A UE aprovou um fundo de resgate permanente para começar a funcionar em Junho de 2013. A intenção desta iniciativa, segundo nos querem fazer aceitar, é fortalecer o euro, blindar o euro, mostrar a quem de direito que a europa é coesa e forte, mas, se realmente querem que acreditemos nas possibilidades deste modelo europeu, na sua recuperação, etc. Qual é o motivo para criar este fundo? Será abrir a porta à participação do privado?
Por outro lado, o aumento de capital do BCE, quase duplicando a sua dimensão, que quer ser interpretado como um sinal capaz de acicatar a confiança dos mercados, como se constitui; quem o subscreve; para que serve?
Assim, sabendo que o BCE, com o capital de todos os subscritores, se dedica a comprar a dívida pública dos estados mais deprimidos, ou seja, dos seus próprios subscritores; que as políticas económicas de cada país são, cada vez mais, decididas lá fora, e, que no fundo de resgate já se contemplam participações privadas, não será esta uma forma de entregar os estados ao capital transnacional, com a desculpa de que são os mercados (dinamizados por esses mesmo privados) que obrigam a tais medidas?
Finalmente, não será também um sinal negativo a alteração de um tratado, já de si imposto, que pôde, por isso mesmo, ser criado com toda a comodidade por parte dos governos que o aprovaram?
Um exemplo do resultado desta financeirização, que ainda, ainda, não justifica a emissão de bonos, podemos encontrar na reclassificação da dívida irlandesa, país que, depois de se hipotecar totalmente aos demais estados membros, sem uma mudança real do seu rumo político, por não saber, não poder ou não querer, havendo adoptado as medidas de austeridade que os países que efectivamente conservam o poder na Europa determinaram (retirando direitos à população, aumentando os impostos, etc., como se isso fosse criar emprego), perdeu, segundo os mercados, a capacidade de crescer económicamente ou continuar a endividar-se.
Entretanto, na tentativa de continuar a alimentar a insaciável voracidade deste errado modelo, depois da França, Espanha prepara-se para, dando já o passo seguinte ao aumento extraordinario da esperança de vida da população - situação que atravessa Portugal neste momento -, aumentar a idade de reforma para os sessenta e sete anos.
Em conclusão, que pode não ajustar-se à realidade mas que é aquela que me permito ter, a apropriação da mais-valía na produção por parte de uma oligarquia cada dia mais concentrada ou reduzida, hoje, deve ser indubitavelmente colocada em paralelo com o espólio da própria propriedade sobre a existência, incluindo a dos desempregados. Traduzir na prática o nosso mal-estar, o nosso inconformismo face ao actual paradigma, passa por assumir-mos a nossa vontade e, responsabilizar-mo-nos pelo resultado das nossas opções. Sendo que, uma forma pragmática de o fazer é identificar o nosso lugar em todo este universo e justificá-lo, contribuindo para a sua transformação. Para tal já conquistámos a possibilidade de votar.
sexta-feira, dezembro 17, 2010
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