sábado, novembro 08, 2008

O Caminho é o da Luta Que Continua

Doze anos depois, demonstrando que a vanguarda no pensamento é um atributo comum aos comunistas, destacando-se sobre-maneira no discurso e na acção daquele que, eleito pelos seus camaradas, em coerência; também com as consequências de, com outros camaradas, personalizar a luta contra este marasmo fascista, avisa, esclarece e anticipa, o agravamento da decadência à qual se arroja a liberdade, a vida, enfim, a condição humana.
Esta visão critica de Álvaro Cunhal, mais que promovendo qualquer tipo de elogío, procura despertar-nos a necessidade de olhar para o sistema desde a abstracção, como se de um argonauta se tratasse, mas, em contacto permanente com a realidade, com o povo, com aqueles que têm, unidos, a força necessária para construir o socialismo.


Álvaro Cunhal
08 de Dezembro de 1996

"Em Portugal não só se atravessa uma situação particularmente grave como poderá ter desenvolvimentos ainda mais agravantes, se o povo português não puser fim à política da direita desenvolvida pelo governo do PS e PSD em conjunto preparam contra o povo, contra o país, contra a democracia, contra os interesses nacionais.
Já ninguém contesta que o voto no PS traduziu a esperança numa mudança. O PS enganou o eleitorado, e o eleitorado que tinha tal esperança enganou-se de votar no PS.
Têm razão aqueles que dizem que a política de direita com o Governo PS é ainda mais perigosa do que a do Governo PSD com Cavaco.
Primeiro pelo fato do PS se afirmar um partido de esquerda. Depois pelo “novo estilo”do Primeiro Ministro que sorridente e mediático convida ao diálogo. . . Embora tapando previamente os ouvidos.
PS e PSD oferecem o carnavalesco espetáculo de exaltadas batalhas verbais, de desacordos, de ultimatos de fim de semana como o dedo no gatilho de pistolas de alarme. Com o estrondo imediático da farsa, procuram esconder a real identidade das suas políticas e os entendimentos já estabelecidos ou em vias de se estabelecerem.

Um e outro estão a serviço dos grandes grupos econômicos. Um e outro defendem a liquidação de direitos vitais dos trabalhadores.

Um e outro fomentam a acumulação de riqueza para uns e o alastramento de desemprego e da miséria.

Um e outro são responsáveis pela destruição da nossa agricultura, da nossa indústria, das nossas pescas.

Um e outro defendem a irresponsável corrida para a Moeda Única que, longe de evitar a marginalização de Portugal agravará ainda mais a posição de Portugal como país periférico, marginalizado, submetido e submisso às imposições da União Européia e dos Estados Unidos.

É, porque são cúmplices na política, são também cúmplices na proteção recíproca dos abusos, das ilegalidades, da corrupção nas mais altas esferas do poder, procurando paralisar e desautorizar o Ministério Público, os Tribunais, e a sua independência.

E um novo perigo aí está. A “reforma do regime político”com o qual o PS e PSD visam institucionalizar, através da revisão da Constituição e de leis eleitorais antidemocrática, a partilha do poder entre os dois partidos num sistema de alternância, ora um, ora outro, disputando o poder mas, qualquer deles, a serviço do grande capital.
Esta política não serve nem ao povo nem ao país. Prosseguindo conduzirá a um verdadeiro desastre nacional.

É imperioso lutar para pôr-lhe fim e assegurar um Novo Rumo para Portugal.

Os trabalhadores, o povo, a democracia e Portugal precisam de um governo democrático com uma política democrática, precisam de um governo patriótico que, ao contrário do atual, que se põe de joelhos ou de cócoras na União Européia e nas relações com os Estados Unidos, esteja de pé na cena internacional defendendo com brio, dignidade e coragem os interesses portugueses.
Mentem os que propagandeiam que não existe qualquer política capaz de resolver os problemas do povo e do país.

Por mais que PS e PSD queiram impedir que o povo a conheça, tal política existe. O nosso XV Congresso aqui está para confirmá-la. E a política que o PCP propõe ao povo português e da qual os documentos do Congresso indicam as linhas fundamentais.

A vida tem demonstrado e sectores cada vez mais amplos da população reconhecem que, mesmo na oposição, o PCP é um partido insubstituível, necessário, indispensável ao povo, à democracia, a Portugal.
E a vida tem mostrado mais. Tem mostrado ano após ano que, sem o PCP, e muito menos contra o PCP não é possível pôr fim à política de direita e alcançar uma viragem democrática na política nacional.

E cabe acrescentar ainda algumas palavras sobre essa matéria.

Tal como nas autarquias, os comunistas têm demonstrado sua superior capacidade de dirigir o poder local democrático, tal como na Assembléia da República e no Parlamento Europeu, os comunistas têm mostrado a sua superior competência para apresentar soluções para problemas. Também no que respeita ao governo, no dia em que o povo o quiser, repito, no dia em que o povo quiser, e esse dia chegará, os comunistas estarão preparados e inteiramente capazes de assumir as mais altas responsabilidades."

A revolução é hoje!

9 comentários:

Ana Camarra disse...

CRN

Álvaro Cunhal foi um humanista, culto, inteligente, e nessa condição fez a sua escolha de vida.
Pintor, desenhador, tradutor fantástico, escritor.
Homem firme, com sentido de humor.
Hoje discuti as teses ela última vez, a organização e foi eleita delegada ao Congresso mais que nunca faz sentido este trecho do “Partido com paredes de vidro!”:

“Envolvendo todo o Partido do Comité Central às organizações de base, os congressos constituem uma exaltante afirmação do grande colectivo que é o PCP.
Os Congressos são o Colectivo a pensar, a trabalhar, a realizar, a decidir, num entusiástico empenhamento conjunto que dá uma justa medida de como o PCP a orientação politica, a intensa actividade, a unidade e a disciplina são inseparáveis da democracia interna.”

È isso, o partido somos todos nós!

Beijos

Anónimo disse...

A posição acertada de Álvaro Cunhal é sustentada na análise política, económica e social de uma forma correcta tendo como instrumento de análise o marxismo. Não advém de qualquer dom visionário.

Cumprimentos

Camarada

bivolta disse...

A direita sabe quem e porque elege os seus inimigos.

Anónimo disse...

Ana,
Não seria o partido se assim não fosse.

A revolução é hoje!

Anónimo disse...

Subterrâneo,
Não só Marx. Estudar hoje o Marxismo não é garantia de coerência, idonéidade, de compromisso na luta ou de perseverança na contrariedade, exemplo de tal realidade pode observar-se na conducta politica de muitos esquerdistas ávidos de protagonismo, que nem por isso revolucionários.

A revolução é hoje!

Anónimo disse...

Votar PCP/CDU é votar na ascenção dos trabalhadores, ao poder à governação séria e isenta,à melhoria das condições de vida para todos, à certeza de um futuro muito melhor.
Álvaro Cunhal sabia isso melhor que ninguem.
O estudo da sua obra, é indisopensável na actualidade, como base para o futuro.
Abraço

Anónimo disse...

Caro CRN,

Tens razão. No entanto, eu disse que é feito de forma correcta.
Claro que os estudiosos do marxismo se o aplicarem de forma incorrecta só serve para confundir.

Cumprimentos
Mário Figueiredo

Mário Pinto disse...

Manangão,
Votar CDU é abulir a escravidão!
Um Revolucionário!

A revolução é hoje!

Mário Pinto disse...

Mário,
Não só Marx.

Cumprimentos.

A revolução é hoje!