Soldado que perdeu braço diz que se sente abandonado pelos EUA
Mais um caso de desrespeito com os seus cidadãos por parte do governo de George W. Bush veio à tona nesta semana. O Pentágono confiscou o último pagamento do salário de um soldado norte-americano que perdeu um braço no Iraque e o Exército ainda lhe reclama uma dívida de cerca de 2.000 dólares. A informação é do jornal Times Herald-Recorde.
O diário de Middleton (Nova York) indicou em sua página de Internet que Robert Loria, de 27 anos, do Batalhão 588 de Engenheiros, perdeu o braço esquerdo em uma emboscada em fevereiro quando sua unidade se dirigia a Baquba, 64 quilômetros ao norte de Bagdá.
Loria foi transferido ao centro médico militar Walter Reed, em Washington, e depois de sua recuperação foi enviado à base de Fort Hood (Texas). O soldado se queixou da lentidão com a qual recebeu alta e disse ao jornal que inclusive agora "se aproxima do Natal e não tenho como regressar para casa". Acrescentou que completou todos os trâmites de rigor para cobrar seu último cheque de 4.486 dólares, mas as autoridades lhe indicaram que a soma que lhe cabe, de fato, é muito menor, após serem descontadas as despesas médicas, o valor do equipamento perdido e os impostos.
O registro de pagamentos das autoridades mostra que Loria recebeu "erroneamente" pouco mais de 2.408 dólares quando já tinha regressado aos EUA e foi transferido ao centro médico militar. Ao soldado foi enviado depois uma cobrança de outros 2.204 dólares por despesas de viagem desde Fort Hood até o centro médico de Walter Reed para se submeter a visitas médicas porque, aparentemente, as autoridades não receberam os formulários necessários.
Junto a outras despesas por equipes perdidas e a cobrança de impostos, Loria devia ao Pentágono pouco mais de 6.255 dólares, dos quais as autoridades descontaram seu último pagamento e agora o soldado ainda deve perto de 1.769 dólares. "Isto destrói os nervos, porque depois de tudo o que fiz, sinto que estão me abandonando. É como se me dissessem que agora que já cumpri minhas tarefas, já não lhes sirvo", declarou Loria ao jornal nova-iorquino.
Democratas ajudam soldado
Três legisladores democratas dos EUA sensibilizaram-se com o caso e intervieram na sexta-feira (11), em favor do soldado.
Os senadores Hillary Clinton e Charles Schumer e o representante Maurice Hinchey saíram em socorro de Loria e o Exército decidiu retirar suas exigências e permitiu que o soldado retorne de férias para sua casa, antes de receber alta definitiva.
Uma porta-voz da senadora de Nova York disse estar sendo estudado o caso de outros 19 soldados que teriam sofrido um problema semelhante.
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