sexta-feira, setembro 10, 2010

Ler para pensar o mundo - Graça Mexia

Cerca de dez livros foram apresentados na Atalaia, de diversos géneros e abordando temas diferentes. Obras para pensar ou repensar o nosso mundo.

O ambiente era propício à leitura: milhares de volumes estavam espalhados pelas mesas da Festa do Livro, convidando quem entrava a folheá-los e a deixar-se seduzir. Onze dessas obras foram apresentadas naquele espaço, em sessões acompanhadas por leitores e futuros leitores.

Na noite de sexta-feira, Fernanda Mateus, membro da Comissão Política do PCP, apresentou a obra de Graça Mexia 45 Anos e 38 Mil Grávidas Depois, que aborda o método psicoprofilático do parto, que a autora prepara desde 1962. A dirigente comunista recordou como descobriu a existência de um treino que permite às mulheres terem os seus filhos sem dor e encararem a maternidade «como um acto responsável e feliz, não como um fardo». Os relatos cruéis de gerações de partos com dor alimentavam uma visão obscurantista do acto de dar à luz, situação ultrapassada pelo método psicoprofilático, garantiu.

«Politicamente, este livro traz-nos momentos negros da História portuguesa. A sexualidade das mulheres era reprimida e o fascismo não aceitava o trabalho de Graça Mexia», afirmou Fernanda Mateus, lembrando que muitas militantes comunistas que foram mães na clandestinidade conseguiram utilizar este método.

«Hoje, assistimos ao encerramento de maternidades e centros de saúde e o método psicoprofilático tornou-se uma miragem», denunciou a dirigente, sublinhando que a precariedade dos contratos e os horários de trabalho alargados fazem com que a maternidade seja considerada um peso e constituem barreiras a este método.

Graça Mexia confirmou as palavras de Fernanda Mateus: «Nas décadas de 1980 e 1990, acompanhava 75 mulheres por dia, porque a lei permitia que saíssem do trabalho para prepararem o parto. Agora já não. Há um decréscimo brutal de mulheres que o podem fazer, tal como o número de crianças a nascer em Portugal. Isto relaciona-se também com o desemprego, o atendimento nos centros de saúde, a falta de médicos e enfermeiros... Até para a recuperação do parto é difícil ter tempo.»

In, "Avante!"

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