O Blog anti-decadência.
CRNAdoro esse poema do Mário de Sá CarneiroDeixo outro"Além-tédioNada me expira já, nada me vive Nem a tristeza nem as horas belas.De as não ter e de nunca vir a tê-las,Fartam-me até as coisas que não tive.Como eu quisera, enfim de alma esquecida,Dormir em paz num leito de hospital...Cansei dentro de mim, cansei a vidaDe tanto a divagar em luz irreal.Outrora imaginei escalar os céusÀ força de ambição e nostalgia,E doente-de-Novo, fui-me DeusNo grande rastro fulvo que me ardia.Parti. Mas logo regressei à dor,Pois tudo me ruiu... Tudo era igual:A quimera, cingida, era real,A própria maravilha tinha cor!Ecoando-me em silêncio, a noite escuraBaixou-me assim na queda sem remédio;Eu próprio me traguei na profundura,Me sequei todo, endureci de tédio.E só me resta hoje uma alegria:É que, de tão iguais e tão vazios,Os instantes me esvoam dia a diaCada vez mais velozes, mais esguios...Mário de Sá-Carneiro"Beijos
Ana, A luta continua!A revolução é hoje!
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2 comentários:
CRN
Adoro esse poema do Mário de Sá Carneiro
Deixo outro
"Além-tédio
Nada me expira já, nada me vive
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive.
Como eu quisera, enfim de alma esquecida,
Dormir em paz num leito de hospital...
Cansei dentro de mim, cansei a vida
De tanto a divagar em luz irreal.
Outrora imaginei escalar os céus
À força de ambição e nostalgia,
E doente-de-Novo, fui-me Deus
No grande rastro fulvo que me ardia.
Parti. Mas logo regressei à dor,
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual:
A quimera, cingida, era real,
A própria maravilha tinha cor!
Ecoando-me em silêncio, a noite escura
Baixou-me assim na queda sem remédio;
Eu próprio me traguei na profundura,
Me sequei todo, endureci de tédio.
E só me resta hoje uma alegria:
É que, de tão iguais e tão vazios,
Os instantes me esvoam dia a dia
Cada vez mais velozes, mais esguios...
Mário de Sá-Carneiro"
Beijos
Ana,
A luta continua!
A revolução é hoje!
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