ESTOCOLMO — As eleições legislativas de domingo na Suécia provocaram incerteza política no país, com uma coalizão de centro-direita minoritária que se vê obrigada a negociar com a esquerda para evitar uma aliança com a extrema-direita, que conseguiu entrar no Parlamento.
Após o anúncio do resultado, o primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt, cuja coalizão perdeu a maioria absoluta por três cadeiras, repetiu que não negociará uma aliança com os Democratas da Suécia (SD), o partido com uma plataforma anti-imigração que entrou no Parlamento.
"Fui claro. Não vamos cooperar ou ser dependentes dos Democratas da Suécia", afirmou aos seguidores o político de 45 anos.
"Vou procurar os Verdes (membros da coalizão de esquerda) para obter um apoio mais amplo", completou.
Diante da primeira reeleição da direita à frente do país, da queda histórica da social-democracia e sobretudo do choque causado pelo aumento da votação da extrema-direita, a imprensa sueca destaca o "fim de uma época".
Com seu pior resultado desde 1914, os social-democratas, que passaram boa parte do tempo no poder desde 1932, perderam o encanto sobre os eleitores.
A líder social-democrata Mona Sahlin, de 53 anos, desejava ser a primeira mulher a assumir o posto de chefe de Governo da Suécia, mas obteve apenas 30,9% dos votos.
"A época em que um partido estava aferrado ao poder e podia decidir tudo, felizmente acabou", afirma um editorial do jornal Dagens Nyheter.
"Perdemos. Não fomos capazes de recuperar a confiança", declarou Sahlin no domingos aos simpatizantes.
Mas o terremoto político no país, lembram os analistas, foi completado com a entrada no Parlamento dos Democratas da Suécia, liderados por Jimmie Aakesson, de 31 anos.
Com 5,7% dos votos, o partido conseguiu 20 cadeiras das 349 do Parlamento sueco e está em uma situação ideal para oferecer a maioria absoluta à coalizão, apesar de Reinfeldt ter descartado a hipótese.
"Não criaremos problemas. Assumiremos nossas responsabilidades. Prometo ao povo sueco", afirmou Aakesson no domingo à noite.
Toda a imprensa sueca lamenta nesta segunda-feira o avanço da ultradireita, que deseja acabar com a forte imigração (mais de 100.000 pessoas ao ano) no país, uma das poucas nações europeias flexíveis no tema.
"Caiu o estandarte da "tolerância" e as forças obscuras acabaram mantendo também como refém a democracia sueca", lamenta um editorial do jornal Expressen, que pede Fredrik Reinfeldt uma aliança com os Verdes.
"Se o preço a pagar é um posto de ministro do Meio Ambiente e impostos sobre a gasolina, não se deve hesitar por um segundo", completa.
Mas conseguir o apoio dos 25 deputados Verdes parece complicado, já que os ecologistas fizeram campanha com os social-democratas e contra o governo Reinfeldt.
Na noite de domingo, uma das principais figuras dos Verdes, Maria Wetterstrand, deixou claro que os planos do premier serão difíceis de ser concretizados.
"Vai ser muito difícil para nós, depois desta campanha, olhar para nossos eleitores nos olhos e dizer que vamos cooperar com este governo", disse.
A coalizão de quatro partidos de Reinfeldt recebeu 49,3% dos votos, o que representa 172 cadeiras, três menos que a maioria absoluta de 175. A coalizão de três partidos de esquerda conseguiu 157 deputados.
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(Onde se lê "coalizão", leia-se: Coligação)
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