terça-feira, novembro 23, 2010

Memória carrasca

Quero escutar
gritar,
gritos que atravessem este mundo
sem palavras,
de passado
vazio,
carga
sem bagagem.

A morte devassa-me as entranhas
em cada pedaço de pão,
e vai,
na mentira de cada bom dia,
boa-noite.

Quero um novo código,
um idioma de sorrisos
onde mudo,
o silêncio, cansado,
não seja pausa.
Quero o passado
esse,
agora!

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu so digo é que dizias-me para esticar a mao por ter um filho ao pé da familia em Portugal mas tu agora andas aqui a cheirar o cuzinho a eles todos, todos nao, aqueles que ves terem algo para dar. Memoria carrasca nao, RASCA, que é lembra-me que tenho um irmao como tu.

Mário Pinto disse...

Mesmo anónimo tens um estilo inconfundível, Jorge.
Sabes que cada um entende as palavras com base na experiência adquirida, na sua concepção da realidade, nas suas inquietações, outra coisa é a tergiversação tendenciosa, essa, que as modifica e, mais que por vocação, é mera provocação.
Aproveito para te agradecer que tenhas desistido denunciar-me por te incluir na lista de direcções de um blogue com tendência política.

Um àparte, recordatório, para ti irreverente, mas, nunca credor: também para ti, trabalho desde os 9 anos. Por outro lado, hoje, com 40, a necessidade de que os meus filhos me conheçam, saibam de onde venho (e este teu comentário será um exemplo antagónico de quem sou), torna a transigência com determinados carácteres uma obrigação. Espero que não te tenham retirado a mesada aos 37 por culpa desta aproximação, mas, se assim foi, não te inquietes, eu nunca a tive.