgo e a Irlanda são os países com melhores desempenhos. Entre 1995 e 2004, o PIB per capita do Luxemburgo passou de 179% para mais do dobro da média da UE-25. Por seu lado a Irlanda que estava na média há 10 anos atrás, passou agora para 139%.
Os dados são pouco animadores também quando os comparamos com os 10 países do alargamento: a economia portuguesa foi ultrapassada pela Eslovénia, a República Checa já está nos nossos calcanhares, e países como a Letónia, Lituânia e a Hungria estão a evoluir significativamente.


“ Em breve mais nos ultrapassarão”
Quem o afirma é João Ferreira do Amaral, professor do ISEG, que não se mostra surpreendido, mas apenas preocupado com estes valores. “Este é o resultado da adesão à moeda única quando Portugal não estava preparado, nem em termos de infra-estruturas, nem de condições macroeconómicas”, defende, aludindo à elevada inflação que Portugal experimentava quando aderiu ao euro. “Estamos na ressaca desse processo de ajustamento. É uma crise sem precedentes”, acrescenta ainda.
Segundo o professor do ISEG esta tendência negativa agravar-se-á nos próximos anos, uma vez que os países de Leste gozam de factores mais atractivos para o investimento directo estrangeiro e têm inflações mais baixas que a portuguesa na altura. João Ferreira do Amaral lembra ainda os efeitos negativos que as transformações no comércio internacional trarão a Portugal.
Apesar de partilharem as mesmas preocupações, o ex-ministro das Finanças, Eduardo Catroga, e o professor da Universidade Católica, João César das Neves, acolhem apenas em parte as justificações de Ferreira do Amaral.
Para Catroga a estagnação da economia portuguesa deve-se, essencialmente, à inexistência de reformas estruturais tanto no sector público como no empresarial. “Temos um grave e conhecido problema de competitividade e produtividade, e que os Governos, em especial os do Eng. Guterres, não atacaram”. “Foram dez anos perdidos”, acrescenta.
César das Neves afina pelo mesmo diapasão. “Os dados não são uma surpresa. Depois de dez anos de evolução muito positiva, os últimos dez foram de estagnação”. Quando procura as causas para esta evolução, o professor da Católica não hesita em defender que Portugal não aproveitou o excelente momento económico internacional no final da década de 90: “Quando o Eng. António Guterres chegou ao poder decidiu mudar as prioridades, relegando o crescimento para segundo plano. Os resultados estão à vista”. César das Neves também não concorda que as explicações possam ser encontradas na adesão ao euro: “Se não aderíssemos ao euro teríamos mais um instrumento de política, mas o que aconteceria seria apenas uma transferência de rendimento, prejudicando os trabalhadores.Além disso, teríamos de pagar o preço da não adesão, como por exemplo, enfrentarmos elevadas taxas de juro”.
Também Teodora Cardoso entende estes valores com uma naturalidade que só pode deixar os portugueses muito preocupados sobre as opções de desenvolvimento económico dos sucessivos governos: “O facto de o rendimento per capita português estar a baixar, mesmo em relação ao crescimento medíocre da UE, nada tem de surpreendente”, e explica que este é o resultado “da visão da economia numa óptica estrita de curto prazo, onde se inseriram as ajudas comunitárias que, temporariamente, criaram uma aparência de convergência real”.
No momento essencial de definição das opções de política económica para os próximos anos, estes valores colocam uma responsabilidade adicional sobre o Executivo de José Sócrates.

quarta-feira, junho 08, 2005

400.000 Euro em carrinhos para juizes, depois...

Perante o aumento do número de incêndios, está lançada a polémica à volta da falta de meios para os combater.

Nesta altura, Portugal tem apenas um helicóptero para ajudar no combate aos fogos. Até esta tarde eram dois; agora resta apenas um, já que o que apoiava os bombeiros no incêndio da Serra das Duas Alhadas, na Figueira da Foz, avariou.

A confirmação foi dada esta noite, à TSF, pelo comandante operacional António Simões.

«O helicóptero avariou e teve de aterrar de emergência. Felizmente não houve problemas nem para o helicóptero nem para a tripulação, que, neste momento, já deve estar a caminho de Santa Comba Dão», explicou.

Antes, António Simões tinha feito o ponto da situação do incêndio que começou há mais de 33 horas na Serra das Duas Alhadas, na Figueira da Foz.

«Neste momento, mantém-se apenas uma frente que ainda não está circunscrita. Vamos tentar circunscrevê-lo esta noite», estimou.

O outro incêndio, que está a merecer as maiores preocupações, é o da Serra de Tomar, no distrito de Santarém.
Os bombeiros esperam que o fogo esteja extinto pela manhã desta quarta-feira.

De resto, nesta altura, há ainda sete incêndios por circunscrever no país.

sábado, junho 04, 2005

P'lo menos temos um governo solidário!

Lisboa - A deputada do Partido Ecologista «Os Verdes» (PEV) Heloísa Apolónia entregou esta sexta-feira, no Parlamento, um requerimento sobre a situação do ministro de Estado e das Finanças, Luís Campos e Cunha, na sequência da notícia de que acumula uma reforma do Banco de Portugal com o vencimento que aufere como governante. De acordo com uma notícia divulgada quinta-feira canal de televisão TVI, Campos e Cunha acumula uma reforma mensal de cerca de oito mil euros brutos, que obteve depois de seis anos consecutivos como vice-governador do Banco de Portugal, com o vencimento mensal como governante, totalizando cerca de 15 mil euros brutos por mês.Esta sexta-feira, o ministro das Finanças reafirmou a plena legalidade da reforma que recebe por ter desempenhado as funções de vice-governador do Banco de Portugal (BP). «É tudo legal, legítimo, conhecido. Não tenho nada mais a declarar sobre o assunto», disse Campos e Cunha.Para «Os Verdes», não está em causa a legalidade desta acumulação. Porém, «face às medidas altamente restritivas que o Governo quer adoptar, designadamente em relação aos trabalhadores da função pública», explicam, «o que está em causa é a moralidade deste caso».Heloísa Apolónia considera que «o país precisa de uma explicação coerente e clara sobre esta situação, ainda para mais porque envolve alguém directamente responsável pela proposta de diminuição das condições de vida (através da restrição dos orçamentos familiares) das famílias portuguesas».Por isso, pergunta ao Governo se considera «justa e moral» a acumulação de reforma e vencimento do ministro de Estado e das Finanças, «face a todas as medidas de sacrifício que está a pedir aos portugueses para combater o défice».A deputada aproveita para interrogar o Executivo sobre «o verdadeiro vencimento do governador do Banco de Portugal, autor do relatório Constâncio» e sobre a «verdadeira proposta em relação ao fim das subvenções vitalícias dos titulares de cargos políticos».
Lisboa - O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, acumula duas reformas com o salário de governante, adianta este sábado o semanário «Expresso», que equipara a situação do socialista à do titular da pasta das Finanças, Campos e Cunha. Uma das reformas é proveniente de um fundo privado, do extinto IPE, e a outra é uma pensão de reforma da Segurança Social, que resulta da «actividade profissional, com descontos para o regime geral, que teve durante toda a vida», avança o «Expresso», citando fonte oficial próxima do ministro.Somadas, as duas pensões ascendem a 5.600 euros brutos mensais, rondando a prestação proveniente da Segurança Social os dois mil euros. A situação de Mário Lino, refere o semanário, é semelhante à do colega das Finanças, que motivou críticas por parte da oposição. A notícia de que Campos e Cunha acumulava o salário de membro do Governo com uma reforma por ter sido vice-governador do Banco de Portugal durante seis anos foi avançada pela estação de televisão TVI e pelo semanário «O Independente».Na sexta-feira, o primeiro-ministro, José Sócrates, reagiu às críticas ao ministro classificando-as como uma «campanha de assassinato de carácter» contra Luís Campos e Cunha, com quem se mostrou solidário.Em declarações ao «Expresso», através dos seus assessores, Mário Lino e Campos e Cunha que não pretendem abdicar de nenhuma das suas pensões, que se encontram dentro da lei.